segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Linhas cruzadas

Depois da ocorrência telefónica de alguém me ligar, tratar-me pelo primeiro e último nome e juntar à conversa o país de morada e o nome do meu cunhado, chegou a vez da ocorrência telefónica de alguém me 'smsar', tratar-me pelo primeiro nome e perguntar-me por uma Ana que poderia bem ser a Ana do jantar da véspera. E ainda há quem diga que não há coincidências!

A herança

96.….

A minha cabeça deu um nó naquele tracejado.

96.…

Nada de pai nem mãe. Nada de irmãs, nada de ligações de consanguinidade. Apenas a certeza de um 96.

96 qualquer coisa.

A haver recuo ele far-se-ia por ali. Naquele tracejado. Simplesmente porque me paralisou muito mais a ocasião de ter de indicar um contacto em caso de acidente do que a ideia de que, de facto, o acidente poderia acontecer. Na tal sexta-feira 13.

Perversão da ordem

Na boa educação que me fez crescer cedo aprendi que um bom guarda-redes é meia vitória. Agora chegou a época de saber até quando se insiste com uma meia derrota

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conhecer-me é...

…saber que os resultados do Sport Lisboa e Benfica afectam-me, para o bem e para o mal. E ele sabe.

Sexta-feira 13

Nunca me passou pela cabeça fazê-lo. Não por receio, mas pura e simplesmente porque nunca me virei para esse lado. Também nunca o faria a pagar. Não por achar que seria um desperdício, mas pura e simplesmente por nunca o ter considerado na minha lista de consumos. Nunca isto, nunca aquilo, e a mesma certeza de sempre: no meu trabalho o nunca de há pouco pode ser o já de agora. Por isso eu que nunca, nunca, nunca, nunca lá me vi a saltar de pára-quedas numa sexta-feira 13.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Expectativas ao rubro

O homem que me vai receber em Évora na sexta-feira, que é como quem diz depois de amanhã, falou-me assim ao telefone:
«Venha preparada para tudo». 

De andar na rua

Rebentaram-me as águas!

Não as da bolsa amniótica que nos valorizam com filhos, mas as da bolsa sudorífera que nos desvalorizam os perfumes.

Ainda a propósito da tolerância

Uma vez retirado de um dia de resguardo de ar condicionado, e exposto ao forno ambiente da noite, o meu cérebro resolve entrar em contradição. Nisto, contabiliza os minutos que separam a chegada do metro do horário do autocarro que mais me aproxima da porta de casa e conclui que 7 minutos não chegam. Como 7 minutos não chegam e a espera pelo autocarro seguinte leva ainda metade de uma hora, ele lembra-se de me fazer apanhar um outro, que me aproxima igualmente da porta de casa. A alternativa, que me deve fazer avançar mais uma estação de metro antes da saída, poupa 15 minutos do meu tempo e deixa o meu cérebro satisfeito. Mas, no exacto momento em que tenho de seguir viagem o sacana faz-me acreditar que os 7 minutos que não chegam podem esticar. Mas, no exacto momento em que não posso sair porta fora, o sacana faz-me debandar. Ó cérebro, amigo, assim não dá!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um quarto de longevidade

Não fosse a turbulência de uns nove meses de má memória – agravados pela notícia de um injusto despedimento e assombrados por ameaços de um definitivo fechar de portas – e domingo teria sido um dia de festa. Não fosse a ressaca do mau resultado de sábado – que me encerrou dentro de quatro paredes, afastando-me de usar a minha fúria para morder vítimas – e domingo teria sido um dia de festa. Não fossem as ocupações dos dias – que me distraem das datas mais importantes, diluídas no consumo das horas – e domingo teria sido um dia de festa. Como não foi um dia de festa, acabou por ser um dia esquecido, poucos dias depois de eu o ter lembrado como um dia a recordar. Domingo foi dia 8 de Agosto. No domingo cumpri quatro anos de casa. Não houve festa mas pelo menos não me tem faltado animação.

Peço tolerância

Ao segundo dia de atrofia dos meus pensamentos, na maioria derretidos antes sequer de se assumirem no formato de ideias, deixo ao mundo a minha proposta para todas as estações. Ora então vamos a ela: cada país, de acordo com o clima que lhe aquece ou arrefece as tradições, deveria integrar no plano nacional de saúde uma orientação de tolerância colectiva, aplicável perante desacertos de termómetro. Assim, seria decretada a previdente tolerância de cada vez que as temperaturas escalassem ou descessem os valores máximo e mínimo definidos como aceitáveis para a articulação de raciocínios – na avaliação de especialistas sem ligação comprovada às práticas cegas de Lagoa, tipo eu, eu e eu. Assim, de cada vez que os dias de trabalho exigissem ficar condicionados de ar para se salvarem da nulidade – já agora relembro o quanto essa aparelhagem ventiladora sufoca a pura respiração – lá entraríamos nós em tolerância. Tolerância por não conseguirmos andar mais do que um minuto sem suspirar, isto segundo o cronómetro das pessoas resistentes como eu. Tolerância por não conseguirmos adormecer devidamente as noites, isto a pensar nas reclamações que recolhi hoje, porque o meu dormir ecológico continua a embalar-me que é uma maravilha. Tolerância por não conseguirmos falar com a tagarelice desejada, asfixiando os acessos de verborreia que nos são tão característicos (não, não sou a única). Tolerância por não conseguirmos refrescar o corpo, por mais insistentes e gelados que sejam os banhos.


Tolerância.
Simplesmente tolerância.
À minha, à tua, e à nossa preguiça.
Pela saúde de todos.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Blogando

Sempre que me apanho em blogues que se apresentam com as palavras dos outros invade-me uma simples pergunta: pode alguém promover um espaço de escrita que se presume de autor abdicando à partida da própria autoria?

Confissões de rua

Amo de paixão o trabalho lá fora. A oferta de um mundo novo a cada encontro. Detesto a impertinência dos efeitos colaterais. Como os de hoje, que me deixaram grávida de curvas.

Peço justiça

Ele empurrou-me e puxou-me com toda a sua fúria. Como dei luta ele lembrou-se de me atirar pedrinhas. Pedrinhas e outras armas que os meus olhos semicerrados em modo defensivo não conseguiram identificar. Ele agrediu-me, mas como não posso apresentar queixa apenas me queixo. Contra esse impostor do vento, que, criminosamente, tirou a noite de hoje para me soprar correntes de violência. Bandido!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

1,2, 3…interferência

Emite-se o alerta em jeito de SOS, em jeito de quem luta por uma evolução, em jeito de quem recusa o deixa andar. Recebe-se o alerta em jeito de queixume, em jeito de quem vê na crítica um sinal de destruição, em jeito de quem se entrega à resignação. Entre o emissor e o receptor solta-se então o chavão da praxe: «Não sabia que a nossa relação era assim tão frágil». Eu, Suíça nesta comunicação, encerro assim e apenas por mim, uma tantas vezes reeditada discussão: todas as relações são frágeis por definição porque a força delas depende sempre da nossa construção.

Então, vamos a isto!

À falta de uma Benfica TV – que esta empresa insiste em não ser perfeita – e na ausência de uma ordem de soltura – que hoje a noite é de fecho – decidi aproveitar este raro desafogo de escrita – ai, que as três últimas semanas foram arrasadoras – e investir aqui os meus próximos caracteres. Ora então vamos lá.