quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Observação

Quase ao virar do calendário, volta a dar-se uma ressurreição ao estilo da que me apanhou em Luanda no ano passado. Agora é o meu desembrulho de aniversário que renasce das fitas, como que a integrar-me num balanço (dos bons, claro) da época.

Modernices #7

A minha sobrinha do meio, Leonor de seu principado, pede para falar com a titi, que no caso sou eu, e toca-me o coração pelo telemóvel.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Apontamento com atraso de época

Enchem a boca para se congratularem com a boa decisão de terem despachado as compras de Natal antes do seu mês oficial. Eu, sem querer desvalorizar a sapiência dos que anteciparam a anunciada tempestade consumista da época, lembrei-me de um pequeno pormenor. Será que a maioria dos que nos últimos dias se acotovelaram em direcção às prateleiras de todas as lojas e mais algumas andaram por aí a asnar, ou apenas ocupados a rogar pela chegada do subsídio de Natal? Não sei, mas desconfio que o comum do português médio (chapa ganha, chapa gasta) precisa de um reforço de orçamento antes de tentar encher o sapatinho.

Ainda o amor

Assina assim sobre o tema um dos nomes mais comerciais desta lusitana praça literária:

«Acredito que o amor em si não existe, o que existe são provas de amor».

Eu, que já fui possuída por essa força (excluo daqui os amores não carnais), declaro com o meu conhecimento da causa que percebo, mas ainda assim objecto o exercício de reflexão. Para mim o amor existe. O que pode não existir são as provas de amor.

Amor aos tamanhos

Ah! Um grande amor!

Ah! O meu grande amor!

Leio os suspiros de amor e pergunto-me: poderá alguém suspirar por um amor pequeno? Será que um enamorado pode fazer o elogio de um amor quando o sente pequeno? Ou amor que é amor só se alardeia se for no mínimo grande?

sábado, 25 de dezembro de 2010

No, No, No

Povo da minha aldeia global,

Reincido uma vez mais na minha maior perdição de época e consumo palavras atrás de frases para vos fazer chegar o melhor de todas as festas: a escrita dos dias. Por isso, com ou sem Natal, os meus postais de felicidades renovam-se: não se deixem ficar em branco.

No, No, No :)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Modernices #6

Em poucos cliques comunicamos em tempo real com alguém que está do outro lado do mundo. Em poucos cliques também reservamos um lugar ao sol a milhares de praias daqui. Estamos tão automaticamente mal habituados que é preciso cancelarem voos e fecharem aeroportos para nos voltarmos a lembrar da nossa avançada, porém ainda humana e por isso limitada condição. Sim é lixado ficar em terra quando há um Natal de viagem; sim, desconfio que houvesse maneira de minimizar os efeitos; mas não, não acredito que possamos nem que devamos programar o mundo segundo as nossas egoístas conveniências. Se a chuva, os ventos, os nevões, as tempestades têm a força de nos travar o passo de corrida, só temos é de viver com isso. Viver é o verbo, não correr.

Comprado


Já tinha dado por ele na televisão e numa ou noutra incursão de farmácia. Um dia insistiram em despachá-lo para mim, gesto que comecei por desdenhar porque ele estava longe de ter o charme das outras ofertas. Mas, à falta de melhor, lá acabei por me conformar com a minha ‘rifa’ , e confortar-me na ideia de que mais dia menos dia a necessidade acabaria por me bater à boca. Domingo foi o dia e, dois anos depois da aquisição, tenho a declarar que os meus herpecúleos lábios não querem outra coisa. Um pensinho aqui, outro ali, mais um e mais outro… e a erupção gigante que rebentou no domingo está aqui está a secar.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mé-mé

O que distingue gajos e gajas num primeiro contacto (não sexual, leia-se) com o mesmo sexo? Opção U (de única): elas ainda estão no momento das apresentações e, de um só olhar, daqueles de cima a baixo, não só tiram todas as medidas umas às outras como todas a ilações. E quem nunca o fez (sim, as ex e actuais namoradas deles também contam) que receba daqui a primeira pedra.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Fugas*

Percebo, enquanto um exercício de cidadania responsável, a divulgação de documentos classificados que revelam incongruências, incompetências, perversidades e falsidades de Estado. Não percebo, por entender que não passa de exibicionismo irresponsável, a divulgação de documentos classificados que se limitam a expor influências, desconfianças, rivalidades, e proximidades entre Estados. Porque o direito de não ser enganada pelos poderes públicos (ou por um chefe em gestão danosa), não me deve eximir da obrigação de perceber que há domínios que devem permanecer classificados (assumindo que a origem é legal, não me diz respeito saber de onde veio o dinheiro para o aumento de capital da empresa). Aliás, da mesma forma que num jogo de sedução o nosso poder depende em parte do que sabemos do outro, também num jogo político o poder vem em grande parte do conhecimento dos adversários. Por isso não entendo o bruaá sobre os segredos diplomáticos revelados pelas fugas wiki, da mesma forma que não entendo por que só a informação incriminatória ou condenável vem a público. Terá a wiki uma conveniência privada em esconder algumas cenas?

*a história da prisão é outra conversa

Bons sonhos

Hoje vou dormir lindamente. Duplamente.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Limites da loucura

Aquela musiquinha deprimente a servir de fundo, a frieza das paredes hospitalares, o discurso distorcido por interferências que assumo serem da medicação. Tudo ali pesava-me demasiado para acompanhar a ocasião, por isso estava determinada em pressionar o botão e fazer zapping dali para bem longe. Mas deixei-me estar, e, quando dei por mim já andava perdida em reflexões, embalada por aquela musiquinha deprimente, acomodada naquelas paredes hospitalares e especialista na descodificação dos medicamente assistidos discursos. De repente detenho-me num homem. Pessoa com um passado regrado de aparências e um quarto de hospital entupido de lembranças. Como terá ele ido ali parar? O que fez resvalar uma existência de lucidez socialmente comprovada para uma ruptura com a dimensão de um internamento clinicamente forçado?


A inquietação daquela reportagem, gravada nos corredores do Miguel Bombarda, mais conhecido por Júlio de Matos, voltou-me há dias. Agora já não através da distância de um ecrã mas antes pela proximidade da porta de trabalho. Ele que costumava brincar e confraternizar passou a calar e rezingar. Ele que era tão aberto fechou-se. Notámos, comentámos, perguntámos, confrontámos, preocupamo-nos e, umas semanas depois dos primeiros sinais de estranheza ele desaparece dali para bem longe. Como terá ele ido ali parar? O que fez resvalar aquela existência de lucidez socialmente comprovada para uma ruptura com a dimensão de um internamento clinicamente forçado?

Plágios a post aberto

É leitura minha, ou anda por aí muita gente preguiçosa de pensamentos que, sem qualquer constrangimento de aspas, assina como seus os pensamentos de outra gente?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Modernices #5

Até pode haver quem ligue para fazer conversa. Mas eu, interesseira que só ouvido, cumpro o hábito de ligar apenas quando preciso de uma informação ou de uma resposta a uma reclamação. Então por que raio tenho de levar com aquele débito automático?

Um, dois, três, quatro, cinco……a lista de opções até chegar à hipótese de atendimento humanizado é de tal forma prolongada e exaustiva que, às tantas, sinto que liguei não para resolver o que pode ser uma complicação, não para fazer conversa. Apenas para fazer tempo.

Votos de silêncio


Por vezes apetece explodir e libertar as frases que sufocam. Mas quanto mais experimento as preferências humanas, menos acredito em explosões de pacificação. Por isso, quando por vezes me apetece explodir e libertar as frases que sufocam, prefiro conter-me asfixiada. Por isso, quando por vezes me apetece partilhar verdades que sinto, prefiro censurá-las a revelá-las. Tudo porque a maioria dos mortais que conheço privilegia um consentimento falso a uma discussão verdadeira. Tudo porque mesmo entre amigos comprovadamente amigos a verdade de uma opinião chega demasiadas vezes como um ataque da oposição.

Por isso, apesar de acreditar, com a devida sensibilidade para as sensibilidades, que as opiniões dos amigos comprovadamente amigos nunca deveriam gerar afastamentos, a realidade é que os receios dos distanciamentos falam muitas vezes mais alto e calam a frontalidade. Porque no fundo, no fundo, quando não logo à superfície, sabemos que quando as pessoas não querem ver aquilo que está escandalosamente à vista também não querem ouvir.

Porque no fundo, no fundo, quando não logo à superfície, sabemos que ninguém lida pacificamente com a má crítica, o julgamento e a reprovação. Por isso, quando por vezes não deveria ser condescendente com um amigo comprovadamente amigo acabo por sê-lo e, em vez de o contrariar, muitas vezes opto pelo silêncio. Não como quem consente num erro, mas como alguém que cala porque pressente na frontalidade a chegada da hostilidade. Por isso repito: nem aos amigos comprovadamente amigos (a seu tempo postarei sobre o meu entendimento disto) é-nos permitido dizer tudo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

25 mil euros?! A sério?!

Dou por certa a versão que leio num dos jornais do dia e acho-me boquiaberta. Com que então o Supremo Tribunal de Justiça condenou a SIC a pagar 25 mil euros a uma ex-concorrente do programa Ídolos? Por lhe ter prometido um sucesso que ela nunca alcançou? Estarei a ler mal?
Tudo bem que a miúda diz que começou a deprimir, que esteve um ano incapaz de marrar nos livros, que isto, que aquilo. Mas por maior que seja a minha capacidade de compreensão escapa ao meu entendimento como é que um tribunal responsabiliza a SIC por isto. 25 mil euros porque o CD que a miúda lançou, mesmo sem ter ganho o concurso, foi um fracasso quando supostamente tinha garantias de se transformar num hit?

A sério???!!!!

Se a sentença à americana pega, qualquer dia temos exércitos de trabalhadores a acusarem as empresas de os empurrarem para um abismo de desmotivação por nunca cumprirem a promessa de aumentos. Se a sentença à americana pega, qualquer dia temos universidades condenadas pelo crime de formarem alunos para o desemprego. Como se o sofrimento, as desilusões, as frustrações e as privações da vida devessem ser compensadas nos tribunais.

Incrível

Supera o suportável. É, estranhamente, mais do que isso. As deixas abandonaram o costumeiro registo do inacreditável, os actores parecem ser mesmo actores, e as vidas que ali se representam encaixam mesmo na vida. Daí a pergunta: será que estou mesmo a ver uma novela portuguesa? Ah! Não, espera! Diz que as cenas têm a marca verde e amarela que garante a qualidade de algumas das melhores produções do género. Ah! Aguinaldo! Está explicado.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Já sei!

Ou melhor: já tenho uma explicação. Vale o que vale.

Trinta por uma linha.

Mais forte do que eu

Bem sei que as pessoas não se medem pelos erros ortográficos. Bem sei que eu própria os dou, mais ainda na baralhação dos acordos que comem cês e engolem acentos. Mas quando tenho dúvidas pergunto, vou ao dicionário: há uns quantos aqui mesmo, à mão de clicar, entre espreitares de facebook e teclares de messenger. Quando tenho dúvidas faço trinta por uma linha (já agora gostava de saber de onde vem esta expressão), tudo e tudo e tudo, menos errar para não me dar ao trabalho de acertar. Talvez por ser um bocado, a resvalar para o muito, obcecada pela ortografia, não consigo deixar de ser este tipo de gente: mudo ligeiramente a forma de olhar para uma pessoa consoante a leio. Chego mesmo a ficar desiludida. Do género: «Ah! Tinha tão boa ideia dele! Ah! Ela parecia-me tão letrada.» Bem sei que as pessoas não se medem pelos erros ortográficos e o grande Jorge Amado é disso exemplo, embora os génios não sejam para aqui chamados. Mas, descançado? Esqueçemos? Discução? Despreso? À muito?
Tento na língua, por favor!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Por falar em anuidades...

Acrescento um tópico à discussão: depois de apanhar a fase de alguns remake novelísticos que para mim ficavam-se pelo make Mulheres de Areia, Pecado Capital etc e tal , entro agora na fase dos remake novelísticos que são mesmo Re. Ti-ti-ti?!

O verificador etário

Comecei criança, pela mão paterna, no inesquecível templo betanizado. Eu e eles andávamos separados por uns quase 20 anos. Depois entrei naquela idade famosa pelas interrogações, com a mesma certeza de sempre: eu e eles. Aí ficámos mais perto: entre nós esbatia-se uma década, entretanto consumida até à fase do encontro. Aqui estivemos finalmente ela por ela, qual casalinho perfeito. Agora invertemos os papéis: eu avanço para a idade futebolística de pendurar as chuteiras e eles, ainda que com a ajuda do truque da renovação de plantéis, correm a todo o fôlego. Amadurecer também é isto.

Dúvida



O que nasceu primeiro? A justiça ou a injustiça?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A temperatura desceu, esta morada refrescou-se.

Então é isto?

Percebi há dias que estas coisas arrumam-se numa prateleira muito concorrida onde se pode ler a palavra tablets que, passe o meu simplismo, só me faz lembrar bandeletes ou bandoletes. Na realidade é indiferente porque a grafia vai dar ao mesmo acessório que, tal como estas coisas, nunca fez furor na minha cabecinha. Ainda assim, reconheço que  isto é bonito de se ver.

Modernices #4

Antes sabia de tudo o que era suposto saber por email, por sms, também através de telefonemas e muitas vezes ainda num animado tête-à-tête. Agora as novidades daquela vida chegam-me aos posts, partilhados com um mundo indiferenciado no Facebook.

Atraso de greve

  1. É no mínimo ingénuo desfilar a bandeira do direito à greve pelos corredores do sector privado, porque, por mais que o dito esteja constitucionalmente consagrado, não consegue fazer frente à pressão de um despedimento. E quando há empresas a organizar boleias entre funcionários que não se conhecem apenas para garantir que TODOS têm forma de chegar ao trabalho, está implicitamente a dizer que NINGUÉM tem o direito de recusar uma boleia ou uma condução. Isto, claro, se não quiser perder o lugar nas próximas viagens da empresa.
  2. Se tivesse mesmo, mesmo, mesmo de ir trabalhar, iria. Mas, sendo a quarta-feira um dia que não é carne nem é peixe, não fazia qualquer sentido sair de casa para enfrentar uma desgastante corrida de obstáculos. Primeiro a rodoviária que se calhar andaria, depois a carris que talvez circulasse. Volta daqui e dali, as melhores previsões antecipavam-me cerca de quatro horas de viagens. Por isso, ainda que não tenha feito greve não fui trabalhar.

Dezembro

Chego a este mês e nunca é a Natal que me cheira. Cheira-me sempre a Ano Novo, sinónimo de mais um velho que se esfuma do meu calendário.