E assim vivi o tempo de uma primeira boa impressão, que tinha tudo para morrer má à nascença. Seguiram-se dias. Nunca o achei feio nem magro demais, mas indignei-me em silêncio com a falta de tacto dos comentários dele, com os excessos de linguagem e com as psicoses acumuladas.
Seguiram-se semanas. Permiti-me ir além do óbvio e encantei-me, também em silêncio, com a disponibilidade dele, com a amabilidade, com a lealdade e com a frontalidade. Seguiu-se o último mês. Aproximei-me como nunca dele. Trocámos olhares, gestos e palavras de afecto. Seguiu-se a separação. Sofri as preocupações da distância e em duas semanas senti saudades asfixiantes. Seguiu-se o reencontro. Os abraços apertados, os suspiros, os toques atrapalhados, a cumplicidade de sempre. Pelo meio as sugestivas, por vezes explícitas, mensagens por telemóvel.
Segue-se a vida. A minha talvez entre cá e lá. A dele talvez entre a namorada e o filho da namorada. A minha e a dele que, contra todos os ‘ses’, se faz nossa. Por um presente que seja.