segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sim, sou eu!

Sussurramos e suplicamos: «Não olhes agora». O truque pode ser manhoso, mas pelo menos revela vontade de não dar nas vistas enquanto apontamos para o personagem principal daquela nossa história. Eles parecem não estar nem aí. À descarada, em grupos de amigos do nosso especial amigo, não disfarçam o exercício de avaliação: rondam, observam, comentam. Comentam, observam, rondam. E com tanta insistência que numa das últimas sextas-feiras fiquei tonta só de os topar de esguelha.

Vai de retro!

Ela foi dando vários sinais de falsidade. Eu fui ignorando. Menos por acreditar numa metamorfose de carácter, e mais por medo de ficar órfã de alguém que mesmo não sendo amigo ocupava, sem preencher, esse precioso espaço social.

Ela era egoísta, invejosa, interesseira. Eu fui ignorando. Ignorei o namoro com aquele que ela sabia ser o meu tal e que ela também sabia estar a castigar-me depois de um desaguisado adolescente. Ignorei as promessas nunca cumpridas dos biscates de Verão, de mim desviados para evitar a concorrência na compra de estilos. Ignorei os programas não partilhados, os romances ocultados, e até hoje não percebo por que raio ela jurou, algures lá atrás, que ficaria em casa a estudar naquele aniversário, mais tarde comentado na escola em forma de festa.

Ela fazia-me mal e carregou de desconfiança os meus passos para as amizades seguintes. Apaguei-a dos meus contactos há muitos anos, logo depois da festa que não haveria mas que aconteceu e para a qual não fui convidada. Ela seguiu o caminho dela, eu segui o meu e não vejo razão alguma para que os nossos caminhos se voltem a cruzar porque em consciência escolhi a distância. Na minha história ela é uma pessoa má, e isso levanta diferenças irreconciliáveis. Por isso, quando recebi um convite para travar amizade facebookiana com ela só me ocorreu benzer-me. Vai de retro!