terça-feira, 29 de junho de 2010

Declaração de honra

Juro, sob compromisso de honra, que tenho feito mais pela vida do que acompanhar a trajectória da Jabulani. Sobretudo por isso continuo sem perceber por que raio está este sítio convertido em bancada de estádio.

Bola ao Post #8

O meu coração sobreviveu a Durban e, a partir do primeiro golo de hoje, portou-se que nem uma máquina das boas. Pena é que as minhas roídas unhas não se possam gabar do mesmo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Bola ao Post #7

Durante os primeiros 45 minutos o meu coração saltou tanto, tanto, mas tanto, que desconfio que neste momento já chegou a Durban.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bola ao Post #6

O atraso destas linhas confirma-me a suspeita de que há vida além do Mundial. Vida, ou, na menor das hipóteses, intervalo, entretanto esgotado para que eu possa escrever isto:


  • Desde domingo que os oitavos já cá cantam.
  • A expulsão do Kaká transportou-me a mente para uma cena de teatro das más.
  • De repente os portugueses que já não eram portugueses voltaram a ser portugueses.
  • Antes de os portugueses que já não eram portugueses voltarem a ser portugueses, decidiram demonizar um nacional português que naturalmente nunca será português. Porque manda o espírito tuga da não responsabilização e crónica desculpabilização que se atribua a outrem todos os males de uma má classificação. Porque, agora que o Deco já não está para tantas curvas, talvez tenha sido um erro naturalizá-lo. Porque, agora que o Deco está mais para lá do futebol do que para cá, talvez seja um perigoso factor de divisão. Porque a tradição da intolerância ainda é o que era.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bola ao Post #5

Ao quarto escrito ‘bolado’ em menos de 24 horas por acção dos golos que escasseiam na África do Sul, assumo o risco de ver esta morada transferir-se para um campo mono temático.

Assumo o risco, mas não resisto a comentar estas imagens. Com que então dizem-me umas quantas que isto é fofinho? Fofinho?! É verdade que os homens querem-se capazes de uma certa comoção e coisa e tal, mas, no cenário desta causa, chorar a ponto de soluçar e fungar parece-me um tanto ou quanto excessivo.

Ainda o mesmo filme

A última crítica que li, de mais uma ilustre cronista e desiludida, confirma a minha pia convicção: gostei do filme porque não pertenço ao séquito de fiéis da série. Porque parece que quem gosta mesmo mesmo da coisa, por aquilo que a coisa é ou tem fama de ser, avalia a coisa pelo guarda-roupa e admira as personagens pelas frivolidades. SIM. Porque não cabe na cabeça dos adeptos da coisa que gente tão sofisticada, como têm a obrigação de ser a Carrie, a Charlotte, a Miranda e a Samantha, tenham momentos de menor sofisticação. Porque, imagino eu, isso é demasiado campónio. E, como se sabe, a coisa mete cidade.

Bola ao Post #4

Olho para o título «Música e Droga» e a primeira leitura que me assalta os neurónios é «Música e Drogba». Sigo então embalada para o texto, mas ao virar das primeiras linhas percebo que, afinal, não há ali qualquer cruzamento futebolístico. E continuo sem perceber a táctica. Afinal, todo o Mundial sabe que o futebol do Didier é um concerto de boas jogadas. Ou não fosse ele um génio dos acordes com bola.

Com o perdão das más palavras

Hoje acordei com o pior dos vernáculos na ponta da língua: FODA-SE, CARALHO! Ainda tenho um jogo de futebol para dormir e estas PUTAS destas obras não se calam?

terça-feira, 15 de junho de 2010

Bola ao Post #3

Declaração:

Da mesma forma que há dias festejei a oportunidade que a lesão do Nani ofereceu ao Amorim, hoje, enquanto assistia ao Portugal-Costa do Marfim, celebrei as jogadas do Coentrão, primeiro, e a entrada do Ruben, depois, como se de golos de tratassem. Porque EU AMO O BENFICA!

Bola ao Post #2

Tremido, contido, a espaços perdido, menos bom ou menos mau, o nosso jogo finalmente chegou. E com ele veio a tentação de comentar os comentários. Eu por cá, não resisto a dois:

- Ó Paulo Catarro, o homem chama-se Robinho. R-O-B-I-N-H-O, percebeste? Então, por favor, não insistas em chamá-lo de Rubinho!!!

- Ó José Manuel Freitas, és o maior. A sério, pá. Essa de colocares o BENFICA em campo em pleno Mundial merece no mínimo uma Luz de aplausos. A sério, pá.

Ao segundo dia...

….de caminhada no regresso a casa, nesta semana de sol que me faz despir as pernas de collants e de leggings, cumpre-me observar: este vento anda impróprio para vestidos. Oh-la-la!

E tudo o vento recuperou

Nunca chegou a ser um sonho de longa duração, mas, volta não volta, sobretudo quando a curiosidade de espreitar acontecimentos e a pressa de chegar falavam mais alto, dava por mim a imaginar-me a bater os bracinhos e voar. Da mesma forma, nunca cheguei a ter uma fobia de longa duração, mas, volta não volta, sobretudo quando o episódio metia assobios e lixo esvoaçante, dava por mim a recear ser arrastada para bem longe sem ter sequer tempo de bater os bracinhos e voar. E como a criança que tenho em mim gosta de fazer das suas, ontem, num regresso a casa contra uma ventania inesperada, as velhas histórias de criancinhas desaparecidas no dissabor do vento voltaram a toldar-me o pensamento. Apenas pelo tempo de uma caminhada, é certo, mas o suficiente para me agarrar ao vestido como quem segura uma bóia de salvação. Quanto mais não seja pelo recato das minhas formas.

Mistura explosiva

A fórmula que se segue vale ouro, ou, melhor escrevendo, vale Gold. E, da mesma forma que não resisto a saboreá-la, também não resisto a esmiuçar-lhe os ingredientes. Feito isto, a pergunta que se impõe é: qual será a necessidade de se juntar ao xarope de glucose e ao xarope de frutose um xarope de glucose e frutose? Querem ver que misturar o primeiro com o segundo não dá o mesmo resultado do que o terceiro?

Leite magro reconstituído+açúcar+gordura vegetal+manteiga de cacau+leite magro em pó+xarope de glucose e frutose+manteiga concentrada+lactose e proteínas lácteas+pasta de cacau+xarope de açúcar caramelizado+xarope de glucose+xarope de frutose+emulsionantes (E442, E471, E476, lecitina de soja)+corantes (E171, E172)+espessantes (E410, E412, E407)+sal+aromatizantes+extracto de baunilha de Madagáscar.




 

sábado, 12 de junho de 2010

Este sim!

Estou apaixonadíssima pela mais recente novidade das novidades deste tecto que me abriga a-real-idade: de tão sedutora conquistou os meus cliques só pelo nome (design, eta coisa chique), e de tão ganhadora ofereceu-me, entre mil e uma opções de cores, fundos e modelos, um campo vibrante de papoilas saltitantes.

Bola ao Post #1


Fiquei de escrever alguma coisa ontem, mas como o dia não esteve futebolisticamente direccionado para os meus lados, resta-me assinalar que, uma jornada depois da estreia, estou a zeros em matéria de Mundial.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Eu e o João...

...o João e eu…

Temos tudo para ser felizes. Além de benfiquista crente e dono e senhor de uma presença que me deixou KO à passagem dele por Luanda, ele desperta-me super poderes. Deste género: ligo-me à internet domiciliária; esbarro numa home page que celebra a fotografia que se apresenta no post abaixo; lembro o quanto achei o miúdo da taça apetitoso quando o vi ao vivo; ocorre-me que é chegado o momento de saber-lhe o nome: acciono a ligação de apresentação do plantel de bicampeões; fixo-me numa lista que exibe os nomes dos jogadores mas omite as fotos; aposto que ele é o João Santos e, por fim, fico impressionada com a minha pontaria. Et voilà! Assim nasceu a LUZidia conclusão de eu e o João temos tudo  para ser felizes.

Até ao berlinde


Sim. É verdade que não acompanho os cestos, os lançamentos livres e menos ainda os descontos de tempo. Mas GLORIOSO é GLORIOSO e, como pessoa fiel à boa educação que me faz torcer pela vitória do BENFICA até mesmo quando jogamos ao berlinde, faço questão de escrevê-lo: BICAMPEÕES, BICAMPEÕES, NÓS SOMOS BICAMPEÕES!

Modo festa

Sigo o basquetebol com a mesma devoção que dedico às insistências de zapping: já topei que não há ali nada que me prenda a audiência, mas não desisto da esperança de ser invadida por uma emoção capaz de repor o meu interesse na acção. Precisamente como esta.

Alerta redondo

Pela frequência e intensidade com que a minha mente tem sido visitada por pensamentos e imagens do rei dos desportos, sinto-me pressionada a rematar que jogarei neste campo alguns posts de inspiração Mundial. Para conferir a partir de amanhã com a estreia da rubrica Bola ao Post.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Serviço público

Mandaram os meus ouvidos – que esta manhã travaram um estrondoso conflito para conseguirem captar o som de um directo ‘sicnoticiado’ da África do Sul – que as minhas mãos tivessem o bom tacto de conduzir o teclado neste sentido.

E também voto neste*


Para um escrutínio íntimo, entenda-se.


*Max Ryan, o melhor de masculino que descobri na sessão de ontem (ainda que o Chris Noth se conserve como o grande achado da coisa)

Voto neste

Sou daquelas que ia vendo. Uns episódios aqui, outros ali, fui apanhando peças soltas das personagens e, mesmo sem a sequência desejada da acção, nunca tive grandes dificuldades para compor o puzzle. Mas, repito, sou daquelas que apenas ia vendo. Uns episódios aqui, outros ali, sem qualquer intenção de me prender a horários e datas de transmissão. Ia vendo. Apenas isso. Mas, mesmo sem praticar o culto que globalmente lhe era dedicado percebo-o na perfeição. Não pelo festival de roupas, sapatos, malas e outros consumíveis femininos, antes pelas tempestades e bonanças de emoções. A alegria, a tristeza, a frustração, a negação, a ilusão, o desespero, a ansiedade…tantos e tantos estados de alma retratados nas típicas agitações do género feminino, que, mesmo com todos os excessos de generalização, parece-me impossível que não se crie um qualquer elo de identificação com a série. Pode ser ténue, pode durar menos do que uma cena, mas, num e noutro momento, num e noutro diálogo, há ali qualquer coisa que fala directamente ao coração mulheril.

Também pode ser da idade, sensibilidade e, talvez de alguma maturidade, mas, desta vez, a comunicação do meu coração com a acção foi mais forte. Talvez por ser daquelas que apenas ia vendo. Uns episódios aqui, outros ali. Talvez por nunca ter acompanhado devotamente a história da Carrie e do Big e, por isso, nunca ter depositado no Sexo e a Cidade filme a esperança de um final feliz para seis temporadas de série. Talvez por não ter o mau hábito de projectar catástrofes sentimentais, como a do casamento que marcou o primeiro filme e, por isso, não ter alimentado para o segundo uma única expectativa de divórcio, separação ou qualquer outra hecatombe passional. Talvez por ter assistido à dupla de filmes livre da influência de saudades de série para matar. Talvez por sentir que há neste Sexo e a Cidade mais de mim e do que quero para mim. Por tudo isso e um pouco mais, contrario, sem réstia de hesitação, a opinião unânime do mulherio que me rodeia: gostei mais do Sexo e a Cidade II do que do I.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O duplo factor C, segundo Cristiano Ronaldo*

A coisa até estava a correr bem. O miúdo pobre da aldeia remota que virou craque milionário do futebol global prendia-me ao ecrã com os seus passes de solidariedade. Ali, entre brincadeiras e risos em recantos hospitalares, emocionei-me ao vê-lo correr pela vitória dos mais novos contra o cancro. Estava eu assim encantadíssima da vida com ele, quando, de repente, o vejo regressar ao seu mundinho mundano do costume. Ora então vamos lá a saber do que uma gaja precisa para chamar a atenção do grande Cristiano Ronaldo…Preparados para a big revelação? Diz que um palminho de cara e um portento de corpo chegam para fazer a festa. A sério, Cristiano? É que a coisa até estava a correr bem...
 
*escrita de inspiração incrível

Achas que sabes dançar?

Atenção que as profissas não são para aqui chamadas. Nem os profissas, que isto é pelouro de exclusividade feminina. Assim sendo, a pergunta dirige-se apenas às bailarinas sem palco, àquelas que por simples prazer dançam as pistas dessas cidades e aldeias povoadas de estabelecimentos de diversão nocturna. Pois bem, minhas companheiras de acção, diz a conversa dos gajos que as meninas bem coordenadas de ritmos prometem os melhores movimentos de cama. Qual é a lógica? Ah, e tal. Diz que é conversa de gajo...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Bom petisco

Bem sei que ainda não vale, mas isso agora não interessa nada. O importante é que um dos meus Gloriosos de assinalar pela Copa marcou dois golos. Vai buscar!

Protesto

Tantas palavras de irmandade, tantas promessas de apoio de parte a parte, tantas e tantas declarações de afecto e simpatia, e agora isto? A canarinha em plena disputa do derradeiro amigável antes do Mundial, e eu aqui sem uma única Sport TV em directo, nem qualquer aditivo informático que me permita assistir ao gingado de bola contra a Tanzânia. Resta-me, por isso, abusar da pressão sobre a tecla F5 para tentar acompanhar as jogadas minuto-a-minuto. Torcedor sofre!

É isso mesmo!



Teddy: Mark Sloan just asked me out.
Arizona: Huh. Cool.
Teddy: No, no, not "cool". Mark Sloan!
Arizona: Exactly. Why not have a little fun? I mean, Mark is like, uh... candy. Eat it and forget about it.

Lembra-me mais um diálogo dos meus, que há momentos que se consomem como doces: por muitos avisos que se emitam sobre o seu excesso de peso sobre o nosso corpo, e por mais que se especule sobre as imperfeições que ajudam a pele a libertar, eles conseguem instigar-nos de tal forma a gula que, quando damos por nós, não resistimos a dar-lhes uma trinca, e mais outra, e mais uma, até devorarmos a tentação por inteiro. Sexta-feira tive um desses momentos. Não pela fun ainda que little. Não para eat it e depois forget about it. Apenas porque tinha de testar com um doce (ainda que não tão apetitoso como o da imagem) a certeza de que tudo o que mais quero neste momento é salgado. Por muito mal que isso me faça ao coração.

domingo, 6 de junho de 2010

Chamem a Polícia!

A minha cabeça está prestes a transformar-me em kamikaze, os meus tímpanos sentem-se prisioneiros de Guantánamo e, como quem não quer a coisa, sinto despertar em mim uma improvável simpatia por aqueles senhores que inspiram tantas e tantas séries policiais. Haverá por aí algum disponível para silenciar o baile lá de cima? A minha liberdade agradece.

sábado, 5 de junho de 2010

Santos por casa


Quatro horas de sono depois de uma aterragem cambaleante na cama (ai, o bacardi), os meus ouvidos despertaram-me para um pesadelo de som que, desde ontem, e sabe-se lá até quando, me atormenta o sossego, já de si demasiado sumido desde que o bate-bate e o fura-fura das obras do apartamento aqui de cima se uniram para atazanar as minhas manhãs. Bem sei que gosto de festa, música e coisa e tal, mas é um pouco demais acordar na frequência de kisombas em versão pimba e de pimbas em ritmo de banda de casório da aldeia. O que se passa com esta terra? Será que Odivelas se transformou em Alfama e ninguém me avisou? Já agora, quem é que se lembra de começar um bailarico às 9 horas de um sábado? Quem?! Mais um bocado e ia para lá brincar aos afters, não?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Surpresa!

Tem muito mais piada assim. Não ameaçar, não anunciar e…zás. Num ajuste de definições, a-real-idade mudou.

Probabilidades

Qual a probabilidade de avistar, em duas saídas seguidas, um dos melhores amigos de um ex-tudo, num bairro sempre alto de cheio? À falta de uma resposta exacta, não consigo deixar de pensar nas mensagens subliminares que se escondem por trás desta coincidência. Será que à terceira é a vez de esbarrar no ex-tudo?

A diferença que um Google faz numa vida

Corri a comprar uma das últimas novidades do mercado, segui as instruções e nada. Nem um tímido movimento. Lembrei-me então do velho truque da casa de uma vida e…abracadabra! Experimentei mais uma solução e nada. Zero de movimentação. Foi assim que, qual dona de casa desesperada, me vi a uma descarga de submergir as minhas devidamente enluvadas mãos num vaso sanitário criticamente entupido. Aliás, confesso que não fosse ter-se dado o milagre do Google e ainda agora estaria pr'aqui a tentar recuperar do nojo, em vez de partilhar a descoberta da esfregona como o melhor método de sempre para desentupir sanitas. Pois é. Garanto que é fácil, é barato e, mesmo sem dar milhões, pelo menos contribui para que os malditos não sejam gastos: mais cêntimo, menos cêntimo, diz quem ouviu de mim a receita que a dica já valeu 100 dólares de poupança em Luanda. 

terça-feira, 1 de junho de 2010

Já agora...

...que estou de volta e em força – e logo em dia de fecho mas sem nada para fechar e portanto apenas com páginas alheias para bisbilhotar e o prosaico da vida para dissecar –, finalmente percebo o que tantas e tantas vezes me tem feito abandonar a escrita pós-laboral. É isso! Faltava-me uma máquina informática completa! Porque isto de passar seis meses a teclar apenas em portáteis é coisa para arruinar qualquer resistência bloguista ao meu diagnóstico de pitosguice aguda.

É tão bom estar de volta às minhas cores!



Mesmo quando o chefe decreta que o feriado de quinta-feira afinal é dia de trabalho, que no final não vai produzir trabalho algum, porque manda o calendário das boas festas que a ‘raparigada’ substitua as dormidas pelas saídas na programação das quartas-feiras. Mesmo assim, é tão bom estar de volta!

O passaporte em 3 momentos e 1 aviso

I. A dúvida razoável

O espanto perseguiu-me por mais de uma vez no meu último embarque. Passaporte em mãos, olho no papel, olho em mim, uma repetição teimosa de movimentos e a expressão da incredulidade: “De certeza que são a mesma pessoa?”. Bom, se até a mim me custa a acreditar que aquela era eu há cinco anos, o que diria daqui a mais cinco anos, data marcada para a renovação da minha imagem de acesso ao espaço aéreo?

II. O roubo

Andei por lá duas vezes. Uma por causa da ‘chica-espertice’ crónica da adolescência (foge-me aqui a lembrança para o chamado passe do pongue’); a outra por força de uma simulação de cunho profissional. Calculo acima de uns dez anos de folga entre as duas experiências, mas guardo de ambas a mesma marca: o pessoal das esquadras tem a mania que possui um talento e tanto para a comédia e um charme e peras para entreter legiões de vítimas. Vai daí é ouvi-los a ‘fazer’ piadas atrás de piadas e a exibir gargalhadas atrás de sorrisos. Vai daí procuro manter deles a mesma salutar distância que mantenho daqueles malucos televisivos. Por isso, em vez de me dirigir à esquadra mais próxima para inventar que o meu passaporte, ainda válido mas já caducado de actualização, foi roubado, preferi seguir logo para o Governo Civil e contar a velha história do documento perdido. Resultado? Aos 60 euros de furto tabelado – perdão, preço – os serviços queriam agravar outros 30 por ter perdido o dito cujo. O quê? Pois. Diz que 30 euros é a diferença entre ser roubada ou apenas despistada. O que vale é que sou uma despistada simpática (tem momentos) e cheia de sangue na guelra para pedinchar. 90 euros? Oh, senhor, tende piedade de mim! E o senhor lá atendeu as minhas preces. Abençoado seja!

III. A modernice

Sem dentes à mostra e com as orelhas à vista. Assim se quer o passageiro aéreo da era electrónica, e assim se afasta esta passageira aérea daquela que deveria ser a imagem da sua renovação. Aliás, já que escrevo sobre isto, assinalo ainda que, nestes tempos de modernice, esta potencial viajante também se afasta da sua assinatura. De tal forma que só ao fim da enésima tentativa de rabiscar o meu nome, me pude rever, ainda que apenas de perfil, na minha identidade caligráfica.

IV. O aviso

Diz o senhor que teve piedade de mim que nisto do passaporte moderno ao fim de duas perdas (ena, que o homem está cheio de fé em mim), acabaram-se os passeios nas nuvens. Até quando? Para sempre, como diria o Pedrito.

Começar de novo

Seis meses de interregno depois, a perspectiva de regresso ao PC meu de todos os dias (desde o já distante Verão de 2006) perturba-me os nervos, mas conserva-me a paz.