terça-feira, 30 de dezembro de 2008

12 passos a caminho do melhor 2009 de sempre


Janeiro
Deixa-te de socratinices. Está mais do que provado que o povo estica-se nas intenções da ‘virada’. Ilusões, desilusões, planos, frustrações… Que tal começares o ano com boas realizações? Do tipo: comprares o bilhete para o Benfica-Braga. Ah! E não te esqueças de assistir em directo à tomada de posse do meu querido Presidente (dia 20).
Get involved!

Fevereiro
Combate o mercantilismo do dia 14 comemorando o dia 28 de Fevereiro de 1904. Não sabes porquê? Isso pode explicar algumas mazelas da tua vida…
Make history!

Março
Passarinhos a bailar? Árvores e flores a dar a dar? Ou mais uma Primavera trocada pelas alterações climáticas?
Don’t waste our planet!

Abril
Primeiro trimestre do ano cumprido, aquela ligeira pressão para balanços preliminares… mas preliminar é bom, não?
Take your time!

Maio
Advertência exclusiva para as gajas da minha vida: fujam dos touros. Mas se porventura eles conseguirem ser mais rápidos do que a vossa mais veloz corrida (temo que o consigam…) deixem-se apanhar com estilo. Que é como quem diz: sem o peso daqueles adornos pontiagudos.
Be smart!

Junho
Por muito apanhado que o clima esteja, este é o momento de cobrares as ‘poupanças’ que começaste a fazer em Março! Decreta então (contra qualquer vento de alteração climática) o início do Verão, o começo dos banhos de mar, o vendaval das sandochas temperadas com areia, o romance das noites pouco vestidas…
Enjoy!

Julho
Muito importante dares-me os parabéns. Muito importante mesmo. Tão importante que deste infinitamente acertado gesto vai depender o rumo do teu restante 2009.
Staying alive!

Agosto
Como não fazer coisas silly na silly season? Tipo insistir em escapadinhas a Sul, quando no Sul não há buraco que escape à invasão do camone cor de bife? Não há como evitar? Então, que as coisas silly que faças sejam especialmente silly..simplesmente por serem tuas.
Be yourself!

Setembro
Depois da silly vem…a época da rentrée. Reentrar no quê? Na escola? No trabalho? Antes que a confusão se instale, escolhe o que queres fazer da tua reentrada.
Drawn your world!

Outubro
Oops! Com o clima de romance ‘junino’ (do dicionário verde-amarelo) há quem tenha deixado fugir a votação para as Europeias… Vá! Corrige a má imagem do absentismo de época e faz o favor de ir às urnas. Diz o calendário eleitoral que Outubro é de Legislativas, seguidas ou intercaladas de Autárquicas (alguém já percebeu?).
Stand up for your rights!

Novembro
A viagem à Bahia de todas as alegrias, o shop-shop nova-iorquino, o bate-perna no eixo London-Paris…Que os embates da crise (vamos acreditar que nesta fase o pior já era), e alguns cortes temporários de energia (ninguém está livre de perder o gás), não afrouxem a tua capacidade de voar.

Impossible is nothing!

Dezembro
Chegaste até aqui? Vê-se bem que cumpriste a recomendação de Julho. Por isso, é mais do que justo recompensar-te pelo bom acerto.
Congratulations, you’re a survivor!


N.A. (Nota de autor): Os pontos de exclamação servem apenas para elevar a média da minha pontuação.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Flash






Insinuante, por vezes perturbador. Também hipnotizante, chega a ser dominador. Descubro-o de soslaio por incertas esquinas visuais e resisto o tempo de uns bem conjugados verbos. Como insiste em colocar-me sob um foco, encontro-me nele enquanto me vejo perdida na sua profundidade. Entrego-me aos silêncios e sinto-os encaixarem na medida exacta do intervalo das palavras. Vejo verdades, estranho cumplicidades mas não enjeito intimidades. Descomprometidamente pergunto-me: se uma imagem vale por mil palavras, quanto vale um bom olhar?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Stress de época




Repetem-me que ainda é cedo para perceber. Dizem-me que só lá mais para a frente encontrarei o meu sentido, algures no cruzamento dos meus caminhos com os troços da maternidade e da conjugalidade. Até lá, confessam invejar-me a sorte e vivamente recomendam-me que vá gozando…



...o Natal sem marido, a consoada sem filhos…as conversas esvaziadas de familiares com quem não se está familiarizado. Num festival de ruído falado, questionam a minha natureza terrestre e situam-me num planeta desconhecido, onde não existe preocupação com o figurino de Natal.



Insisto. Sim, é verdade. Na minha família a única preocupação de Natal é estarmos juntos. Não por não o estarmos durante o resto do ano, mas por fazermos questão de celebrar o Natal. Sem cerimónias, e sempre com o descomplicómetro ligado.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

Casual




Estava para ser na segunda-feira, mas passou para terça. Éramos quatro visitas, passámos a duas. Íamos ao final da tarde, antecipámos para a hora de almoço. Absolutamente nada corria como planeado. Quando finalmente chegámos às ‘artérias’ do nosso destino - depois da compra extravagante de uma caixa de bombons por 15€ -, deparamo-nos com um tal carrossel de manobras que ficámos a léguas do ponto de encontro. Primeiro a subir, depois a descer, demos aos passos o rumo das indicações que nos iam assinalando.


Já desconfiadas de tanto andar, avistámos o bem parecido edifício que nos servia de referência. O ‘nosso’ prédio ficava do outro lado da rua . Tocámos a campainha no sítio errado (modernices de prédios à Lapa), entrámos no sítio certo, e acabámos por ficar mais do que o previsto. Conversa vai, conversa vem, a hora de almoço passava das 15h30. Lembra-se o trabalho, que a visita era à casa da chefe, e apressam-se despedidas.



Ainda a ganhar forças para a longa caminhada de regresso às quatro rodas, vemos abrir o portão do bem parecido edifício. Do outro lado, topa-se um daqueles carros que só combinam com motorista. Seguimos a nossa marcha, até que o pendura decide perguntar para onde vamos. «Para o carro», respondo eu, enquanto tento perceber de onde conheço aquela cara. A cara insiste: «Onde é que têm o carro?». Como tínhamos «lá ao fundo», sem maiores indicações, o pendura despede-se. «Até à próxima».



Íamos nós a comentar o insólito e a tentar perceber que político estaria naquele carro, quando o carro reaparece do nada. «O homem tá doido! Foi dar a volta à embaixada para voltar a apanhar-nos!». Assumidamente ousado, mais ainda pela fartura dos seus cabelos grisalhos, o homem lá se saiu com uns galanteios, bem recebidos entre agradecimentos e sorrisos de estupefacção. Nós a pé, ele de carro, acabámos por parar o trânsito para trocar números de telemóvel. Será por acaso?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Salto e Cunha



Entrei sobretudo pelo prazer. Despida de pretensões românticas, pós-licenciatura estraçalhadas, segui a minha velha paixão. Alheia às vozes que me tentavam barrar o que dizia o coração, prossegui de peito aberto, sem, contudo, deixar-me cegar por pretensas vocações. Por muito certa que estivesse do muito que havia para dar certo, tinha de me preparar para o que pudesse dar errado.



Imaginava eu, nesse longínquo 2002, que o único dos meus pesadelos seria não encontrar alguém que me reconhecesse valor. Constato eu, neste presente 2008, que igualmente, ou ainda mais aflitivo, é encontrar quem nos atribua valor, sem que daí resulte um real reconhecimento desse valor. Constato eu que, à falta de uma cunha ou de uma ascensão de propriedade horizontal, só mesmo algum mérito para me conservar na corrida deste campeonato, embora nem todo o mérito do mundo me valha o acesso à Liga milionária.


É então que revejo boa parte da classe num recém-divulgado estudo do ISCTE. O trabalho, assinado por José Rebelo, conclui que «a cunha é a forma de acesso mais frequente à profissão de jornalista». Olho para os lados e vejo a tese ultrapassar-me a prática: tantas vezes rodeada de meros ‘encarteirados’, tenho dificuldade em escrutinar-lhes simples competências ou elementares aptidões. Muitos, nem sequer se dão ao trabalho de completar o primeiro dos trabalhos diários, que passa por ver o que se pode ver nos jornais. É então que não me revejo no circuito de uma profissão, a saltos-cunha espezinhada.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Mais gente sem perspectiva





Bem sei que o tipo gosta de atrito. Que é sinistro e que adora contrariar. Bem sei que o tipo é arrogante. Que se acha mais especial que o próprio special one e que só sabe desconversar.
Mas por maior que seja o meu conhecimento sobre o pior do tipo, o tipo acaba sempre por superar as suas próprias marcas de putrefacção. A mais recente, surgida a pretexto da eleição de terça-feira, acentuou-lhe os preconceitos, o ressaibo e a incapacidade de ouvir e de ver o que o rodeia.


Qual autista do século, senão mesmo do milénio, o tipo - que para meu calvário até já foi meu chefe - optou por destacar o mau legado de um George Bush em vez de reconhecer o bom presságio que a escolha de Barack Obama introduz. Qual fascista repugnante, o tipo - que para meu gáudio deixou de ser meu chefe - preferiu descontar do crédito mundialmente atribuído a Obama (ou a qualquer recém-eleito) as já longas quedas bolsitas, ou a já habitual estratégia russa de exibição de força. Faltou atribuir a Obama as culpas do aquecimento global, e de tantas outras maleitas da Humanidade.


Afinal, observa o tipo, Obama foi eleito e o mundo continua assoberbado de problemas. Pior do que estar sentada de frente para o tipo, é saber que há quem lhe pague para escrever barbaridades, assinando a vergonha de uma edição historicamente manchada.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Inspirador




Ouvia e chorava, chorava e ouvia. Entre lágrimas, assaltaram-me à memória os horrores da escravatura e o silenciar violento de lendários activistas civis. Sem nunca me desligar daquele discurso arrebatador, ia ouvindo e chorando. Entre lágrimas, reafirmei a convicção de que o mundo está melhor simplesmente pelo facto de Obama ter sido eleito o 44.º Presidente dos Estados Unidos da América. E só quem nunca sentiu na pele a diferença pode duvidar da importância excepcional deste momento. Yes We Can!

A minha família americana


Obama family: Michelle, Sasha, Malia & Barack

TUDO ISTO É HISTÓRIA


Ainda nem ouvi o discurso de vitória, e as emoções já me escorreram pelo rosto.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Estar de esperanças




Ignoro a origem da expressão 'estar de esperanças', mas conheço o seu significado. Sei por isso que, à letra da definição, não estando eu grávida não posso 'estar de esperanças'. Mas a verdade é que estou. Há mais de nove meses que 'estou de esperanças' de algo melhor, e há mais de nove meses que deposito essas esperanças em Barack Obama. Assim é desde o primeiro momento em que o ouvi discursar, num dos inúmeros vídeos que me custaram madrugadas de sono no youtube, e depressa me arquivaram enviesadas leituras preparatórias. 'Estou de esperanças' quanto mais não seja porque finalmente encontrei a minha 'cara-política'. Alguém capaz de me fazer acreditar nas suas palavras e de, assim, restaurar a minha esperança numa verdadeira mudança.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Confissões de adolescente




Acabei por rasgar um deles, furiosa com a invasão de privacidade da minha irmã, à época também parceira de quarto. Como sequela, deixei de escrever por uns tempos, mas não aguentei muitas linhas sem a terapia da prosa. Foi então que parti para outros dois, deixando a ambos inacabados e nem por isso incompletos. Num registo que, pela sua dilatada frequência, nunca se aproximou de um diário, fui narrando para o papel as histórias de uma adolescência tantas vezes indefinida. Umas vezes por um único amor torrencial, outras pelas amizades nebulosas, outras ainda pelas tempestades familiares. Fico-me por alguns excertos de 1995 e 1996, lidos no meu último fim-de-semana, prolongado à medida de um fecho antecipado.


Apetece-me fazer algo diferente, algo que me dê ainda mais prazer do que ver o Benfica ganhar.


Hoje fiz a minha primeira prova global. Tanto se falou nas famosas globais, mas pelo que vi não me parecem assim tão monstruosas.


Um repugnante acontecimento marcou a madrugada de 10 de Junho no Bairro Alto. Um grupo de 50 jovens, denominados skinheads, invadiu as ruas do já citado bairro com o intuito de agredir todas as pessoas que fossem encontrando, desde que tivessem um tom de pele diferente do deles.


O Artur Jorge já foi dispensado. Graças a Deus!


Outra vez o Emanuel...


Férias! Yupi!


Já sou uma trabalhadora. Isso de distribuir publicidade tem muito que se lhe diga!


Perdi o 1.º jogo do Campeonato. Não tinha companhia e faltavam-me 200$ para o bilhete.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Felicidade




A cabeça acenava-me de um lado que eu não conseguia localizar. Ainda mais imperceptíveis, as pernas e os braços esgueiravam-se da minha esforçada vista. Completamente perdida, socorri-me de uma legenda materna para decifrar aquela imagem, que o pai, orgulhosamente, ia chamando de foto.




Ainda assim nada! Constatando que as minhas emoções não estavam minimamente sintonizadas com aquele pedaço de papel, dei-lhes ordem de soltura e comovi-me. Não com a ecografia que não consegui interpretar, mas com os sentimentos que fico grata por ser capaz de experimentar.



Admirando o brilho nos olhos dos pais, acompanhando a evolução harmoniosa do seu discurso, e, deslumbrando-me com as boas energias que os ligam, sinto-me cada vez mais agraciada. Pela mãe, que é minha irmã; e pelo pai, que é meu cunhado. Também por mim, que vou ganhar outro sobrinho; por toda a família, que naturalmente se quer alargada, e ainda por esta tamanha felicidade, que tudo valoriza e tudo transcende.


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

W(ONDERFUL) Nights





Desgraça-me o sono mas faz-me falta. Faz-me falta aquela frequência que me regenera a segunda metade da semana, e me amortece os trabalhos forçados das quintas-feiras. Saio dali meio torta mas faz-me falta. Faz-me falta aquela batida de Géninho, capaz de agitar para longe da pista qualquer cansaço do corpo e da alma.



De tanta falta que me faz, no final dos primeiros sete dias de abstinência, sinto-me padecer de uma espécie de atrofia muscular-cerebral. Numa fase mais crónica da ressaca, chego mesmo a alucinar numa montanha-russa de solavancos, atordoados entre estados de irritação e de inquietação. É então que me auto-medico e deito o pé ao meu único desporto além-bancada: a abertura e o encerramento de pistas.




Num animado duatlo de dança, exploro nas quartas-feiras a melhor terapêutica alguma vez descoberta. Fiel à energia que alimenta o meu código genético, rendo-me à evidência de que, apesar da crise de bem bafejadas presenças, aquilo me faz muita falta. Tanta, que mesmo depois de duas noites pouco dormidas não resisti a uma proposta de última hora. «Vamos ao W?» Indiferente à entupida agenda laboral, nem hesitei na resposta: «Bora!» E lá fomos. Desta vez duas, a semana passada quatro mais um Hélder. Who's next?


sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Gente sem perspectiva




A meio do jantar de terça-feira só me conseguia lembrar de uma das cenas de stand up do Jerry. Recordo-me de o ver (e de o ouvir) questionar o interesse de amizades brotadas em idade adulta. Sempre naquele registo que, reposição após reposição me mantém agarrada à série, o Jerry argumentava que, a partir de certa fase, o melhor a fazer é deixar o ciclo fechar.




Na base da alegação à Seinfeld estava um dispensável trabalho de construção, que automaticamente adaptei à minha leitura das obras da vida. Depois de anos a investir nas estruturas que amparam a nossa existência, através de ‘concursos’ ainda mais embrulhados que os públicos – quanto mais não seja pela assumida incoerência dos critérios de selecção – vale a pena lançar novas empreitadas?



Sem qualquer encolhimento de alma, a meio do jantar de terça-feira só me conseguia lembrar das distâncias planetárias que me afastavam da maioria dos outros lugares da mesa. Bem de propósito, vejo um desabafo espontâneo ser aniquilado por este comentário: «A bolsa agora está uma maravilha». Pausa para digestão.



«A bolsa?», interrogo eu, que, segundos antes, maldizia o inflacionamento – 19 euros – de uma refeição fugazmente saboreada a tapas. «Sim! A bolsa. Ainda hoje comprei umas acções da Sonae». Pausa para indigestão. Encaixo a falta de perspectiva da capitalizada colega e não contenho o remate: «Claro! A bolsa! Depois desta conta é o que mais me afecta». Dito isto, no final do jantar de terça-feira só me conseguia lembrar de manter a accionista a léguas do meu tão bem frequentado ciclo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Incêndio não circunscrito



Foi a frase da noite: «Vocês vieram incendiar o campo!». No andamento da deixa, as incendiárias arrasaram o shot, inventado a partir de uma dose de rum, estranhamente apimentada por uma porção de limão inesperadamente temperado com açúcar e café. Ninguém diria que, alguns passos atrás, estávamos nós a maldizer o frio e a tentar corromper o cansaço, como quem antecipa um desfecho antecipado da programação.



O início da noite justificava os maus agoiros: por força da desistência quase completa da equipa da casa, vimo-nos na contingência de adiar o ansiado frente-a-frente Mouras vs Tripeiras. Dizem as mais sábias línguas que o mote da mão direita (o mentor já teve aqui a sua apresentação) amedrontou de tal forma as anfitriãs, que acharam melhor ‘tirar o time de campo’. Excepção feita para a Rita do Norte (cumpre a distinção o fim de evitar confusões com a Rita do Sul), uma mestre de cerimónias à altura da nossa 'giganteza'.



«Belo casting», dizia eu para a Sónia, reconhecendo o acerto de mais um valioso cruzamento relacional. E para que não restassem dúvidas sobre a qualidade da selecção, alguns considerandos adiante, a nossa ‘conquista’ esclarecia: «Não tenho culpa de ser tão simpática». Nisto, vínhamos de uma Boavista que nos serviu um bom jantar. Nisto, íamos seis num carro de cinco, a caminho do centro do Porto.



Quando finalmente estacionámos, demos de caras com um destino que nos deixava a escassas ruas da nossa bem achada Pensão. Fantástica pelo nome - União - fabulosa pelo preço - 16 euros, duas noites - e ‘fantabulástica’ pela localização - entre esquinas com os Clérigos. Ali, no coração do agito, virámos conversas, cruzámos gentes, e, entre caipirinhas de sabores irresistíveis (ai que saudades daquela mistura com maracujá) quase resvalámos para o ‘ponto morto’. Salvou-nos o Plano B, que, bem mais do que a expressão do conceito de alternativa se revelou a expressão do conceito de ressurreição.



Ao som de um «Vocês vieram incendiar o campo!» - entoado pelo barman-autor da frase da noite - despertámos para a viragem da programação. Electro-house de um lado, rock do outro, moches da Rita pelo meio…e o fogo alastrava… Enquanto isso, outro destino se impunha via sms’s, atempadamente retomadas de uma combinação de véspera, inoportunamente interrompida por um telemóvel extraviado.



Ordenou a mensagem que seguíssemos até à Via Rápida, viagem cumprida à boleia de um taxista que trazia o Benfica e Moçambique na história. Um verdadeiro bálsamo depois da anterior experiência, em que quase me engalfinhei com um artista do volante. Daqueles insuportáveis a ponto de barafustarem contra o simples facto de as estradas existirem. Saneada a má impressão dos taxistas portuenses, chegámos à Via Rápida bem dispostas para receber a boa nova: a night era de ladies. Pouco depois juntamo-nos aos gentlemen, a quem fomos conduzidas via mais sms's. De repente, o lance era fazer romance.



Já em Maré Alta, designação do after-hours lá da terra, há quem tenha explorado o corredor dos prazeres, quem tenha pressentido o pior numa longa espera na casa de banho, e quem se tenha redimido - com generosas rodadas de shots - de falhas graves cometidas no Plano B. O tal plano onde um barman alertava para o perigo de incêndio, com a mesma naturalidade com que um tripeiro reflectia comigo sobre o factor Obama. Entretanto passou uma semana, e se por circunscrito entendermos restrito ou limitado, convém deixar bem claro que o incêndio que deflagrou no Porto continua por circunscrever. Em Lisboa ou no Porto, no Porto e em Lisboa. Seja qual for o lugar, a combustão está lançada.


terça-feira, 7 de outubro de 2008

A invasão segue dentro de momentos





Fomos cinco. Voltaremos muitas mais. Ainda não sabemos quantas nem quando, mas temos a certeza de que regressaremos com reforços. Ou não tivesse a missão de reconhecimento de território sido um retumbante sucesso! A começar pela viagem, livre dos habituais contorcionismos: bem instaladas no Mégane profissional da nossa mais recente amizade cruzada, fizemo-nos à estrada conforme manda o manual de boas maneiras da gangue.


Uma garrafinha de Martini rosso do lado da Pipa, outra de whisky do lado da Paulinha, copos subtraídos à conveniência de uma Galp, a Sónia no comando das direcções, a Lara como mestre da banda sonora e, no meio, a Paula a sonhar com uma pista daquelas bem grandes.
Entre risos e cantorias, deixámos os movimentos de dança fluírem sobre rodas. Pelo caminho, ainda houve tempo para provocações e desafios de circunstância, criteriosamente dirigidos às tropas da Amadora. Gole daqui, música dali, chegámos já quentes à Póvoa de Varzim. O destino da primeira paragem, oportunamente traçado para uma ladies night - ou noite das mulheres na versão Norte - era o Buddha local.


Alegremente preenchidas por uma Gata especialmente aterrada de Londres, e por uma Joana deliciosamente cumpridora da tradição desbocada do Norte, brindámos entusiasticamente. Cruzámos apresentações devidamente celebradas, ouvimos confissões surpreendentes e engendrámos conselhos bem intencionados. Permanentemente animadas, esgotámos os cartões-oferta de bebidas, reforçados por bandejas de álcool automaticamente servidas com o aval de um bem casado gerente. Houve comida, não faltaram danças, fechou-se negócio com o DJ, perdeu-se um telemóvel e até rolou um improvável 'enrolanço'. De saída, já a manhã estava posta, os excessos da noite acabaram num pneu rasgado, em má hora arrasado por um passeio inadvertidamente escalado.


Sem os cavalheiros de narrativas que nesses momentos soam mais fictícias que nunca, abro os olhos pesados de sono e vodka e vejo a Sónia esbracejar por ajuda. As gentes do Norte - naquela manhã mal representadas por transeuntes debochados - estavam a falhar o nosso socorro. Mas quando parecíamos condenadas a tiritar, num apeadeiro algures na Póvoa, acabámos salvas por pessoal do Eco ambiente, aparentemente um serviço municipal. Quais fazedores de milagres, gastaram pouco mais de cinco minutos a safar a situação.


Mas ainda era o começo: já no centro do Porto, vimo-nos encurraladas num labirinto de tantos sentidos proibidos que bloqueámos em mais de uma hora a nossa chegada à pensão. Com o carro a algumas centenas de metros, que as bagagens converteram em quilómetros, encontrámos dormida pouco depois de satisfazermos a necessidade de comida. Quatro horas de sono cumpridas desde as 11h e picos, levantámo-nos ainda sem acordar. Mas isso é conversa para um novo post. Fica apenas o aviso de que haverá incêndio...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Programa de festas




«EU GOSTO É DISTO!» Escrevo a frase assumindo os encargos de uma eventual cobrança de direitos de autor. Mas não resisto a usurpar aquela que me parece ser a melhor expressão dos sentimentos que, bordello após bordello, acompanham a chegada do fim-de-semana.
Começamos nos emails, continuamos com as sms e, vai não vai, acabamos sempre em alta. Não importa onde. «Sugestões?»



O Bairro revela-se invariavelmente mais democrático, mas a programação está sempre apta para surpreendentes reciclagens. Na semana passada foi a festa pós-gala da TVI. Entrámos de pulseirinha VIP numa mão, circulámos de copos-baldes de álcool na outra, e saímos com mais do que boas vistas para nos alegrar.



Impossível não repetir: «EU GOSTO É DISTO».
Aliás, gostamos! Tanto, que daqui a poucas horas vamos gostar para o Porto. A ver se a cidade aguenta Invicta a nossa pressão...


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Indigno de notas




Fim de mais um almoço que me soube a pouco. Dou por mim a correr para um eléctrico dos modernos, com uma nota de 5€ na mala, pronta a subtrair-se na compra de uma prudente tarifa de bordo. Feita camone, tento enfiar o papel na ranhura mais larga da máquina e só depois me apercebo de um aviso afixado em letras garrafais: JUST COINS/ ESTA MÁQUINA SÓ ACEITA MOEDAS.


À falta de um motorista que faça as vezes de vendedor, abordo um fulano aparentado da Carris – vestia a clássica fatiota azul – e peço ajuda para desenrascar um bilhete…
«Lá fora?!»


Confirmo que as máquinas não aceitam notas e descubro que sem moedas nem pré-comprado, o melhor é abrir alas p’ra rua. E, não fosse eu armar-me em contestatária da ‘novidade’, depressa o tipo da fatiota esclareceu que «as máquinas já existem há 10 anos!».

«E então?», contraponho eu. «Pode não fazer sentido, mas como tem uma década deixamos andar?» À falta de resposta, fui eu que me pus a andar, antes que chegasse um pica para fazer a minha viagem desandar...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Cenas de um casamento


As lágrimas invadiram-me com o rigor anunciado pelo aviso prévio. Do canto do olho, na festa de despedida, para os recantos do rosto, na festa de consagração, senti as minhas emoções percorrerem um inimaginável mundo novo. Sem reservas, entreguei-me à viagem e chorei.

Já perdida na minha avenida de lágrimas, reconstituí, orgulhosa, todos os passos que cruzaram o meu coração com aquele inspirador destino. Revi as distanciadas aulas no ISCSP; revivi os jantares de aniversário, e atribuí carácter vitalício às tradicionais reuniões de 'núcleo'.

Continuei a vasculhar o meu baú de boas memórias e encontrei partilhas de interesses inesgotáveis, tagarelados em momentos excepcionais de intimidade. Avassalador! De braço dado com o pai-pilar da exemplarmente estruturada família Semedo, a primeira das minhas noivas ofereceu-me uma das mais marcantes transições dos meus 29 anos. Aliás, ofereceu-nos. A mim, à Ana e à Rosana.

Juntas, conforme estamos destinadas a conservar-nos, assistimos a mais uma obra de colossal estimação: o casamento da nossa adorada Ivana. Unidas, tal como fazemos questão de nos preservar, seguimos a nossa linda noiva na última caminhada de solteira: rumo ao altar.

Faltou-nos o corpo do quinto elemento desta valiosa irmandade, mas, apesar da distância de um continente, a Patrícia não deixou de nos acompanhar em espírito, materializado via sms. Na mensagem, recebida a pouco menos de uma hora do enlace, confirmava-se a força das relações – «Estamos juntas (pelo menos em pensamento)» – ao mesmo tempo que, nas «Saudades» finais, expunha-se a fraqueza das separações.

Neste oceano emocional, no qual mergulhei fundo, vi emergir, já no repasto, mais uma evidência arrebatadora das qualidades da minha noiva, entretanto bem casada com o também distinto Miguel. Passo a reproduzir, no que se traduziu a clássica cerimónia de oferendas aos convidados:
«Caros amigos,
Por ocasião do nosso casamento, decidimos presentear-vos com
um gesto tão especial quanto o dia de hoje e proporcionar sorrisos esperançosos
a milhares de crianças carenciadas.
Decidimos então efectuar uma doação a favor da Associação Helpo, que leva a cabo projectos de ajuda humanitária e de desenvolvimento humano, para que a nossa felicidade se possa repercutir na vida de muitas outras pessoas.
Agradecemos profundamente a vossa presença. O facto de nos darem a oportunidade de partilharmos este gesto convosco faz com que este
dia se torne ainda mais especial».

Ivana & Miguel
20 de Setembro de 2008

Seguem-se outras braçadas oceânicas.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ele e ela





Ele fazia o género bad boy, aligeirado por um fashion look desfilado entre o casual e o radical. Ela dedicava-se ao disfarce, mascarando qualquer acesso de timidez inconveniente. Ele era vizinho de uma ex-colega dela e andava sempre acoplado de gajas, à época tratadas por miúdas. Ela subia às nuvens de cada vez que o via.



Ele chumbou, ela passou, e, de repente, a diferença de um ano que lhes distanciava os nascimentos começou a esbater-se. Nunca mais acabavam as férias…Ela esperou, desesperou e até rezou. Rezou, desesperou, esperou. Valeu-lhe nada porque continuavam separados. Inconformada, ela explorou ziguezagues de possibilidades até conquistar o destino deles. Juntos, perceberam afinidades improváveis e descodificaram sentimentos indecifráveis.



Num momento corria ele, noutros ‘sprintava’ ela, e, lado a lado, construíam uma insubstituível caixa de velocidades. Sem acidentes graves, desviaram-se por anos que não passaram de momentos, e, consumaram, em sucessivos reencontros, acertos cada vez mais afinados. Quarta-feira, 17 anos vividos desde o primeiro acto, ele apareceu-lhe empenhado em repetir a história, ela desapareceu-lhe interessada em estrear novas histórias. Mas ele confia no telemóvel para dar a volta ao texto.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Escrever e descrer




Mudam-se os textos, alteram-se os verbos, actualizam-se os factos, e, invariavelmente, encontram-se dúvidas. Quantas mais linhas subo e desço, mais incertezas descubro. Algumas são pacíficas, cumpridoras da tradição das chamadas ‘brancas’, mas a maioria revela-se de tal forma conflituosa, que a mais ténue perspectiva de tréguas exige a convocação de reforços.



Pergunta-se ao colega da frente, discute-se com o parceiro do lado, num empolgante exercício intelectual de concordâncias e discordâncias. À falta de uma perfeita sintonia, porque as imperfeitas só servem de alimento à dúvida razoável, lança-se mão de um ou vários dicionários.
E, como nem os especialistas das letras se entendem, convencionou-se fazer dos dois generosos volumes do Dicionário da Academia de Ciências de Lisboa a Constituição da Língua Portuguesa.


Tivesse eu uma edição de bolso da Lei Fundamental, e talvez a batalha que travei há algumas horas rendesse mais luta. Dizia-me um Doutor dos originais (aqueles de bata branca) que a minha utilização da palavra impacto já pedia uma revisão. Insistia o Doutor que a influência de uma notícia sobre opiniões, atitudes ou comportamentos designa-se impacte. Jamais impacto.


Discordei sem hesitações, porém reconhecendo na observação mais uma fonte de conflito na guerra das letras. Lembrei-me então de umas aulas recentes de português (privilégio profissional), em que o impacte e o controle cediam terreno para o impacto e o controlo. Explicava a professora que os 'O' são mais portugueses do que os 'E' de galicistas, ressalvando, contudo, a generalizada utilização de ambos como sinónimos. Indisponível para confrontações linguísticas, o Doutor insiste na sua, e remete maiores esclarecimentos para os mais prestigiados dicionários. Na resposta, a Constituição da Língua Portuguesa defende exactamente o mesmo que me ensinava a professora. E isso tem um maior impacto na minha convicção.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Portugal dos pequeninos



Ríamos como se deve: sem moderação. Conversávamos como se deve: abertamente. Ríamos e conversávamos. Nisto, a tipa da mesa atrás vira-se com o ar mais enjoado do mundo e, de dedo na boca, solta um shiu de reprovação. Fui a única das cinco a registar o fastio da empertigada mulher, incapaz porém de melindrar a minha boa disposição.

Rindo e conversando, prossegui sem moderação e abertamente. Nisto, a tipa levanta-se e faz questão de partilhar um sonoro desabafo com umas das empregadas de balcão: «Isto parece uma taberna!». À falta de troco das cinco 'taberneiras', a mulher dá mais uns passos e, já na caixa, projecta um novo comentário: «Só sabem gritar, que horror. São as pretas e também as brancas».
As 'pretas' deduzo que por defeito, as 'brancas' suponho que por contágio. Foi então que uma das 'pretas' se deu ao incómodo de desafiar a tipa a praguejar frontalmente. Mas como até para isso é preciso ter verbo, a fulana ficou-se por um desavergonhado: «Sou racista, sou». Pode um país crescer com tamanhas pequenezas?

E o Oscar vai...

...para onde for a gangue quatro estações. Aplausos, que se vai ver e ouvir o melhor de vários fados.



Classificação: Não aconselhável a espíritos insensíveis



sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Prato do dia




Pergunta o teste: Você é o que come? Sem comer nada, respondi com os olhos. Devorei o que me pareceu ser uma pizza, deitei abaixo uma Coca-Cola gelada, rendi-me à frescura de uma fruta tropical e, mais escolha, menos escolha, terminei a refeição. À minha espera estava um cardápio, alegadamente fiel ao meu gosto de ser. Que bem que sabe degustar a falibilidade das máquinas... Verdadeiro ou falso?


Sabe como curtir a vida, mas sem cometer exageros. É muito preocupado e se priva das coisas por excesso de cuidado. Busca sempre o caminho mais difícil, mas sabe superar as dificuldades.



É uma pessoa metódica que leva muito em consideração a aparência. Não consegue ficar sozinho. Gosta de estar sempre rodeado de amigos e da família. Gosta de manter o controlo da situação e saber exactamente onde está pisando.



Fica sempre em cima do muro na hora de tomar decisões. Adora a comodidade proporcionada pela vida moderna. É uma pessoa que prefere estar em contacto com a natureza. Sempre que tem um problema, conta com os outros para ajudá-lo.

http://istoe.terra.com.br/planetadinamica/produtos/teste_come/index.asp



segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Amizades cruzadas




Todas as histórias precisam de um começo. Na infância, bastava-me um «Era uma vez» para entrar no jogo de juntar letras e acertar palavras. Já na adolescência, dei-me conta de que todas as histórias precisam de vários começos. Foi então que genuinamente comecei a escrever. Fui deixando os sentimentos assumirem formas de palavras, enquanto percebia que, muitas vezes, as palavras não conseguem dar forma aos sentimentos.



Algures na minha história, comecei realmente a crescer. Foi então que, ainda na juventude, comecei a partilhar, vivendo, e não apenas conhecendo ou contando outras histórias. Foi aí que, afortunadamente, comecei a aprender. E tenho aprendido tanto com os amigos, que seriam precisos milhões de posts, biliões de blogues e triliões de webs para rever toda a matéria dada. Detenho-me, por isso, na lição do passado fim-de-semana: a consagração cinematográfica das amizades cruzadas.



Iniciaram-se ainda no século passado (ooopps), na empolgação das Passagens de Ano de Albufeira. Paula que conhece Vera­ que conhece Pipa que conhece Mónica que conhece Lara que conhece Ágata que conhece Alice. Todas juntas, e mais algumas, cruzámos os finais dos 90 como se não houvesse 2000.


Seguiram-se algumas interrupções para frequências universitárias, e, com o fim delas, chegam, à boleia da Vera, a Paulinha e a Carina. Vive-se já uma tal de idade adulta, entre empregos por afinar, viagens para marcar, contas por pagar e FDP’s para tudo desorientar.




Páscoa após Páscoa, fim-de-semana após fim-de-semana, Ano Novo após Ano Novo, férias de Verão após férias de Verão…no nosso entra e sai de calendários, entram também as manas Brás (Di e Lôraça), iniciadas pela Paulinha, chegam ainda as picatxus (Gi e Sónia), trazidas pela Vera, e recebe-se a Pipona, apresentada pela Lara.



Sesimbra após Sesimbra, Albufeira após Albufeira, Figueira após Figueira, Tavira após Tavira, Londres após Barcelona….Quantos mais caminhos desbravamos, mais amizades somamos. Na nossa sempre aberta cadeia de ligações, passagem ainda para voar até à Amata, a Dora e a Nara, numa viagem internacional que também nos levará à Áustria, com escala pela Charneca da Sónia que já foi da Amadora. Nas idas e vindas, que nunca deixemos faltar os créditos. No passado, no presente e no futuro fim-de-semana.



Créditos (por ordem alfabética)


Carina, a fugitiva (Não, não me chamem para bailar porque essas ketas me matam…)

Di, a convidada surpresa (Vou puxar ali o negrinho para dançar!)

Gi, a realizadora (Vá, vá, juntem-se que esta é para o próximo filme)

Lara, a Super Woman (Estou a chorar? É o meu avô. O meu avô está a chorar…)

Mónica, a noiva (Eu já falo convosco)

Paulinha, a pioneira (Tou bué maldisposta, mas em alguma hora tenho de começar a beber)


Pipa, a dona das garrafas (Vá: bebe!)

Pipona, a sinhá dos pés descalços (Eu tenho o pezinho lá [na senzala])

Sónia, a star do Millenium (Eu estive na pré-estreia do filme)

Verinha, a produtora-revelação (Estou tão orgulhosa de mim, estou tão orgulhosa de nós)

Ausências mais notadas:


Alice, embrenhada nos matos da Zâmbia (Vida selvagem)


Lôraça, enviada à Bulgária para uma missão humanitária (Vamos espalhar magia!)


Participação sempre muito especial:


Bebé, mestre da mão direita, e aquele que mesmo sem se mexer, nunca nega uma Batalha (Ontem fui ao Lux? Eh, pá, acho que sim. Eu vou a todo o lado)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Trio olímpico


À falta de tempo para multiplicar um post por três, divido esta escrita, inchada de orgulho, pelo meu trio LUZ(idio). Uma Vanessa de prata, um Nélson de ouro, e um Di Maria que fintou a Pátria Amada para furar o pódio olímpico. Prata ou ouro? Venham os golos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Mercado de transferências


A manhã foi de testes. Tentei vestir a camisola do Sorria está a ser avaliado, mas ficou-me curta de tantos nervos. Acho que perdi o fio aos moldes do mercado das transferências.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Amigos de marca ISCSPIANA





Volto a 1997, ano de acesso a um ensino que se presume superior. Salto de um canudo letrado (Português-Francês) para outro politizado (Relações Internacionais) e dobro planos ao virar de cada cadeira. Pelo caminho livro-me de praxes que escapam à minha mais adestrada compreensão, e não me canso de repetir apresentações. Nome…local de residência…conversas de ocasião…Seguem-se uns bons e bem ‘regados’ jantares, onde a minha rejeição à carne de porco sugere convicções religiosas inexistentes. Passam-se meses, chegam as frequências, fica uma ou outra matéria para exame e reforçam-se ligações.


Ano após ano, de 1997 a 2001, fui descobrindo amigos nuns flutuantes grupos de colegas. Hoje, cumprida mais de uma década de um quadriénio no ISCSP, orgulho-me de conservar ‘louvores’ que diploma nenhum consegue proporcionar. A Sónia cumpre o sonho de uma vida em Cabo Verde. A Ana G.- de quem recebi as últimas notícias por terceiros - virou mãe babada. O Peter casou e, até há uns aninhos, estava orgulhoso de dois daqueles que acredito já serem mais filhos. A Heidi aprimora-se num diálogo intercultural que me abriu caminho até à kitchnet do meu repouso. A Patrícia prepara as bagagens rumo a uma nova missão humanitária em Moçambique. A Ana P. mantém-se firme nos voos britânicos, assistida por um Pedro que lhe completa o destino. A Rosana estuda para mestra enquanto colecciona milhas em viagens externas.



De todos os ‘louvores‘, falta-me nomear a ‘minha’ noiva do ano: Ivana. Com ela me preparo para estrear-me, já no próximo dia 20 de Setembro, na emocionante roda-viva de casamentos das grandes amigas.



segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Assalto às férias

Acabaram as duas semanas de boa vida, recomeçou o bate-bate no teclado. Que venha o resgate do fim-de-semana...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A ler o meu mundo



Descobri o conceito a partir de um zapping de domingo, exercitado algures entre os meus habituais protestos contra uma programação enervantemente empobrecida. Boa ideia essa a de vestir a casa de autocolantes! Electrodomésticos; paredes; electrodomésticos; azulejos; electrodomésticos; mobília. Quanto mais eu via, mais me convencia de que era boa, a ideia. Muito boa mesmo! Perfeita para dar nova vida à minha recém-alugada kitchnet. O seu nome? Telas magnéticas na televisão, que uma pesquisa na net me conduziu a stickers, adesivos, vinil ou simplesmente autocolantes decorativos. Pelo caminho, perdi os meus planos de revitalização cozinheira, mas encontrei uma entrada em grande. Fica em minha casa e tem vista para o meu mundo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Do virtual ao real



O combinado preto, à medida de uma kitchen sem net para mais um grande electrodoméstico. A máquina de lavar na mesma cor, ajustada ao buraco à direita do lava-loiças. Igualmente escuro, o micro-ondas encerra a minha encomenda online, apenas frustrada pela inexistência de um fogão no mesmo tom. Cinco minutos depois, um telefonema da loja virtual confirma o negócio, finalizado com uma transferência bancária significativamente real. Dali a dois dias, garantiam-me, a minha tríade electrodoméstica poderia inaugurar o meu novo espaço. Senti-me levitar da realidade tipicamente portuguesa dos imprevistos, dos adiamentos e das desculpas, penosamente experimentada durante uma outra encomenda, extra-world wide web.


Mas durou pouco o meu estado de graça: exactamente os dois dias que me separavam das compras. Primeiro, a marcação da entrega. Seria de manhã por isso madruguei. Afinal seria de tarde, por isso desertei. Em seguida, a nova marcação da entrega. Seria num dos meus dias de férias, por isso confirmei. Só depois de tocarem à campainha percebi que o meu calvário pós-graça estava para durar. «Está sozinha?». Perante a evidência, o mensageiro resolve esclarecer-me: «Se não tem ninguém para colocar a encomenda dentro de casa, não posso fazer nada». 180 quilos de electrodomésticos já pagos, mas parados à porta de casa.



Telefonema após telefonema, tento decifrar a nova tendência de entregas ao domicílio, válidas apenas fora do domicílio. Em linha, alguém da DHL, empresa contratada para a entrega, quer convencer-me de que uma loja de electrodomésticos pressupõe que seja o cliente a carregar o material. Protesto, mas em vão. Resta-me recorrer à loja para pedir o enjeitado apoio, automaticamente obtido. «Entrega ao domicílio implica colocar o material dentro de casa». Finalmente!



Celebro o milagre de alguém perceber o meu português. Mas ainda era cedo. Passam outras 24 horas, dizem-me que o assunto está resolvido e que não tardaria em receber o contacto de alguém da DHL. Tudo indicava que a entrega se despacharia em breve. Engano meu! Desconfiada da falta de notícias, antecipo a ligação e sou informada de que tentaram entregar os electrodomésticos, mas não estava ninguém em casa. «Se não sabia o problema é da loja onde fez a compra!». Gasto mais uns largos euros de saldo e encontro outra versão. «A nós disseram que tentariam entregar a encomenda, e garantiram que antes disso iriam contactá-la». E tudo se deveria resumir em meia dúzia de clicks...


sexta-feira, 4 de julho de 2008

Barómetro relacional




Conhecemo-nos ou apresentam-nos. Soltamos cumprimentos convenientemente ‘clichétizados’ e convertemos empatias em conversas. Avaliamos feitios a olho, rejeitando possíveis atalhos sem grandes demoras e apalpando novos caminhos por intuição. Chegamos a percorrer anos de uma ponte que percebemos mais sólida de calendário em calendário. Basta, contudo, o menor dos deslizes para a estrutura desabar. Pouco importam as intenções e de nada valem as explicações. Por muito que desbrave novas relações, continuo sem perceber por que levamos anos a construir confianças que demoramos alguns segundos a desprezar. Ou será que a momentos de quebra involuntária de confiança se seguem momentos de consagração da confiança? Espero que a resposta seja um dos meus presentes de segunda-feira.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sabor a Brasil

Kevin Kuranyi de um lado, Marcos Senna do outro. Por muitas fintas que o
jogo desse, o Brasil acabaria sempre no topo da Europa. Terminou com o segundo
Senna da minha vida elevado ao pódio dos grandes campeões.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Eclipse solar


São os cochichos nos corredores. É o 'diz que disse' junto da máquina do café. As caras fechadas. Os silêncios precipitados pela aproximação de passos não anunciados. Amarram-se-me nós no estômago. Esforço-me por desatá-los com trabalho, mas hoje a escrita não me agarra. Não me sinto insegura, pelo contrário. Também não me sinto pressionada, pelo contrário. Nem sequer me vejo desvalorizada, pelo contrário. Mas o nó teima em embrulhar-me o estômago. Procuro respostas, descubro mais dúvidas. Exercito optimismos por oposição a pessimismos. Faço-o há anos, e há anos me encontro na iminência de accionar o meu plano B. Se a coisa correr mal, esvazio as minhas magras poupanças, pego no meu portátil, preparo um kit de sobrevivência e corro para o avião. Aconteça o que acontecer, resistirei fiel a mim própria: por mais fundo que seja o túnel, nunca deixarei de acender uma luz de saída.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Cemitério de letras






Os erros de português irritam-me. Sobretudo por se multiplicarem em Portugal e por serem transmitidos pelos próprios portugueses. Ainda vou dando uns descontos à oralidade (inclusive a mim própria), mas custa-me aceitar que a escrita circule com tantos abatimentos ortográficos. Gigas deles nos meus emails: o ‘HÁ’ amputado do H, os cedilhados a obstruírem as sílabas CE e CI, os E’s carregados de I´s, os X’s substituídos por S’s.



Todos erros de português de gente que, se não nasceu, cresceu e vive em Portugal. Gente escolarizada que se assume familiarizada com as novas tecnologias, mas que desconhece a existência de um corrector ortográfico. Talvez por ignorar sequer a noção de ortografia.
Não me espanta. Afinal, no 12.º ano cheguei a ter uma colega (entretanto mais uma licenciada) que confundia o verbo crescer com o substantivo creche!!! Não me espanta, mas irrita-me. Sobretudo porque os sucessivos e abundantes erros da minha ex-colega nem sequer lhe valiam o chumbo a língua portuguesa. E isto numa altura em que os testes de português ainda eram testes. O que esperar agora?



Enquanto se prolongam as discussões sobre os facilitismos dos exames de Português e de Matemática do 12.º ano, só me vem à cabeça a última prova de aferição de Língua Portuguesa do 6.º ano.
Para quem não ainda não leu, segue-se o anúncio que serviu de arranque àquele exame: «Venho cachorro épagneul-breton puro, nascido a 07MAR07, branco e castanho. Linha francesa. Excelente para caça ou companhia. Entregue com vacinas e desparatisações actualizadas. Contactar Canil Municipal de Évora».



Perguntaram os avaliadores: «Qual a intenção de quem colocou o anúncio?». Não fosse a questão baralhar miúdos que têm pelo menos 11 anos, o enunciado ofereceu as seguintes hipóteses:
Apresentar-se como criador de raça;
Conseguir comprador para um cachorro;
Elogiar as qualidades do cachorro;
Divulgar o trabalho do Canil Municipal de Évora.

Palavras para quê? Façam-se cruzes e mande-se o português para a cova!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Eu e o Pepe




Portugal eliminado. Intervalo nas discussões. Fim das insistentes convocatórias para encontros de 90 minutos de ‘euroforia’. Sem Brasil por força da geografia, e sem Rio Ferdinand, por força de uma eliminação esteticamente condenável, sobrou-me…o Pepe.


Brazuca enraizado até aos 17 anos, ‘encontrou-se’ em Portugal através do futebol. Entre fintas, chutou para canto os piores prognósticos de sonhos perdidos de sol a sol, e descobriu o caminho milionário de uma das melhores ligas europeias. Agora canta vitória, enquanto agita a bandeira lusitana, ignora o estandarte canarinho, e suscita uma reedição do famoso brado heróico e retumbante, celebrizado nas margens plácidas do Ipiranga. Desta vez, sem «o sol da liberdade em raios fúlgidos», o que brilha «no céu da pátria nesse instante» é o reflexo de seculares vaidades nacionalistas.


Pepe é ingrato e Pepe é traidor. Simplesmente porque Pepe exibe orgulhoso a sua portugalidade adquirida e afasta qualquer ligação ao escrete, afirmando-se indiferente à busca brasileira por um lugar no Mundial de 2010.


Verdade? Conveniência?
Naturalidade é terra, nacionalidade é solo, pátria é afecto. Mas não falta quem insista em exigir uma justificação racional de um intransmissível «sense of belonging together».

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Elas não sabem o que querem!


Ignorei a chegada do email. Trazia «monólogo de uma mulher moderna» no assunto, e exibia a classificação «fantástico». Apesar de ser uma mulher moderna e de gostar de coisas fantásticas (que as há, há), reconheci no email um dos pecados capitais dos forwards e recusei penitenciar-me num scroll-down. Só mudei de ideias algumas horas mais tarde, já em casa, quando a classificação fantástico apareceu reforçada com o comentário: «É a mais pura das verdades».
Se era verdade - por muito que a verdade muitas vezes se resuma a um mero confronto de perspectivas -, eu tinha de conhecê-la. Pior para mim: acabei preocupada com as 'verdades' de duas amigas.


«Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir música, a cantar, etc???»


«Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a desgraçada da ideia de reivindicar os direitos da mulher, e por que o fez connosco que nascemos depois dela???»


«Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós???»


AAARRRGGHHH! Quanto mais lia, menos percebia a cabeça por trás do monólogo, menos entendia as cabeças por trás da divulgação do monólogo.

«Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós para comer, para se vestirem e para parecerem bem à frente dos amigos. E agora? Onde é que eles estão???»

Tanto pergunta a monologante, que só mesmo a monologante para responder: os homens «fogem de nós (mulheres modernas) como o diabo da cruz (...), lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda!!!!» Isto quando «antigamente os casamentos eram para sempre». E como uma desgraça nunca vem só: «a maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens esfalfarem-se a trabalhar para sustentar a nossa vida boa!»

Sei que é frase feita, desfeita e refeita, mas depois de ler tanta frustração junta, só me ocorre escrever que algumas mulheres não sabem mesmo o que querem. E como diria o grande Jean-Paul Sartre: «Liberdade não é fazer o que se quer, mas querer o que se faz».

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Amor à terceira vista






O primeiro estava velho demais. Não pela idade, que nem sequer me pareceu adiantada, mas sim pelo estado de má conservação. Falta de cuidado, era o que era.

O segundo mostrou-se ambicioso demais. Não pela apresentação, que me pareceu adequada, mas sim pela má localização. Falta de discernimento, foi o que foi.

O terceiro apanhou-me já desconfiada. Não pela origem, avalizada por uma amiga, mas sim pelo fracasso das tentativas anteriores. Perda de entusiasmo, era o que era.

Foi então que, ao fim de uma semana de adiamentos diários, se deu o enguiçado encontro. Perfeita sintonia, foi o que foi.

Sei que ele está muito longe de ser perfeito, mas me pareceu tão harmoniosamente feito à minha medida que não hesitei. Mesmo sem muita luz, senti-me iluminada pela sua presença. Quatro semanas depois do arrebatamento, a ligação oficializou-se com a assinatura do contrato de arrendamento. Que feliz que estou com o meu minúsculo, porém poderoso apartamento: é uma cave, fica algures em Odivelas, mas tem vista para os meus sonhos.

terça-feira, 10 de junho de 2008

The ex-factor






O fenómeno é incontornável. De tal forma, que as duas news magazines mais vendidas do mercado lhe abriram as capas. A Visão fez dele o tema principal da edição; a Sábado dedicou-lhe um assunto secundário, porém com destaque. Ambas reconheceram na série-filme um fenómeno, ainda que cada uma à sua maneira: a Visão vasculhou-lhe a filosofia, a Sábado preferiu demonstrá-la.
Salvaguardadas as devidas preferências (é preciso ter), o resultado despertou-me a leitura para um confronto entre teoria e prática, encerrado pela minha valorização da acção. Como dispenso saber a opinião da ti(p)a de Cascais que diz não haver coincidências, ou da actriz que tem apelido de ‘bairro bem’ de Lisboa, concentro a minha leitura nas adaptações portuguesas de Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha. E apesar de reconhecer uma certa ‘forçação de barra’ na atribuição dos papéis, acredito que o sucesso de o Sexo e a Cidade começa e acaba nessa identificação. Na vida como na série, e agora como no filme, existem enredos e emoções tão universais, quanto genuinamente particulares. Concordo com a minha amiga e companheira de sessão cinematográfica, quando me diz que «nenhum homem consegue entender o filme como uma mulher». Mas digo mais: por muito que todas as mulheres consigam interiorizar o filme, no final, dificilmente exteriorizarão a mesma mensagem.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Uma questão de preferência






Nunca liguei muito aos prazos de validade dos produtos, porque sempre exerci os direitos de preferência que me são consagrados nas embalagens. Mesmo quando o rótulo não define nenhuma preferência para o meu consumo, e a embalagem opta apenas por me impor a obrigação de consumir (consumir antes de/até), recuso-me a abdicar de preferir. Por isso continuo a consumir tudo de acordo com a minha preferência: às vezes antes, outras depois de vencida a data indicada na embalagem. Nem por isso perco o paladar. Nem por isso deixa de me saber bem. Porque mais importante do que o tempo das coisas, é o tempo das sensações. E, mesmo fora de prazo, eu prefiro saboreá-las.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Quem te viu e quem te lê




Sempre gostei de observar diferenças. Assinalei-as durante anos nas páginas de passatempos de revistas e jornais, com o mesmo entusiasmo que agora dedico a identificar discrepâncias entre os factos e as notícias. Confesso: um dos meus exercícios preferidos é devorar artigos sobre acontecimentos que presenciei, comparando as versões escritas com as minhas leituras vividas. Vale tudo como matéria de apreciação: pode ser uma conferência de imprensa, um casting para os Morangos com Açúcar, ou a apresentação de uma novidade pseudo-revolucionária. Mas, pela extensa cobertura noticiosa que atrai, nada rende tantos parágrafos de diferenças como o Rock in Rio. Em três edições do auto-intitulado maior festival de música do mundo, fico-me por igual número de observações. Todas recolhidas no primeiro dia de rock do ano.



  1. Amy Winehouse. Depois da polémica dos ses - se sobreviveria, se viajaria, se actuaria - a imprensa virou-se para a a polémica dos des - decadência da cantora, degrado do espectáculo, desrespeito com o público. Não percebo! Será que se esqueceram assim tão rápido dos motivos que alimentaram a lengalenga dos ses? Tão rápido, que nem sequer se lembraram de questionar as opções da organização? Ou estaria o concerto de Amy Winehouse ao serviço secreto de um mundo melhor? Seria assim tão inconcebível esperar o pior de Amy Winehouse? Se para mim era mais do que previsível assistir aos despojos de um talento em ruína, para a organização que prega a responsabilização social, seria expectável que não promovesse tamanha desresponsabilização.


  2. Preço dos bilhetes. Em tempos de crise, pagar 53€ para assistir a um festival de música soa a… notícia. Vai daí, o pessoal da comunicação desatou a multiplicar os lucros: se no primero dia estiveram aproximadamente 90 mil pessoas no Parque da Bela Vista, isso significa que a estreia do festival rendeu cerca de 4,7 milhões de euros aos cofres da organização. Alguém se lembrou de contabilizar os espectadores que entraram de borla? Sabem quantos pseudo-VIP's foram convidados? E o pessoal que desenrascou bilhetes mais baratos à pala de promoções e transacções opacas?


  3. TMN silenciada. Nem sms's. Nada. Entre erros constantes de ligação e sucessivas falhas no envio de mensagens, o pessoal da rede TMN desesperava. Comunicação zero! Enquanto isso, os clientes Vodafone desfrutavam de uma vantajosa presença no lote de patrocinadores do Rock: ao contrário dos não patrocinadores, conseguiam falar e enviar mensagens entre si. Dizem os crédulos, imprensa incluída, que as dificuldades de comunicação (e não impossibilidades) foram o espelho da elevada concentração de telemóveis. Lembram os incrédulos, eu incluída, que os problemas de ligação terminaram no exacto momento em que Lenny Kravitz abandonou o palco. Ou seja: antes sequer de o público ter tido tempo de dispersar e aliviar a alegada sobrecarga de rede. O que vale é que como o silêncio é de ouro, por esta altura o mundo já anda bem melhor.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Aos infectados pelo HI5


Desistam de mim. A sério! Não vale mesmo a pena. Acreditem! Estou completamente vacinada, absolutamente imunizada, e integralmente esterilizada contra esse vírus que, desde 2005, insistem em enviar para o meu Hotmail. Como se não bastasse o assédio na caixa pessoal, agora decidiram atacar o meu Outlook profissional. Acham que dessa forma conseguem furar a ordem dos meus dias?

Não vale mesmo a pena. A sério! Não tenho perfil para desprivatizar intimidades, rebaixando quase tudo ao domínio público. Também não percebo como me querem convencer a aceitar um convite de amizade de alguém que nem de muito longe é meu amigo. Acham que a cotação da amizade anda assim tão enfraquecida na minha bolsa de relações?

Esqueçam! Por muito que não tenha nada contra os infectados pelo HI5, também não tenho nada a favor. Mas reconheço-vos o feito de manterem centenas de amigos, e, ao mesmo tempo, conseguirem aprofundar novas amizades, num teclar instantâneo de conversa. Aliás, para quem está em exibição numa espécie de montra, onde as emoções parecem estar permanentemente em saldos, espanta-me que, interiormente, ainda não tenham sofrido uma ruptura de stocks.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Notícias da infância







- Sabes a Natércia? Do Zambujal?
- Sim, o que é que tem?
- A mãe já me tinha dito que ela ganhou um concurso de música. Pelos vistos a coisa foi boa, porque até veio uma notícia no jornal…
- Onde? Mostra!

Lá estavam duas páginas de entrevista, algumas fotos e um perfil. É mesmo a Natércia! A filha mais nova da Dona Mida e do Sr. Pintor! Feito o reconhecimento, descubro que o McDonald's organiza uma competição de vozes entre funcionários de todo o mundo. Leio mais um pouco, e percebo que a Natércia não só venceu a etapa portuguesa, como ganhou a grande final, disputada nos EUA. Já foi no mês passado, mas só agora vejo a notícia na imprensa nacional, excepção feita a alguns regionais desbravados numa rápida pesquisa no Google. Quero saber mais, por isso avanço para os milhares de caracteres que me oferecem os blogs, deixando-me contagiar por um entusiasmo típico de quem revive boas memórias. Como está mulher a irmã bebé da Telma e da Sónia, duas das minhas amigas de infância. Como parece feliz! Também eu me sinto feliz, ainda que nunca mais tenha visto a Natércia, e de apenas esporadicamente me ter cruzado com a Sónia e a Telma. Fico feliz pela Natércia e por toda a família Pintor, personagens centrais da história dos meus primeiros cinco anos em Portugal.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Pão de alta-coz(s)edura


Apesar de ser uma grande apreciadora de pão, já não sou grande consumidora. Sinal dos tempos de quem prefere engolir uns chocapic a cumprir aquele ritual de compra do pão-nosso de cada dia. Admito, por isso, estar completamente ultrapassada no que à indústria panificadora diz respeito. Foi por isso com grande espanto que me dei conta de um fantástico upgrade no sector: agora, além das padarias e cafetarias com fabrico próprio, temos as boutiques de pão. Será efeito da valorização da mercadoria, imposta pela subida de preço dos cereais? Seja qual for o motivo, peço ao pessoal da Academia das Ciências de Lisboa o favor de actualizar, no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, a definição de boutique, que, conforme respectiva indicação, se deve aportuguesar para butique. Rogo-vos que tenham em consideração que o termo boutique (não resisto à versão internacional da palavra) já não se restringe a uma loja de venda de roupa e de acessórios. Lembrem-se que a nova tendência é comprar bolinhas prêt-à-porter e carcaças de alta-cozedura, que, pelo desandar das modas, qualquer dia serão carcaças de alta-cosedura...

domingo, 25 de maio de 2008

Hoje é dia de festa


O teu aniversário acaba de marcar o meu calendário. Entoo duas palavras para trás, coloco três vírgulas para a frente, e deixo mais uma frase de lado. Haverá missão mais difícil do que conjugar o verbo sentir no tempo certo?
Alheia à adversidade, tento acertar os passos à escrita, enquanto a dança das letras me apanha num sambódromo de emoções. Penso na época em que te conheci, revejo os momentos que nos aproximaram, sinto falta das nossas partilhas diárias. Ao mesmo tempo, orgulho-me por conseguirmos conservar uma cumplicidade única, daquelas que marcam calendários atrás de calendários. Orgulho-me de saber que, passem os aniversários que passarem, continuarás a ser das poucas pessoas capazes de me ler nas entrelinhas. Por tudo isto e muito mais, hoje é dia de festa. Que cantem a nossas almas: a minha e a de toi-même.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Papel? Quais papéis?

Andava tão distraída quando a mudança aconteceu, que demorei mais de um mês a despertar para a novidade. O quê? 1,25€ por uma viagem de metro?! Tento convencer-me de que o novo bilhete vale um ambiente melhor: ao permitir carregamentos durante um ano, o cartão combate o insustentável desperdício de papel. Sigo viagem, não penso mais no assunto e deixo-me distrair outra vez. Não acredito! Perdi o passe! Anseio pela substituição do extraviado Lisboa Viva, mas obrigam-me a investir novamente na minha relação com o ambiente. O quê? Para andar na Carris tenho de comprar outro cartão? Dizem-me que sim, a menos que o meu cartão de metro esteja a zeros e passe a funcionar como ‘passaporte- carris’. Convencia-me eu de que a novidade valia um ambiente melhor! Sigo viagem, tento não pensar mais no assunto, mas o Metro não deixa: de cada vez que compro uma viagem recebo dois brindes, e ambos gastam papel! Digo que não quero, mas a máquina está determinada em entregar-me um recibo e um comprovativo de venda. Confesso que com tanta distracção, já me esqueci dos que zelavam pela minha amizade com o ambiente.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Nomeação à vista


Já foi uma miragem, hoje é uma forte possibilidade. Espero que em Novembro se transforme numa certeza absoluta. Eu vou tendo em vista a criação de um petit comité para lhe fazer a festa.