terça-feira, 31 de março de 2009

Galo, galinha, pintainho


Não foi a propósito de papoilas que a dúvida me assaltou os neurónios. O cheiro de um almoço, temperado à lembrança de uma bicada de galo na infância, deixou-me intrigada com a família das galináceas. Se a mãe é a galinha, o pai é o galo, os petizes são os pintos ou pintainhos, onde é que entram os frangos (e já agora as frangas)? Podem bem ser os adolescentes da capoeira, mas como é que se define a adolescência galinácea? Pelos ossos? É que a única imagem de frango que me vem à cabeça é aquela que me vem à mesa.

Talvez por isso continue sem ver o que diferencia o frango da galinha ou do galo para além do comer. Mais ainda porque já comparei (e comprei) os dois bichos no talho, e estou em condições de assegurar que o jovem tem o mesmo físico do adulto, seja ele galo ou galinha. Se assim também fosse no reino racional, o único aspecto capaz de diferenciar os homens dos chamados bebés * seria igualmente o único aspecto capaz de aproximar racionais de irracionais. E que aspecto seria esse? Tenho para mim que, tal como no prato, a resposta está num bom trincar das carnes.

*gente bem-parecida, mas cujo BI atira-os para idades entre os 23 (antes disso não há jogo!) e os 27 anos

segunda-feira, 30 de março de 2009

Contas de um novo-velho rosário




Lembro-me bem do ‘bota-abaixismo’ que foi. Fizesse o que fizesse, nos últimos meses de banco lá vinha a falange de ataques questionar-lhe o jeito. Ingratos e mais ingratos, nunca me cansei de dizer. Agora percebo por que razão andei a desperdiçar o meu verbo: o problema sempre esteve naquele tal de sentimento tipicamente lusitano. Afinal, tudo se resumia à saudade que o povo tinha de fazer contas.


Sim, porque isso de apuramentos direitinhos, sem qualquer ponta de desvio já não se aguentava. Daí a crítica gratuita, fosse pela publicidade à Caixa, fosse pelo que fosse. Impensável, portanto, atribuir o devido mérito ao treinador! Até porque, com uma equipa apetrechada do melhor jogador do mundo, seria uma fatalidade falhar qualquer apuramento ou resultado, por mais histórico que fosse.


Resta agora seguir o conselho de um certo engenheiro (daqueles de verdade, que passaram bem longe das Independentes da vida)... e fazer as contas! Eu, que nem tenho nenhum interesse nisto (BRASIU-IU-IU), até dou uma ajudinha para resolverem este grande problema nacional. Basta verem como toda a verdade sobre o que aconteceu no estádio lá de cima – cujo nome a minha devoção não me permite escrever – pode caber num simples abrir e fechar de parêntesis.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Plano poupança-reforma*



Terei lido bem? 18.900 euros?! Por uma noite apenas? 18.900 euros! Digamos que, assim de repente, por uma noite aqui e outra acolá, vejo-me perfeitamente capaz de adormecer os meus princípios. O único problema é que depois das noitadas também me vejo imperfeitamente capaz de recuperar o meu descansado sono. Por isso, antes sequer de pensar em sacrificar a minha moralidade tenho de tratar de esquecer. Não os princípios – porque sem eles transformar-me-ia numa espécie de filme sem argumento, que é como quem diz em algo irreconhecível – mas sim as noites de 18.900 euros.


‘Bastaria’ para isso entregar-me à droga do esquecimento. Dizem os holandeses, gente bem versada nas matérias estupefacientes, que o comprimidinho faz maravilhas pelo apagar das más memórias. Digo eu, gente que nunca teve 18.900 euros nesta vida, que a garantia de uma dose supressora me faria aguentar uma noite de cruzamento com o nobre da foto. Afinal, assegura-me o pessoal da circulação nocturna, que a companhia do duque de Westminster é capaz de engordar a mais anoréctica das reformas.

*cobertura fictícia

terça-feira, 24 de março de 2009

Felicidade de colo

Ontem foi à socapa: com a cumplicidade de uma enfermeira lá consegui ver a mana recém-mamã e a sobrinha recém-nascida. Tive o engenho e a sorte de apanhá-las entre mudanças de piso, já que o dia do parto - aquele em que a família bate recordes de ansiedade - está exclusivamente reservado ao papá.

Incrível, estranho eu. Que é feito dos direitos dos avós e dos tios das criancinhas? E o que dizer da vontade dos pais de partilharem as emoções em alargada família? Então a nossa Leonor nasce poucos minutos depois das 17h e temos de esperar quase 24 horas (visitas só no dia seguinte às 14!) para conhecê-la?

Estava-se mesmo a ver que eu a minha mãe tínhamos de aliar os nossos sensos de justiça para corrigir tamanha injustiça! Ainda por cima sabendo nós que a parte geograficamente distante do nosso núcleo familiar desesperava por notícias fotográficas. «Tiras com o telemóvel e depois mandas por email». Simples demais, não fosse o absurdo impedimento de sequer visualizar o foco da ansiada imagem.

Apesar dos anunciados obstáculos, lá acabei por assumir o compromisso: «Ok», prometi, esperançada em recuperar algum fôlego numa já longa maratona de contactos Marselha-Lisboa, Lisboa-Marselha. «Mesmo que não nos deixem vê-las, de certeza que o Bruno tirou fotografias», convencia-me eu durante o pacto telefónico, num raciocínio típico de quem nunca sofreu as ‘dores’ de parto.

Bem de propósito, aconteceu que na correria dos nervos, o paterno telemóvel com câmara não seguiu o caminho da maternidade. Por isso apressei-me a posicionar o meu Nokia, que - antecipando um eventual fracasso da operação de infiltração na obstetrícia - estava prestes a saltar para as mãos do cunhado. Acabariam, no entanto, por ser os meus dedos a pressionar os primeiros flashes.

«Amanhã bem cedo envio-te as fotos», comprometia-me eu, naquela que pelo anoitecer da hora se adivinhava como a última ligação do dia a França. «Só amanhã? Porque é que não mandas hoje?». De nada me adiantou explicar que o cabo de transferência das imagens, do telemóvel para o computador, estava no trabalho.

«Oooooh! Eu e a Luana estamos aqui ansiosas para conhecer a Leonor!». Tento anular a súplica fraterna, mas depressa derreto-me com a imagem: e se fosse eu naquela situação?«Tudo bem», concordo. «Vou voltar para o trabalho e mando as fotos». Assim fiz, direccionando o meu entusiasmado email para uma nova promessa: «Depois da visita envio mais». Depois já quase foi ontem, a visita soube-me a pouco, mas consegui recolher e enviar mais provas de como a felicidade cabe perfeitamente num colo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

NASCEU!


A Leonor já gritou a sua presença neste mundo. Nasceu com 3,600 quilos e, garante o papá, que teve a coragem de assistir ao parto (BRAVO, BRAVO), que a princesa é a cara da mummy. Estou muito acima de feliz!


Respira, respira!



A pré-mamã pensava que era xixi. Afinal eram aquelas águas, célebres pelo rebentar das esperanças. Diz quem já se molhou, que a Leonor ainda pode esperar até amanhã para nascer. Venha ela!

sábado, 21 de março de 2009

Pela segunda vez...



...abro excepção à regra de não postar ao fim-de-semana.

Primeiro foram os 105 anos, agora é mais um troféu para abrilhantar a nossa história. Momento, por isso, de cantar até enrouquecer:


SLB/ SLB/ SLB/ GLORIOSO SLB/ GLORIOSO SLB


Crónica de jogo: o espectáculo foi fraquinho e feiinho, mas os pêlos faciais do Quique estiveram irrepreensíveis a dar muito mais charme ao jogo. Ai se estiveram!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Descascar ofende?



Está meteorologicamente comprovado que não se trata de alucinação nem de deformação sensorial. Radioso como só ele, o sol tem mesmo andado por aí. É certo que não veio para ficar, mas no início da semana aquecia 28 graus de calor, que, no auge da circulação urbana, chegaram mesmo a escalar o termómetro acima da marca dos 30. Repito: não é alucinação. É mesmo sol.

Daí a minha impaciência para ouvir os indignados da contenção. Para quem não conhece, são uma espécie de grupo de defesa dos padrões das velhas estações. Aquelas dos Agostos garantidamente esquentados e dos Dezembros irremediavelmente arrefecidos. Padrões de tal forma ultrapassados, que acabaram mesmo por desaparecer com as envelhecidas estações.

O problema é que os ofendidinhos de estação não deram por isso. Será por andarem obcecados com as inspecções aos figurinos alheios? É que só pode! Então cabe na cabeça de alguém questionar a sanidade de quem usa sandálias ou prescinde de collants quando as temperaturas rondam os 30 graus? E se estivéssemos no Verão?

Bastavam 25 graus para descobrir os pés e descascar as pernas? Quanto a mim, que não perco tempo a racionalizar temperaturas - a cada um a sua estação! -basta-me ter calor para aliviar o vestuário. Louca me!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Do ventre fraterno


Chegam notícias de peso: a Leonor já tem dois quilos e meio.

Mais se anuncia que, pela matemática da inchadíssima gravidez - que soma agora 36 semanas - a imensamente desejada nova princesa pode nascer a qualquer momento.

Eu, de tão ansiosa que estou para conhecê-la, até já sonhei com as babadas apresentações. Um perfeito mimo!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Diagnóstico rápido




Por muito que me sinta mordida - E SINTO - falar num ataque de raiva parece-me pouco. Pela intensidade dos maus sintomas - que hoje aniquilaram a minha vontade de interagir - o mais certo é ter sido infectada por um vírus perigoso. Do tipo que se propaga por maus contactos e agrava-se sob a influência de incompetências explícitas. É caso para dizer que, no mínimo, ando a sofrer de um surto de cólera.

terça-feira, 17 de março de 2009

Amigos do alheio


Logo na infância, programam-nos para não cair em tentação: «Ai, que isso é muito feio!». Mas como ainda não inventaram um software poderoso a ponto de comandar o hardware humano, volta não volta o povo cai em tentação. «Oops! I dit it again!». Chega mesmo a haver quem se espalhe ao comprido e, com um maior, menor ou nenhum sentimento de culpa, não chega a haver quem esteja livre de reincidir.

Apesar disso, o povo mantém a toada alva-negra, insistindo no clássico duelo do vício contra a virtude. E eu acho mal que assim prevaleça, da mesma forma que acharia bem que cada um assumisse a sua quota parte na sociedade da inveja. Afinal, o que há de errado nisso?

Como quem inveja desde a infância, afianço que de desprezível o meu invejar não tem nada. Pelo contrário, ao invejar a sorte de alguém não só não lhe estou a desejar o mal, como estou a reconhecer-lhe o bem, a ponto de também o desejar para mim. E estou convencida que desejar o bem nunca fez mal a ninguém.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Sol de boa dura


Assinalam-me os adeptos do calendário que ele pode destratar-me a saúde, por andar desajustado da sua invernosa estação. Que tem os dias contados, lembram-me os meteorologistas. E eu, por mais consciente que esteja do impacto das subversões climáticas, não consigo deixar de desfrutar desta tropicalização global. Afinal, baralhado que está com tanta poluição e perversão humana, é óbvio que o tempo já não dá tempo para hesitações de época. Por isso, antes que o sol vá brilhar para um genuíno Verão, permito-me simplesmente aproveitar. De havaianas nos pés, corpo despido para um biquíni, paréo espreguiçado na areia…e a prova de que nestes dias em que o Inverno serve-se quente, nada melhor do que sorver os raios de sol até às últimas efervescências.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Distinção do dia*


É das piores coisas que me podem fazer. Aceitarem-me a proposta, adjudicarem-na como a minha empreitada da semana, pressionarem-me para a recolha dos materiais, e, no final, sem a menor das diligências, activarem a implosão de toda a minha obra. Justamente por ser das piores coisas que me podem fazer, ontem estava com uma neura tal que já não me aguentava. Lembrei-me então do desafio matinal da Paulinha: «Logo vamos beber uma caipirinha ao Bairro?». Eu, que por ossadas do ofício até nem sou de saídas à quinta-feira, comecei por duvidar da minha disponibilidade. «22h? Não sei se estarei despachada».


Não sabia, por conta de uma construção de última hora, mas fiquei a saber que a indigesta e súbita demolição permitia-me rever em alta a minha disponibilidade. Foi então que lancei o isco: «Kitties, acho que hoje ia curtir um Lux. Alguém alinha? Pensem que depois só falta um dia de labuta ;-)». Apesar da delícia de apelo, não sobrou quem aceitasse o meu convite. Desconfio mesmo que, por isso, a neura conseguiu bater-me tão forte. Já a roçar o auge da minha irritação, dei por mim a bufar pela saída de acesso à confraternização das caipirinhas. Acerto o programa de escape para as tais 22 horas, mas vejo a neura agravar-se com o atraso da minha companhia das festas.


«Na! Vou mas é para casa»
, repetia eu, receando comprometer a digestão do jantar num compasso de espera potencialmente aziago. Convencida que estava, só me faltava informar a confraria da minha retirada estratégica. Mas, acabadinha de o fazer, constato que a Paulinha lembrou-se de virar contra mim a provocação que fui fazendo durante o dia - a propósito da falta de adesão ao projecto Lux. Como recusei ser o elo mais fraco, lá acabei por trocar o prenunciado adeus pelo olá.


Olá às caipirinhas deslizadas em conversas com o Edulo, a Lôraça e a Paulinha; e olá também à chegada da dupla dinamizadora da minha night, bem aproveitada entre uma festa recheada de models (e que models!) no Silk e uma electrizante passagem pelo Lux (amanhã vais desfilar no Moda Lisboa?). Contabilizadas as saudações, não restou ponta de neura para desestabilizar as minhas danças, trianguladas até ao amanhecer com as animadas movimentações da já saudada dupla - Catarina e Lena - em boa hora descarregada do site de ligações do Edulo. Mais do que justo, portanto, atribuir ao bebé da kisomba o prémio melhor casting na categoria amigas IN.

*já autenticada via SMS

Agora sou eu!



Assim que lhe pus o olhão gordo em cima percebi logo. Depois, para confirmar a minha intuição, chega-me com as criancinhas sem sombra da Patricia. Agora, finalmente, a Notícias TV vem reconhecer a minha razão. O mister dos meus sonhos foi flagrado em clima de paixão com outra que não aquela que lhe foi reservada em matrimónio.

Já não bastava a oferecida da Alexandra tentar atingir o orgasmo com um abraço esfregado ao homem? Agora tenho de aturar beijos grudados de uma ‘amiga’ que insiste em colorir com ele?

Ó Quique! Sim, tu! Olha para mim e lê-me bem isto: à terceira exijo que acertes na minha vez.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Meu valioso blogue




Aqui ninguém me corta os textos. Também não há quem imponha limitações aos meus ângulos, ou insista em barrar a minha queda para os trocadilhos. Aqui posso libertar os meus devaneios metafóricos, e dar o estilo que quiser às figuras que bem entender.

Aqui a minha escrita não tem caracteres e por isso nunca me descaracteriza. Aqui, jamais os meus ápices de criatividade cederão terreno às inconstâncias da actualidade. Aqui, a minha escrita é a expressão mais fiel do meu carácter: respira desligada de preços, concentrando-se ‘apenas’ no meu apreço à composição.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Trocadilho do dia*

Miguel Veloso = Despenteado mental


Digo eu, que não sou de intrigas, que o rapaz abusou da sorte. Então não se estava mesmo a ver que, com o encarnado Benfica do António a correr-lhe nas veias, os elevados índices de exposição ao verde WC acabariam por causar sérios distúrbios?

*ecoado das lagarteiras (buraco onde se escondem os lagartos)

Lembrança activada por um certo apalpão



Ali era tudo em big. Extra-large mesmo. Edifícios, estradas, carros… Hollywood à vista da janela do plenamente estrelado quarto de hotel; o Kodak Theatre ainda antes de virar a esquina; as estrelas dos famosos a assinalarem-me o percurso dos passos; as voltas por Santa Monica; os sets das mais famosas gravações em série; os mundos rosa de Melrose Place e Beverly Hills; os Starbucks como cogumelos…

Tudo tão estonteantemente DAZZLING, que, num certo cruzamento, estive a um carro de perder o controlo dos meus sentidos. Eu, que até ali apenas via nele mais um personagem deslavado da indústria MTV(lev)iana, mumifiquei só de sentir aquele olhar automaticamente reflectido na minha abdução.

Completamente hipnotizada, enquanto esperava pela abertura de um sinal que acabava de fechar, descubro naquele cruzamento – alcançado à sorte de alguns desvios de camone – o poder do tão famoso X-FACTOR. O tal elemento inadjectivável que congrega tudo de bom e mais alguma coisa.

Fixada nele – enquanto ele olhava para mim como quem estranha a ausência de habituais histerismos de idolatria –, senti-me atravessada por um oceano ocular de tamanha profundidade que saí de LA absolutamente love stoned.

terça-feira, 10 de março de 2009

Vista orgástica

Admito! Sinto falta das escapadinhas para o hambúrguer de praia assim que arranca o meu striptease de época. Mas como a ingratidão nunca foi o meu forte, cumpre-me dar vivas (VIVA, VIVA e mais VIVA) ao distender de miradouros e de esplanadas que me elevam à tribuna VIP do Tejo.

É certo que já não tenho o ondular do mar à distância das melhores boleias laborais de sempre, mas não perco uma maré para embarcar nos pequenos grandes prazeres da Baixa. O de hoje, chegou-me à distância de 10 minutos de peregrinação soalheira: bastou-me atravessar a rua, descer outra, percorrer uma ligeira inclinação de calçada, cortar à esquerda e subir uns três lanços de escada para atingir um orgasmo de perder de vista.

Agora é o facebook



Quer dizer, agora, agora, não é. Afinal, há mais de um ano que ouço falar das vantagens desta ‘grande aldeia’ sobre a sua congénere hi5. Acontece que só agora o tuga acordou para as potencialidades do facebook, até aposto que iluminado pela ascensão do meu querido Presidente.

E como agora é in ter um perfil no facebook, venham daí os perfilados. Ele é o político que se coloca muito à frente, ela é a carinha laroca descentralizada das revistas cor-de-rosa, ele é o pseudo-actor que esbanja popularidade, eles são uns não sei quantos em busca de não sei o quê.

Aliciam-me a espreitar, convidam-me à inscrição e, como não desarmo do NÃO, passam da defesa ao ataque. Então dizem-me que aquilo é uma animação (imagino o quanto as parties virtuais devem superar o excitex das minhas parties reais); avisam-me que ando a perder coisas (poses, legendas, poses, legendas); e propagandeiam a facilidade de localização (e viva o GPS) de grandes amigos por essa vida fora extraviados.

E eu insisto na minha. Mas por mais que exponha a minha incompatibilidade genética com o virtual, há quem persista em não entender. Vai daí desatam a discutir comigo o sexo dos anjos, e vai daí vejo-me perdida num carnaval típico da escola Fátima Campos Ferreira.

Que mais querem que diga? Do que eu gosto mesmo é de apalpar os meus amigos e, já agora, de ser apalpada por amigos que desfilem o bom cenário do Justin da foto. Bem sei que o hi5 e o facebook não me impedem de apalpar nem de ser apalpada, mas não vejo no que poderão favorecer o meu bom gosto. Mais ainda se tivermos em conta que fã que é fã de apalpão não se compraz de apalpões virtualmente aproximados. Fã que é fã exige um apalpão integralmente de verdade, que é como quem diz carnalmente esgalhado.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Declaração de interesse



Se ter interesse é bom, ser capaz de declará-lo consegue ser ainda melhor. Mas perfeito, perfeito é aliar o interesse à descoberta de alguém com interesse. Não no sentido do interesse recíproco (alguém com interesse em nós), mas sim na lógica que define o genuíno interesse (alguém com interesse para nós). Perfeito, perfeito é, portanto, ter interesse declarado por quem seja interessante. Mas não numa qualquer interpretação libidinosa de preceitos.

E daqui emergem os conflitos de interesse. Para começar, o conhecimento do interesse nem sempre evolui para o reconhecimento do interesse. Depois, mesmo que o conhecimento evolua para o reconhecimento, muitas vezes o risco de não suscitar interesse consegue sobrepor-se à intenção de declará-lo.

Finalmente, para fazer oscilar ainda mais a bolsa dos interesses, as acções que permitem a nossa valorização no encontro de alguém com interesse, no sentido de ser interessante, perdem cada vez mais terreno para acções que apenas acumulam contactos de interesse duvidoso, no sentido de se revelarem desinteressantes.

Seja pelas conversas exploratórias que se desvalorizam em benefício (prejudicial) de instantâneas comunicações; seja pelo recorrente apressar dos físicos sobre as mentes; ou seja pelo persistente arredar de afinidades, cumplicidades e amizades, vez e vez distanciados por superficiais intimidades.

Neste tempo do agora, em que os interesses se confundem com vontades, ter interesse é bom, mas ter (ou criar) oportunidade para reconhecê-lo quase que chega a ser um milagre. O que dizer então da descoberta de gente interessante? Uma verdadeira bênção digna da idade das caravelas. Por isso, de cada vez que me sinto abençoada faço questão de o declarar. Tal como faço questão de o fazer despojada de quaisquer outros interesses.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Era uma vez...



…um diálogo de subconsciente


Pergunta: Número de BI?

Resposta: 1-2-dance….


Necessidade de interrupção: Miga, concentra-te! Dance não é um número.

Next!


Pergunta: Nome de rua?

Resposta: Amado.


Esforço de clarificação: Rua Amado?


Resposta: Jorge Amado

Reforço de elucidação: Onde? Na Ramada?

(Qual quê!)

Resposta: Na Bahia.

Devo intuir pela amostra que ando desencontrada do meu destino? Confesso que vontade de me dedicar à dança e de voar para a Bahia é coisa que nunca me falta!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Da cidade à serra - Parte II




Já que à dúzia sai mais barato, seguem as 12 passadas que marcaram o ritmo de dois dias pela neve.

On the road
À sorte de quarto por quarto, divididas por um par de quatro rodas, seguimos as centenas de quilómetros que distanciam Lisboa da Covilhã. Nos porta-bagagens, denunciando o termómetro de um destino há muito programado, mantas e agasalhos estrangulavam o espaço com sacos cama, colchões e mantimentos, bem reveladores da economia das nossas idas e vindas. Já noite cerrada, circulavam pelos assentos histórias de uma inconsciência de Carnaval, enquanto um lapso de abastecimento ameaçava apear as nossas expectativas de chegada.

Bôite rima com noite?
Quebrada a dormência dos dias úteis, avistámos o parque de campismo do nosso aconchego, mas não sem antes nos deixarmos enganar pelas curvas ou contagiar pelo cenário de terror adensado pelo caminho. À chegada, pouco depois das 2 da manhã, a pergunta da praxe - «A esta hora onde é que podemos beber um copo?» - encontra uma indicação no mínimo prometedora: «Bôite companhia». Ficou para a próxima.

8 para 4
60 euros por noite e nem mais um cêntimo. Mesmo sabendo que íamos oito para um bungalow de quatro - devidamente apetrechado com os nossos colchões, mantas e sacos cama - o pessoal lá do camping não entendeu por bem inflacionar a factura. Afinal, que culpa tínhamos nós de não haver outro bungalow disponível? Feitas as contas, o alojamento de fim-de-semana gastou 15 euros de cada bolso.

À descoberta
Vestígios de um branco nevado pelo caminho. Paragem para uma sessão fotográfica nas proximidades de um lago. Graças pelos raios de sol que nos aqueceram a travessia. Na subida para a Torre, capital das tropelias na Serra da Estrela, os olhares contemplativos cruzavam-se com os pulsares de ansiedade pelas maratonas de paródia que espreitavam lá do alto. De tão puro, comentava-se que o ar nos sustinha a respiração.

Chamem a polícia
Uau! Vale mesmo a pena suspirar, porque nunca uma rotunda esteve tão bem sinalizada. Têm a certeza que são da GNR? É que nem precisavam de nos mandar parar. Qualquer gaja que levasse o radar de boa masculinidade ligado estava obrigada a travar a marcha. Agora imagine-se 8 gajas! E como os carros ficaram a uns 15 minutos de subida andante para a Torre, nem foi preciso inventar um pretexto para o regresso à rotunda. Ai, o morenaço! Demasiado irresistível para deixar escapar a oportunidade criada por uma ‘inocente’ interpelação do menos morenaço: «Quando estivermos em perigo enviamo-vos um SOS», acautelava eu, abrindo caminho, dois passos adiante, a um pedido de socorro devidamente sonorizado pela Paulinha.

Snowfashion
Avistei o palco e pensei: vamos ver uns modelitos jeitosos para a neve. Pus-me então a imaginar um e outro vestidinho fashion, embora consciente de que nem a mais estilosa das colecções me conseguiria fidelizar à neve. E porque a visita não era de modas, depressa avancei para íngremes deslizamentos, interrompidos por uma pausa para chocolate quente. Nisto, avistei de novo o palco e arrepiei-me toda! Eu, que até sou acusada de ter o meu termóstato sempre acima do ambiente, não consegui que o raio do desfile me aquecesse os sentidos. Corpos despidos definitivamente não combinam com 2 graus de gelo.

Quem caiu mais?
Eu caí, tu caíste, ela caiu, nós caímos…Em dois dias de esquis e escorregadelas, não houve quem não tivesse conjugado o verbo da queda. De tal forma que a doncella Carina decretou logo um período de balda ao ginásio.

Gente daquela terra
Esquecemo-nos do sal! Demos pela falta acabadinhas de chegar do supermercado, mas estava fora de questão fazer marcha-atrás. Lembramo-nos então do armário de bens essenciais, desordeiramente comercializado pelo cafezinho lá do sítio. Pensávamos nós que o papel central do sal na cozinha constituía garantia de venda. Mas não! Lulas enlatadas sim. Podíamos comprar. Agora sal? Nem vê-lo… Não fosse a generosa oferta de uma nativa, e nem o melhor tempero da chef safaria o nosso jantar.

Bancada de pedra
A boa nova chegou-nos logo pela manhã: «Podemos ver o jogo aqui mesmo no Parque». Perfeito! Depois de uma tarde de exploração serrana, desbravar a noite covilhanense em busca de uma cómoda Sport TV tinha tudo para assumir os contornos dramáticos do cansaço. Mas, como ficámos pelo camping, em vez de uma tragédia acabámos por viver uma comédia à antiga. Durou apenas os primeiros 45 minutos de clássico, mas valeu bem mais do que o paupérrimo futebol jogado nas quatro linhas. Afinal, não é todos os dias que se assiste à bola na companhia de um megafone humano. Ele era o árbitro que nada assinalava a favor da sua malta do WC da 2.ª circular; ele era um aniversariante de 86 anos rotulado de ‘Ó da Pide’; ele era a mulher destratada porque ousou pedir-lhe um minuto de silêncio; ele era tudo e todos na mira do seu estado de nervos. Qual cromo da bola resgatado do passado das bancadas de pedra, foi o Sr. Fernando quem proporcionou o melhor espectáculo da noite de sábado.

Ataque de fome
Deu-nos para rir. A mim, à Pipa, à Paulinha e à Vera. Enquanto o estômago desesperava por mais uma das sempre reconfortantes refeições da Doncella chef (abençoada Borja), um ataque de riso compulsivo sacudia vários corpos. Numa avalancha de piadas, provocações, e tiroteios fictícios recuperados da infância, aparvalhámos tanto, mas tanto, que não faltou sequer o típico lacrimejar de escárnio.

Quantos são?
30. Perceberam bem. São TRINTA! Este é o ano em que a galera de 79 (eu incluída) despede-se dos ‘intes’ para se estrear nos ‘intas’. No domingo, a vez foi da Cátia e o momento exigiu um bolo-surpresa. Muitos anos de vida!

Aparições
Primeiro, logo no Parque, chegou o André Silva. Afixado num cartaz altamente pimba, ostentava uma sugestiva apresentação: ‘o rapaz do espeta o pau’. Parei para rir enquanto imaginei o pau que o rapaz teria para espetar. Depois, já no topo da Serra, reconheço num tipo cheio de pinta os bons ares de um dos manos Guedes. O problema é que na minha geografia financeira, o tipo nunca poderia ser um dos gémos fashion da Tuga. «Pois, pois! Eles são mais estâncias de esqui além-fronteiras», pensava eu. Puro engano! E não é que o Ricardo Guedes seria um dos manequins responsáveis pelos meus calafrios? E como não poderia haver duas sem três, a terceira grande aparição do fim-de-semana rendeu uma queda aparatosa da Doncella esquiadora. Mas tudo por uma boa causa: «Vi o homem da minha vida», apregoava a Sónia já no regresso, ainda mal refeita das emoções.

terça-feira, 3 de março de 2009

Da cidade à serra - Parte I



Na segunda-feira houve apagão em Torres. A terça exigiu-me cuidados esforçados para recuperar a luz. Quarta-feira foi dia de congestionamento à saída do feriado, e na quinta cumpri mais um fecho aglutinador. Finalmente, quando cheguei à sexta-feira vi-me esmagada pelo peso de uma semana trituradora. Por isso não me apetecia mesmo nada fazer-me à estrada.

Nem sequer conseguia pensar em despachar a trouxa e enfiar-me num clima hostil à minha natureza tropical. Não me apetecia mesmo nada, mas lá acabei por contornar os obstáculos do meu cansaço e tomar o bom rumo de uma Serra nevada que tem o nome de Estrela. No final, juntei à já habitual garantia de satisfação dos retiros das Doncellas vários selos de qualidade. A exibir dentro de momentos.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ai, ai, ai...



Rio e vejo os meus destreinados abdominais fluírem de dor. Recosto-me e sinto o dorso travar-me a destreza de movimentos. Não adianta! Faça o que fizer, hoje o meu corpo reage como se tivesse sido agredido. Praticamente espancado!

É certo que os sintomas do sobe e desce na Serra já ontem davam o ar da minha desgraça, mas em momento algum me prepararam para as formas sofridas que assumem agora. Até parece que continuo enredada entre os solavancos de sinuosas descidas e a dureza de um endiabrado trenó!

Mas, à cautela, é melhor deixar essas manobras para um próximo post...