terça-feira, 31 de julho de 2012

Gira o mundo e toca o mesmo

Era um clássico à hora de jantar. «Não foi black. Se fosse, eles diziam». A preto e branco, os exemplos iam-se reproduzindo até que, não sei bem quando mas imagino porquê - afinal, a notícia está na cor ou no crime? – as nuances se foram esbatendo. Por fim lá se percebeu a irrelevância da coisa, mas, à imagem de tantas leis, não bastou mudar a letra porque, bem se vê, é a mentalidade quem mais condena. E, à boa maneira dos preconceitos, lá vem ela ao de cima na primeira oportunidade. Hoje foi assim: no título apresenta-se a história da velejadora portuguesa Carolina Borges que está incontactável depois de ter sido afastada da comitiva lusa presente nos Jogos Olímpicos de Londres. Quero saber porquê, por isso clico «ler mais» e eis que me invadem as velhas memórias da hora de jantar. Tudo porque alguém – imagino, pelo mimetismo noticioso, que terá sido a agência Lusa – se lembrou de escrever que, afinal, bem vistas as coisas a atleta nem sequer é portuguesa. Luso-brasileira, acentuam os jornalistas como que a isentar a nação de quaisquer condutas menos brandas. Claro. Português que é português não é sancionado até à expulsão. Agora os luso-mesclados, sejam eles brasileiros ou não, já se sabe… Ou valem medalhas ou não servem para nada. E, ao ler isto, só me apetece gritar dois nomes. Por ordem de pódio: Francis Obikwelu e Nelson Évora.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Como?

Gosta-se o suficiente para continuar. Mas ao mesmo tempo sabe-se que já se gostou mais. Por isso apetece ouvir menos. Apetece falar menos. Apetece estar menos. Ainda assim gosta-se. Gosta-se o suficiente para continuar. Mas ao mesmo tempo sabe-se que isso não deveria chegar. Por isso vai-se levando na esperança de que volte a ser como foi. Mesmo quando os interesses se desencontram a cada passo, quando os caminhos se desviam a cada curva e quando a crítica se sobrepõe à tolerância. Simplesmente vai-se levando porque não há culpados nem inocentes, apenas uma vida de distâncias que já não permitem ver. Por isso olhamo-nos apenas, esvaziados do nós, cada um à volta do seu eu. E, de novo, a pergunta matuta-me ideias: sem desentendimentos nem aborrecimentos como se consuma o acabar de uma amizade?

Pelas ruas da cidade

E assim, com aquele taga e posta desarmante, o Facebook mostra-me que não estava a alucinar presenças. A tal filosofia de figura com trejeitos de Pessoa andava mesmo por ali àquela hora. Com menos sol do que eu recordava - estranho - mas exactamente como do Janeiro da última vez. Assim … resvés contacto visual, o karma passou-me ao lado.

Parecem bandos de urubus à solta

E se, de hoje para amanhã, fecharmos? Assim, sem aviso prévio nem confortos de indemnização? Multiplicam-se as apostas, aqui e ali carregadas de maus agoiros, desdobram-se os sinais de inquietação e eu continuo na minha, isolada, num tranquilo desassossego. Sim. A casa pode fechar. Mas não. Não será o fim do mundo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Faltam

Uma quarta, uma quinta e uma sexta-feira de desarranjos horários e, bem digeridas as escritas, três páginas de reportagem fabril, outras três de ateliê musical e um par de estreia cinematográfica. Mais caracteres, menos espaços, daqui a algumas linhas estou de férias. Yes I can.