terça-feira, 31 de julho de 2012

Gira o mundo e toca o mesmo

Era um clássico à hora de jantar. «Não foi black. Se fosse, eles diziam». A preto e branco, os exemplos iam-se reproduzindo até que, não sei bem quando mas imagino porquê - afinal, a notícia está na cor ou no crime? – as nuances se foram esbatendo. Por fim lá se percebeu a irrelevância da coisa, mas, à imagem de tantas leis, não bastou mudar a letra porque, bem se vê, é a mentalidade quem mais condena. E, à boa maneira dos preconceitos, lá vem ela ao de cima na primeira oportunidade. Hoje foi assim: no título apresenta-se a história da velejadora portuguesa Carolina Borges que está incontactável depois de ter sido afastada da comitiva lusa presente nos Jogos Olímpicos de Londres. Quero saber porquê, por isso clico «ler mais» e eis que me invadem as velhas memórias da hora de jantar. Tudo porque alguém – imagino, pelo mimetismo noticioso, que terá sido a agência Lusa – se lembrou de escrever que, afinal, bem vistas as coisas a atleta nem sequer é portuguesa. Luso-brasileira, acentuam os jornalistas como que a isentar a nação de quaisquer condutas menos brandas. Claro. Português que é português não é sancionado até à expulsão. Agora os luso-mesclados, sejam eles brasileiros ou não, já se sabe… Ou valem medalhas ou não servem para nada. E, ao ler isto, só me apetece gritar dois nomes. Por ordem de pódio: Francis Obikwelu e Nelson Évora.

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