quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O melhor final de sempre

Conhecia a história e sabia o final porque vi o filme. Mas hoje não resisti a mais uma dose deste lacrimejante rematar.

Contra a corrente

De papo para o ar, tretas calóricas ao alcance de um esticar de braços e remexer de mãos, sabe-me maravilhas estar em casa a espreguiçar sem a pressão do relógio profissional. Mas por mais insatisfatória que seja a transferência bancária que me remunera, sei que me pagam para trabalhar sete dias por semana. Por isso não estou nem aí para o fim deste e de outros feriados.

sábado, 12 de novembro de 2011

Assim vai o português em Portugal

Todos os dias sou testemunha de violações continuadas da língua portuguesa simplesmente porque ando de transportes públicos, circulo pela world wide web, vejo televisão e leio jornais. Não tenho por isso como escapar às emboscadas de erros ortográficos, atropelos de gramática e tantos outros desvios de linguagem. Imagino então o sonho que seria poder denunciar os abusos e ver os infractores cumprirem penas de educação. Até lá, deixo-me arrepiar com os exemplos asneirados que se encontram no protesto asneirento contra o fosso do canal Q.


«Pelo que se rejam os jornalistas» 
Talvez tenha sido um atropelo de concordância, mas, na dúvida fica a correcção: por que se regem os jornalistas.

«Um programa por voçês emitido»
E, cá está: um dos erros mais recorrentes entre posts de Facebook - vocês com cedilha?! Céus!

«Apesar de não haver lesões ouve feridos e com isso não se brinca»
Com os feridos que houve não se metam, agora com o português estão à vontade, brinquem. Aqui que ninguém nos ouve!

 «Vcs é que deviam cair no foço»
E quem diz fosso pode bem querer dizer poço.

«Tou-ma a cagar se é humuristico»
Estou com extrema dificuldade de perceber a lógica da cagada inicial da frase mas entendo perfeitamente que humor não é humur!

«enusitado»
Inusitada é a tentativa de juntar ao protesto palavras inesperadas.

«O pedido de desculpa vos acenta bem»
Assentou melhor ainda o facto de ter sido redigido em português.

«E A CIMA DE TUDO AO CAPEL»
Há quem prefira estar acima em vez de ir abaixo.

«Os benfiquistas gostam de ser enxovanhados»
Pois, enxovalhados é que não!

«conosco»
À falta de um português básico, venha de lá esse espanhol de ocasião.

«Aconcelho a lerem a carta dos direitos humanos»
Deixa estar, se for para escrever assim venha de lá outro conselho.

«Alguém sabe onde é os estúdios?»
Sei onde são os estúdios, mas aviso já que é um caminho com plural.

«Tem algum jeito ter fossas num estádio?»
Fossas? Está bem visto, afinal aquilo é o WC.

«Pequenos que apareçem numa televisão»
Aparecer na televisão não dá direito a cedilha, ok?

«vai poupando pra vazelina que estás a seguir!!»
Ameaças anais com vaselina é outra coisa.

«VAMOS GOZAR COM O TEU PRESIDENTE DE MERDA QUE IA MORRENDO A UNS DIAS ATRAS»
Pode estar a uns dias de morrer, futuro, mas se tivesse morrido, passado, teria sido há uns dias.

«Sendo estes dois apresentadores conciderados humoristas»
Confesso que fico siderada com estas considerações.

«Isto só lá vai é com um boicote há meo»
Com um boicote destes à correcção linguística é que isto não vai lá!

«Vão gosar»
A sério? Só pode ser gozo.

«Agora ficam a falar sozinhos...chatiçe»
De facto, deve ser uma chatice ficar a falar sozinho quando se tem a opção de comunicar com gente que não sabe escrever.

Quanto ao caixa de óculos, ainda estou sem perceber, mas cheira-me a esquizitofrenismo, pois é um tipo bué esquezito»
Esquizitofrenismo, variação rara de gente esquezita ou esquizita? Seja o que for, reconheço que é bué esquisito.

«Como de custume»
Custume? Oi? Será tique de quem tem o costume de escrever com o cu?

«VOÇES NÃO VALEM UM CARA******* DEI-EM SE AO RESPEITO»
E de novo o must do você cedilhado, acrescido de uma dádiva incompreensível: dei? em?

«Fuder»
Quem foi que disse que todos sabem foder?

«Badalhoquiçe»
Ai, maldita cedilha.

«Deviam ser despensados imedietamente»
Nem mais, assim como quem é enfiado numa despensa e tem dispensa do trabalho. Imediatamente.

«Siguam o seu concelho»
Sigam vem de seguir é isso? Ah! Deve ser por isso que tem ali um U atravessado. O que dizer, então, de quem segue o conselho com C?

«ainda espetao aqui a porra da fotografia dos homens e veem aqui dizer que é "um programa de entertenimento" ????? nunca vi nem faço tensoes de ver esse canalzeco se quisessem acalmar isto apagavam a porra dos postes»
Com o devido desconto para a falta de acentos, está visto que nem a copiar a malta se entende. É entretenimento, pessoal, não é um momento nascido da tecla enter, ok? Estarão vocês a sofrer com as tensões do momento, será? É por isso que vêm para aqui escrever enormidades destas? Eu é que não faço tenções de descobrir, porque com postes apagados ainda me espetam para aqui umas cenas ou atacam-me aos posts.

«gostava que os "mitras" a apanhacem na rua !!!»
E eu gostava que os senhores da educação apanhassem e sancionassem todas estas infracções

«mais tarde ou mais cedo terão na vida o que mereçem»
Ai, língua portuguesa, tu é que não mereces isto!

«humor fazia o herman com o tal canal, a herman inciclopédia»
Inciclopédia? Tipo a enciclopédia dos ignorantes?

«mas hj abro uma excessão para ti. Agora deixa-te la de choradeiras e diz me lá onde é que eu te ameaçei! Injúria e calunias são poniveis por lei, cuidado!
E voltámos à lógica do verbo seguir, desta vez derivada das ameaças. Se ameaço com cedilha, por que não dizer que ameacei também com cedilha? Ai, é sem cedilha? Será regra ou será excepção? Seja o que for, pena ainda não ser punível por lei.

«Não custa comentar assim e consegue manter o sentido prático da discução!» -
E assim pode começar-se mais uma discussão, agora sobre ortografia.

«Estão mesmo para partir para a estupides força!»
Eu estou mesmo para puxar do sotaque francês: estupides em vez de estúpidos sofistica a estupidez, será isso?


Ai, língua, língua...

Assim vão os protestos neste país

Há problema? És gaja? Então és uma puta, preferencialmente de merda. Se a coisa puxar para os genes, também podes ser uma filha da puta, miminho que dá para os dois lados. Cabrão também se ouve, mas para um cabrão ser como deve ser é do caralho. Cabrão do caralho, leia-se. O resto impõe-se por defeito: a puta, os filhos da puta e os cabrões do caralho merecem todos ser sodomizados ou, melhor, enrabados e fodidos, porque não convém elevar o tom da conversa. Mas atenção: se forem gajas é bem provável que até gostem, porque, já se sabe, mesmo sendo putas e filhas da puta andam todas mal servidas. Quanto mais leio, ouço e vejo, só consigo encontrar manadas (sim, isto é um insulto) de pretensos indignados transvestidos de virgens ofendidas, mas tão-somente obcecados com sexo. Do mau, claro.

Humores da semana

Cliquei para a confusão através de uma actualização de amizades no Facebook: amiga minha comentava post de amigo dela cascando numa amiga nossa. De curiosidade em pé, cheguei a isto: um vídeo de uma rubrica de um programa de televisão transmitido num canal de humor. Sei que é suposto ter piada, mas como não achei graça nenhuma não me ri. Apenas isso e nada de novo porque não foi a primeira e dificilmente será a última vez em que mumifico diante de uma graçola. Hoje sobre futebol, ontem sobre o Angélico e o Carlos Castro e amanhã..quem sabe? Talvez o Benfica.

Tudo bem que algures aí nesse vídeo reconheço uma pontinha de criatividade, mas confesso que não vejo mais nada. Por isso da mesma forma que não compartilhei o espírito trocista das piadolas sobre o crime de Nova Iorque nem sobre a agonia do ex-moranguito, acho excessiva a exibição de dois corpos em modo cadáver como acompanhamento de trocadilhos de fosso.

Não gosto, não me faz rir, mas seja de pior ou melhor gosto continua a ser humor. Não é jornalismo, entenderam? Então reclamem, indignem-se e o diabo, mas não baralhem os azeites. Já agora, se se sentem tão ofendidos, que tal manifestarem-no sem ofenderem ninguém? Peçam uma intervenção do vosso clube - já que insistem em dizer que foi vergonhosamente desrespeitado - accionem os serviços de um consócio jurista, apresentem denúncia na esquadra mais próxima e sei lá mais o quê. Façam e aconteçam mas sejam crescidinhos. Porrada e morte para quem fez a piada? Despedimento com justa causa? Tudo isto entre carradas de insultos em mau português? Por favor, não batam tão fundo no vosso fosso.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A atirar para os céus

Três amigas, um avião, programinhas low cost para gozar e entreter e, de repente, 2012 já vai dando um ar da sua graça. Qual é a rota qual é ela que começa com som de rato e acaba a tragos de uma demarcada região?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A melhor leitura de sempre



Chega no sábado e diz que vem com todas as assinaturas. Todinhas! 

A justiça do povo

Não sei de onde veio o raio da miúda, mas quando dei por mim a tentar entrar para o 714, depois de uns dois minutos na paragem (ai Lisboa, que és tão boa) sou ultrapassada pelo raio da pita. Eu de ipod nos ouvidos, apenas mais uma pessoa à espera e, instintivamente, lá agarrei a catraia pelo braço para lhe dar umas palavrinhas de civilização. Nada de especial, coisa básica. Do tipo : ‘isto não é chegar e entrar, espera pela tua vez e depois entras’. Ela saiu-se com um pardon um tanto ou quanto estranho para quem parece ter percebido cada sílaba do que eu disse, e um tanto ou quanto estranho para quem não tinha a mínima pinta de camone 'das Franças'. Mas como quem vê caras não vê corações, deixei a impressão por isso mesmo e segui em busca de um lugar sentado.

Uma paragem depois, já no Cais do Sodré, apercebo-me de um sururu mais sonoro do que o meu ipod. Silencio a música e, entre acusações de assalto, vejo a miúda do pardon correr dali para fora e em pouco mais do que um virar de cabeça desaparecer na confusão de carros e peões. Continuo sem perceber nada, até que, lá dentro, vejo as atenções se fixarem numa outra miúda. Apenas a ouço barafustar com o motorista agarrada à mesma frase: «Você viu perfeitamente que entrei em Santos». Era verdade.

Reconheci-a dos meus dois minutos de espera na paragem mas continuava sem compreender de que raio estava a ser acusada nem em que medida entrar em Santos servia de álibi para o que quer que fosse. E o 714 ali, sem mexer uma roda. E a miúda sobrante também ali, a despejar palavras de indignação contra palavras de acusação. Acho que ficámos nisto uns intrigantes cinco minutos até a geringonça da Carris retomar a sua marcha.

De novo em andamento, a miúda sobrante faz-se ouvir, gritando pelos compromissos do dia que, àquele ritmo de viagem, lhe prometiam atrasar a chegada a uma entrevista de emprego. Pouco depois, curiosamente, também ela desaparece, embora sem a espectacularidade da corrida da suposta camone: limitou-se a sair na estação de Corpo Santo. Deito o meu olho para a figura dela e desconfio: quem é que vai a uma entrevista de emprego com a barriguita ao léu?

Estranhei, mas depressa abstraí-me da improbabilidade até que, já na iminência da minha descida, o 714 faz uma nova paragem. Agora à porta da esquadra da PSP da Praça do Comércio, de onde saem uns quatro agentes em direcção ao motorista. Para quê? A pergunta anima uma conversa a três que à minha direita percorre dois bancos. Entre um ‘vê-se bem que as duas raparigas estavam combinadas’ e outro ‘está-se mesmo a ver que a miúda só saiu antes porque ouviu o motorista comunicar com a polícia’, detenho-me num perturbante sentido de justiça.

«Não há direito! Ainda se fossem roubar quem não precisa…». Deduzo então que o mal não está no crime nem no criminoso, mas sim na vítima.

 Pardon?

Shiuuuuuuuuu

Enquanto uns e outros dão vivas à agressiva chegada do Outono, eu dar-me-ia por feliz se conseguisse minimizar o volume do ruidoso recital de chuva e de vento que veio aborrecer o meu domingo, ensopar os meus trapinhos e electrizar o meu cabelo. MENOS!

sábado, 22 de outubro de 2011

Milagre!

Parece que quase um ano depois de ter estreado no Brasil, e mais de dois meses depois de um empolgante final, a SIC vai transmitir Insensato Coração. O meu coração Global protesta mas ainda assim agradece.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Praga

Comentadores de araque no Facebook. Têm sempre alguma coisa a dizer, raramente têm algo a acrescentar e especializam-se em comentários aos próprios comentários. Ninguém merece!

sábado, 15 de outubro de 2011

Acabadinho de ouvir na TV

29 anos, licenciada em Cinema, pós-graduada numa cena qualquer que mete produção e audiovisuais, ex-emigrante em Bruxelas, desempregada a ponderar nova saída para fora (o que correu mal em Bruxelas? Não percebi!) porque por cá…«Só se for trabalhar para um call center». Huum. Afinal ainda há trabalho. Mas, já agora, se sobrar por aí um emprego, também quero. Até lá, deixo-me trabalhar.

A propósito de indignações

O protesto iniciou-se com um post no Facebook. Where else? A cliente, indignada, protestava contra a inépcia do senhor comerciante/empresário português para o negócio. A descrição encarregava-se do resto: cliente A entra no estabelecimento X quando ainda falta uma hora para as portas fecharem (às 22h) mas depara-se com um cenário de arrumação. Afinal, explica-lhe o dono da casa, todos os dias é a mesma coisa: gente e mais gente interessada em pagar por mais um gelado e se calhar mais um e mais outro...

Afinal, lamenta o dono da casa, é assim desde Fevereiro, por isso convém ir recolhendo mesas e cadeiras antes que a malta resolva abancar e não mais desamparar a loja. Como? Indigna-se a cliente. Tantas empresas a fechar, tantos desempregados em desespero, todos indignados e, no final, vai a ver-se e quem tem a opção de produzir mais prefere produzir menos.

Et voilà! Num ápice, ao jeito de um íman todo-poderoso, o post atrai comentários atrás de comentários, unânimes na condenação da mentalidadezinha do tuga. Fácil, fácil, não é? E a opção de descansar depois de um dia de trabalho no lombo? Ah! Compreendi! Os clientes querem esticar a noite e a conversa com os amigos e famílias custe a quem custar, doa a quem doer. Ah! Compreendi! O senhor comerciante/empresário que nem ouse fazer o mesmo. Que preguiçoso! A burguesia numa de pagar para descontrair e o senhor comerciante/empresário numa de ir repousar.

Mânfio do catano! Ele que se dê ao trabalho de contratar mais pessoal, alargar o horário, multiplicar obrigações, subtrair os próprios direitos. Tudo menos abdicar de uns valentes (quão valentes?) euros todos os dias para ir à vidinha dele. Ou será que, em nome dessa tal de recuperação económica, prosperidade e yada-yada-yada, nos devemos tornar todos robôs ao serviço dos euros? Ah, não! Todos não! Só aqueles que têm como função servir os interesses burgueses daqueles que querem saborear um gelado ao final do dia. Pois-tá-claro.

Pelo trabalho

Hoje que já virou ontem, quatro colegas de outros pisos, todos em horários diferentes, e cada qual com os seus maneirismos de expressão, observaram o seguinte: «Sempre que passo por cá, isto está vazio mas tu continuas aí». Heureca!

Pelo Facebook

Assim, de uma só penada, encontrei malta com cede em vez de sede e descobri gente licenciada pela faculdade Lusófona, convencida de que se formou na faculdade Lusófuna. Estamos em crise, pois estamos.

A caminho de casa

Num difícil equilíbrio entre a mala, o saco de take away do Mcdonalds, a coca-cola, o trincar das batatas e o caminhar, topo um carro de miúdos, aparentemente perdidos, em marcha lenta como quem procura uma direcção qualquer. O arrumador diz que não sabe, eu fixo-me no horizonte e eles chamam-me assim: «Menina, menina!». E eu aqui, a sentir-me uma múmia carcomida por caracteres.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pergunta retórica

Amo a minha incapacidade de reprimir protestos. Aliás, partindo do princípio que venerar é melhor do que amar, eu venero a minha incapacidade de reprimir protestos. O de ontem apanhou-me na curva da oficialização de mais uma má notícia: pessoal vem aí uma nova revista. Coisa pouca! Mais 75 paginitas por semana e mais uns milhares de caracteres para me cansarem os dedos, as ideias, as vistas e, no limite, a saúdinha.

Calma, miúda! Está tudo controlado, garantem-me. Basta a malta organizar-se melhor. É isso! Organização! A palavrinha que serve de resposta para tudo. Ou melhor, quase tudo. Porque quando lancei uma inocente perguntinha depressa se instalaram silêncios incómodos entre aqueles que hoje, até agora (faltam 15m para as 14h), ainda não puseram cá os pezinhos: ora bem, se estou cá de manhã, de tarde e à noite, onde é que raio vou buscar tempo para me organizar melhor? Devo deixar de dormir? Esqueço os fins-de-semana?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

As gentes que me descoordenam

Quanto mais leio à minha volta, mais me convenço de que preciso de ajustar a minha formatação. Onde é que param as exigências? Cadê o brio profissional? Para onde foi o desejo de superação? Ó chefias, peço desculpa por ser uma desmancha-prazeres mas, entre outras pequenas coisas, tenho a apontar que o Iémen não fica em África. Ah! Já agora, a Ellen Johnson-Sirleaf não foi a primeira Chefe de Estado de sempre de um país africano, e sim a primeira a ocupar esse cargo por eleição. Olhem, sabem que mais? O mais incrível é que não é preciso ser-se um poço de conhecimentos para comunicar isto. Basta estar ligado.

Cócegas ao ego

A cena metia uma máquina fotográfica profissional, uma modelo numa roda-viva de poses e eu na retaguarda, à espera do cessar flash para disparar a entrevista.

Tudo isto e um pouco mais entre raios de um exibicionista sol de Outono armado em sol de Verão. Bocas daqui, caras dali, tive de me aguentar por uns intermináveis 40 minutos até que, em pleno cruzar de perguntas e respostas, o chocolate sueco executou a abordagem.

Cartão em riste, primeiro a roçar o espanhol, depois a comunicar num mais universal inglês, ele convida-me a passar lá pelo estúdio, na Suécia, para bater umas chapas. Model? Eu? Estamos a negociar?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

E esta, hein?

Fiquei incrédula à primeira. Voltei a ficar incrédula à segunda. Como? Pois, é. Vai-se lá perceber porquê, o senhor meu pai acha que eu, solteira, sem filhos, e pagante exclusiva de todos os meus encargos, deve contribuir para a mensalidade de uma creche.

Pois é. Para dar uma ajudinha lá em casa da mana – que claro, não desconfia de nada –, onde por acaso são dois a aguentar despesas e onde a vida se gere na mesma base orçamental que a minha: salarial. Pois é. Uma ajudinha mensal. Não uma vaquinha pontual, daquelas que volta e meia unem a família num e noutro projecto. Nada disso. Uma contribuição mensal.

Para juntar à renda, à prestação do crédito pessoal, à luz, à água, ao gás, à tv por cabo, à internet, aos comes, bebes e, quem sabe, um mimo de saída nocturna. Sim, porque é para isso que trabalho. E não dá para mais. Mas o senhor meu pai não percebeu à primeira e, por isso, teve de ouvir um novo não à segunda.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A minha ressaca de redacção

Acção: duas das almas que me animam o espírito profissional respiram férias.
Consequência: a minha rotina sente-se asfixiada.
Reacção: apetece-me saltar para o pescoço de umas certas criaturas que insistem em adentrar espaços humanamente povoados sem emitirem um único som de saudação.

Raisparta!

sábado, 1 de outubro de 2011

O Grito pós-Ipiranga



Subi até uns crescidos 1,75 m. Fiz o meu curso sem desvios de pautas. Arranjei o meu emprego. Saí de casa à primeira oportunidade. Comecei a lavar e a passar só a minha roupa. Especializei-me em desenrascar alimentos para adiar idas ao fogão. Conformei-me com a rotina de arrumações e limpezas. Tornei-me campeã do estica aqui o orçamento e aproveita dali o cartão e, mais responsabilidade, menos obrigação, diria que me tenho aguentando bem nisso da independência a solo. Mas, há sempre um mas. Desta vez foi a quinta-feira a demonstrar-me que na hora do vamos-ver-se-é-desta-que-a-dor-me-fulmina a primeira e única ideia que me assalta a cabeça é: «Quero a minha mãezinha»!

Sintomas de saudade



Mais do que falar, a Marisa canta por mim.

Vira o mês...




...e não tecla o mesmo. Escreverei os impossíveis para que este blogue não volte ao mesmo de passar um mês em branco.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Bonito isso, né?

«O romântico na verdade gosta de quem não gosta [dele]. Sempre existe um procurar para não se sentir aposentado, porque quando você acha não tem mais o que fazer».

Da voz que me faz transbordar o coração

De me encher o coração...


...a ponto de o sentir transbordar

Um, dois, três...experiência!

Hoje - que para o comum dos mortais foi ontem, mas que para mim continua a ser hoje porque ainda não devolvi o corpo ao sono - hoje, insisto, foi dia de estreia. Sem qualquer consulta médica, burocracia ou contrariedade que o justificasse, atrasei-me por uma manhã inteira. Acordei no horário de sempre, tomei banho, apressei o pequeno-almoço de quase todos os dias, liguei-me à edição da manhã da SIC Notícias e, quando dei por mim, ia lançada para me estrear numa modalidade muito popular pelas minhas bandas profissionais. Qual é a modalidade, qual é ela? Posso adiantar que começa com B de Benfica mas também pode começar com G de Glorioso e, posso ainda acrescentar, apoiada na voz da minha recente experiência, que a dita vale campeonatos de conforto psicológico.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ao virar da noite

Perder um jogo do Benfica por causa de um broche negociado pela chefia mas executado por mim é prenúncio de dor de cabeça. Das colossais.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A pergunta da vez

Então? Gostaste? Ele é simpático? Consegue articular uma frase sem pontapear o português?

À toda a boa gente curiosa e interessada que me rodeia, fui respondendo com sorrisos atrás de sorrisos. À toda a boa gente curiosa e interessada que me rodeia, continuo (e continuarei) a responder com sorrisos atrás de sorrisos.

Sim. Mais do que gostei.

Sim. Ele é mais do que simpático (pelo menos comigo foi).

Sim. Ele tem as insuficiências típicas de quem cedo trocou a escola pelo trabalho, mas garanto que é mais escorreito de raciocínio do que muitos licenciados que conheço.

Sim. JJ foi uma bênção.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Crónica de jogo

Lá para quarta-feira, depois de despachar a escrita oficial, tentarei voltar a esta morada para o minuto a minuto mais importante desta minha humildade carreira. Sim, aconteceu. Eu e ele, ele e eu, pelo tempo de uma das duas partes de um jogo-rei, também convertível em 45 minutos de cronometragem mundana. No final, JJ deu-me os parabéns.Porque JJ ficou impressionado. Porque JJ riu comigo. Porque JJ não recusou nada. Porque JJ voltou a dar-me os parabéns. Porque JJ comunicou ao meu director como «foi bonita» a nossa conversa. Porque JJ conseguiu o milagre de fazer com que às 23h43 da graça de 24 de Julho, esse mesmo director me ligasse, facto inédito em quase cinco anos de casa. Resumidamente, JJ fechou a minha semana com chave de diamante e com uma simplicidade desconcertante conseguiu escancarar-me as portas da felicidade. E é por aqui, na incomensurável felicidade, que me encontro até agora. Aviso já que daqui não saio e daqui ninguém me tira.

O meu paraíso na terra

Fica no Seixal. Definitivamente. Aqui.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Afinal...

...eu e ele estamos no prolongamento. Ficam desde já sabendo que o único resultado que aceito é uma vitória. Para os dois lados!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tempo esgotado

Então é assim: eu, euzinha, eu própria, reservei a minha sexta-feira para ele. Fosse a que horas fosse, durasse o tempo que durasse. Seria eu e ele. Ele e eu. Agora resta-me devolver o encontro à prateleira dos sonhos porque eu, euzinha, eu própria, já não vou passar um dia com JJ. Haverá perdão para tamanho pecado?

O povo é que sabe

Um dia antes de cortar a meta de uma semana que se vislumbrava duplamente auspiciosa, eis chegado o momento de revelar os pontos que complementam os 'is'. Para começar, a satisfação de um velho sonho de consumo: o meu cantinho de dormir em Lisboa já cá canta e, para gáudio das minhas virtudes, e contra todas as previsões de negócio, pesa exactamente o mesmo no meu orçamento. Melhor só mesmo se a outra parte da semana se confirmasse. Mas ainda não. Continuo pendurada à espera DO telefonema com aquela BOA NOTÍCIA e de minuto em minuto cada vez mais agarrada aos ecos da sabedoria popular: mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Já que estou de passagem

Aproveito para assinalar que:


Na minha ausência por estas bandas, largas, cumpriu-se o meu terceiro ano nesta morada e festejou-se o meu 32.º aniversário nesta vida.

Siga para brindes!
Mais brindes!

A dois tempos*




O tempo dele pergunta ao tempo dela quanto tempo o tempo tem.

Passa-se um tempo. Mais um tempo. Um novo tempo.

E quando finalmente o tempo dele responde, descobre-se que há muito o tempo dela expirou.


* ou sobre como eles ignoram a importância dos timings

Bons ventos



NÃO. Não fui eu que registei o Euromilhões em Moscavide.
 
NÃO. Não fui salarialmente aumentada.

NÃO. Não recebi nenhuma proposta de trabalho milionária.

NÃO. Não estou a viver um grande amor nem estou apaixonada.

AINDA NÃO. MAS, SIM. Tenho excelentes previsões de notícias. Ambas ao virar da próxima semana.

Façam figas*.

(*mesmo que as vossas unhas não estejam invejavelmente tratadas)

Lembrete postal


Imaginava-me acorrentada a obrigações familiares, num corre-corre de convites de mesa. Antecipava também o esgotar dos dias sem saborear a simples liberdade contemplativa do tempo. Consumia-me ainda a perspectiva de uma recepção programada sob cuidados paternais.

Pontinho atrás de pontinho, as reticências foram adiando o reencontro entre mim e a minha terra até ao tão desejado amanhecer de 20 de Maio de 2011. Aterrei em Maputo com Moçambique no sangue, voltei para Lisboa com Moçambique dono e senhor do meu coração.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Dúvida razoável

Se as senhas do passe já estão impressas, se os dias de um mês não se esgotam numa semana, por que raio é preciso viver uma odisseia para desencantar esse pedaço colante de transporte a cada passagem de dia 8?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Mais nove quilos!



Regressei três fins-de-semana e 22 dias depois com a balança a assinalar os excessos de camarões e castanhas de caju: voltei com mais nove quilos na bagagem.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sim, sou eu!

Sussurramos e suplicamos: «Não olhes agora». O truque pode ser manhoso, mas pelo menos revela vontade de não dar nas vistas enquanto apontamos para o personagem principal daquela nossa história. Eles parecem não estar nem aí. À descarada, em grupos de amigos do nosso especial amigo, não disfarçam o exercício de avaliação: rondam, observam, comentam. Comentam, observam, rondam. E com tanta insistência que numa das últimas sextas-feiras fiquei tonta só de os topar de esguelha.

Vai de retro!

Ela foi dando vários sinais de falsidade. Eu fui ignorando. Menos por acreditar numa metamorfose de carácter, e mais por medo de ficar órfã de alguém que mesmo não sendo amigo ocupava, sem preencher, esse precioso espaço social.

Ela era egoísta, invejosa, interesseira. Eu fui ignorando. Ignorei o namoro com aquele que ela sabia ser o meu tal e que ela também sabia estar a castigar-me depois de um desaguisado adolescente. Ignorei as promessas nunca cumpridas dos biscates de Verão, de mim desviados para evitar a concorrência na compra de estilos. Ignorei os programas não partilhados, os romances ocultados, e até hoje não percebo por que raio ela jurou, algures lá atrás, que ficaria em casa a estudar naquele aniversário, mais tarde comentado na escola em forma de festa.

Ela fazia-me mal e carregou de desconfiança os meus passos para as amizades seguintes. Apaguei-a dos meus contactos há muitos anos, logo depois da festa que não haveria mas que aconteceu e para a qual não fui convidada. Ela seguiu o caminho dela, eu segui o meu e não vejo razão alguma para que os nossos caminhos se voltem a cruzar porque em consciência escolhi a distância. Na minha história ela é uma pessoa má, e isso levanta diferenças irreconciliáveis. Por isso, quando recebi um convite para travar amizade facebookiana com ela só me ocorreu benzer-me. Vai de retro!

domingo, 3 de abril de 2011

Do lado de lá

À chegada de mais uma viagem ao paraíso (obrigada Cosmos), a equipa observa Lisboa ainda dos ares e, sem hesitações, encerra uma semana de viagem entre partilhas da praxe: «Nada como voltar a casa», ouve-se de uma boca. «Lisboa é das cidades mais bonitas do mundo», acrescenta outra voz. Desencontrada do tom desta sinfonia patriótica, refugiei-me no hino de todos os regressos do Brasil, suspirando em silêncio por mais um pedacinho do meu Brasil. Caramba. Como eu sou de lá.

Fantástico

Por segundos pensei que seria uma pegadinha. «Oi? Eu dar uma entrevista? E logo ao Zeca Camargo? Porquê eu?». Nada de mais, responde-me a mulher da abordagem que, pouco depois, encaixo no papel de produtora da Globo. «É apenas uma brincadeira que o Zeca tá fazendo, uns flashes com os convidados».

Tudo bem, disse. Como responder que não?

E lá fui, a tremer nas canetas, com a voz torcida, e a incredulidade estampada na cara. Não sei quanto tempo fiquei sob o foco das luzes (caramba, aquilo é mesmo forte), apenas tenho uma vaga noção do que o Zeca me perguntou (ai, o Zeca) mas uma coisa eu garanto: mesmo com a convicção de que não disse nada do que queria dizer (é incrível como os nervos atropelam o raciocínio) a experiência foi fiel ao nome do programa do Zeca. Fantástica. Duvido é que tenha dignidade para aparecer na telinha.

Aquela máquina


Descolo cheia de planos de imagens. Clique daqui, clique dali e, na minha cabeça, projecto uma extensa galeria fotográfica. Aterro cheia de batimentos descompassados. Clique dali, clique daqui, e, como que por magia vejo a máquina desviar-se da minha esfera, arrematada pelo meu coração que, no compasso do samba, bate sempre feliz.

Dentro de momentos

Seguem os registos da Sessão Brasil.

Premonições

Passei o dia todo a tentar desvalorizar o sonho. NÃO, NÃO,  fui repetindo. Desta vez não vai ser premonitório. Mas, como sempre foi e nós perdemos exactamente como eu sonhei que iríamos perder.
Agora? Enquanto rebentam foguetes aqui ao lado eu grito BENFICA! Mais alto do que qualquer rebentamento.

quarta-feira, 23 de março de 2011

E depois...

...

De noitadas de fechos e textos de incontáveis caracteres, apaziguados por palavras de agradecimento e palmadinhas nas costas (literalmente), eis que a sétima semana de jogo duplo me aproxima de uma redenção voada. Sim, eu vou ao Rio de Janeiro. A ver vamos se volto.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pim, pam, pum!

O meu coração já não está para esses batimentos de defesas impossíveis, recitais de quase-golos e um cronómetro de sustos. Mas se morrer disto juro que morro feliz. Posso até ficar nove anos morta sobre uma vitória destas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Vou ali à DECO e já venho

Dei conta da quebra pela televisão, num movimento matinal ainda meio cambaleante. Carreguei uma vez, outra, de novo e mais uma até resignar-me a largar o comando. Por segundos cheguei a desconfiar de um desacerto nas minhas contas para de seguida sossegar a inquietação: «Ah, é verdade, reactivei o débito directo».

Mas como certeza que é certeza gosta de ser testada, lá abri a porta em busca da prova dos nove. «Hã? Como é que o prédio tem luz?».

Perante as más evidências, abri e fechei gavetas em busca da factura mais próxima e com o telemóvel a postos exigi esclarecimentos.

Sim, confirmaram-me a existência de uma autorização de débito directo. Não, não me conseguiam explicar o que tinha acontecido. Sim, tinha de pagar primeiro e reclamar depois. Não, não havia outra hipótese.

Meia hora de procedimentos mais tarde apressei a saída de casa e disparei com a minha reclamação para um dos balcões da EDP da loja do cidadão dos Restauradores. Trinta e tal euros de factura liquidados, quase 27 para o reabastecimento, uma queixa apresentada, telefonemas trocados entre a funcionária e não sei quem, e uma hora depois saía precisamente como entrei: sem perceber por que me cortaram a luz.

Servia-me de consolo a promessa de uma normalização até ao final do dia e a garantia de que voltaria a ser contactada para conhecer o desfecho da reclamação.

Nem uma palavra sobre compensações pelo tempo perdido e pelos prejuízos causados. Silêncio absoluto e no final do dia continuava às escuras, e no final das más contas ainda tive de esperar duas semanas pelo telefonema.

Sim, reconheceram o erro. Sim vão devolver-me o dinheiro. Mas não, não há explicações para o sucedido. Apenas desculpas. Agora resta-me descobrir se tenho mesmo de me contentar com falinhas mansas.

Dia 14 a 21

Aproxima-se a reinvenção de um clássico: em vez de as mulheres irem aos pares ao WC, vão começar a ir aos trios.

A propósito do que (não) se anda a passar por aqui

24 horas. Nem mais um minuto nem menos um minuto, descontada aquela excepção noticiada em tempos que já se perderam do meu calendário. O dia tem 24 horas. Não estica. Não alarga. Não cresce.

Pelo contrário.

Encolhe. Mingua. Diminui. Todos os dias duvido de que tenha 24 horas. Todos os dias surpreendo-me com as contas e dou por mim já noutro dia. E outra vez acordo, levanto-me, uso o banho como despertador, empurro para o estômago uns cereais, às vezes também pão, recebo as primeiras notícias do dia e nisto já se passaram umas 10 horas. Saio de casa, primeiro o autocarro, 15 minutos depois o metro e mais 20 o destino de trabalho. Horas e horas e horas em cima de horas até às próximas 24 horas. E o tempo não só passa. Ultrapassa-me.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

IVA das necessidades

Para mal do meu pecado da gula, constatei, no escrutínio das facturas das últimas compras que um pacote de bolachas integrais, daquelas que vão bem com queijo e melhor ainda com paté, fica-se pelos 6% de IVA enquanto um pacote de bolachas de chocolate estica-se até aos 23%. Olho e volto a olhar para a factura e eu, que não preciso de bolachas para sobreviver (assim espero), continuo sem perceber a lógica. Com que então bolachas sem chocolate são um bem de primeira necessidade e com chocolate de segunda?

Boletim informativo

Esta é a semana em que os fechos se dobram aqui para os meus lados porque, manda quem pode, as terças-feiras negras de trabalho passam a ser escurecidas por umas também carregadas sextas-feiras. Mais semana menos semana, a ver vamos se a minha massa cinzenta não chamusca.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Modernices #8

O salta-roda-vira dos estados civis em posts do Facebook é mania que não entendo. Uma coisa são os casados que acrescentam mais um traço de caracterização ao cartão-de-visita, outra é a maralha de indefinidos que, em poucos refrescares de páginas, passam de solteiros a comprometidos e depois de comprometidos a solteiros. Palavra de solteira que não percebo!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Em directo

Cheira-me que foi para ouvir maravilhas destas que não comecei o ano com um banho de estádio.


Jornalista da Sic para o Glorioso Salvio

«Vá tomar banho que hoje merece.»

Oi?

E quando não merece? Os outros é que têm de merecer o perfume cascão?

Já agora…

…que ando por aqui a debitar caracteres gostava de declarar que o meu bom início de 2011 está completo.

(e, pasme-se, parece que o senhor 2013 ainda não garantiu um bom 2011)

Dia 2

Já fui ao fogão. É bom sinal: o meu estômago está oficialmente de volta. Bem-vindo!

Dia 1

Andei toda kamikaze da cabeça.

Calendário para fazer a crise ‘dançar’

12 batucadas para a sintonia do melhor 2011 de sempre




Janeiro

Samba para Janeiro. Sim, ouviste bem. Apesar de este ser o som da praxe carnavalesca de Fevereiro, nada como aproveitar o oba-oba das boas entradas para servir o primeiro prato cheio de 12 meses da melhor disposição. O quê? O samba não te anima (a mim as presidenciais também não)? Isso não é desculpa para marcar passo. Muda de ritmo e avança.

Fevereiro

Este tem potencial preliminar e só por isso vale a recomendação. Ideal para as duplas apaixonadas que enjoam o mês de corações comerciais, o tango serve também para provocar as águas dos aquários da época. Ah! E nada de tangas, porque isso cheira a cherne e eu acredito no teu bom olfacto.

Março

O cartaz do mês anuncia flores, raios de sol que começam a aliviar as vestes, talvez os primeiros desejos de praia com banhos (pessoal dos trópicos, não me enervem) e no embalo deles os planos das férias possíveis. Se Maio é maduro e ainda falta um Abril, Março só pode ser verde. Assim sendo, faz do ambiente a tua estrela pop.

Abril

As bancas começam a entupir-se de dicas para combater o stresse e de truques para não explodir com as tensões do primeiro trimestre. Mas a melhor recarga energética não está à venda: se em Abril as águas são mil, que os bons ventos, ao género dos que nos sopram ao coração (não no mau sentido clínico), sejam aos milhões. Tudo em blues.

Maio

Luta trabalhador, luta. Mais ainda se estás desempregado, precário ou pornograficamente mal pago. É certo que a mudança não depende só de ti, mas convém que estejas de mangas arregaçadas para lhe dar uma mãozinha. E em vez de esperares que tomem a iniciativa por ti, compõe o teu próprio rithm and faz das contrariedades poetry.

Junho

Em mês de santos o pecado musical segue solto. Bailarico para aqui, sardinhada para ali (só para vocês, porque eu prefiro ceder à tentação da carne)…sangria para cá, imperiais para lá, o culto padroeiro castiga a contenção. Por que esperas? Liberta o animal de época que há em ti e pimba.

Julho

Aquele famoso cozinhado, que faz as delícias dos bronzes de corpo e dos relaxamentos de mente, ganha um sabor especial com um tempero de praias de águas aquecidas. À falta de uma corrente financeira capaz de te fazer voar até aos sons do Brasil ou das Caraíbas, podes sempre polvilhar de pagode e de salsa os teus movimentos. Isto, claro, depois de dares o devido ritmo aos meus Parabéns.

Agosto

Um festival, dois festivais, três festivais. Para os que não navegam a maré festivaleira e ainda não se estrearam naquela modalidade de gerir as férias com o calendário da pequenada, este é um bom mês, passe o aparente paradoxo, para trabalhar em descanso. Com um bocado de funk, porque os dias são deliciosamente mais longos, a agenda até permite juntar às braçadas de fim-de-semana, uns mergulhos pós-laborais.

Setembro

O ‘meu’ primeiro e único casamento, porque os outros não passaram disso mesmo, de casamentos de outros, foi em Setembro. Já lá vão quase três anos de felicidade, por isso sempre que o nove mensal se instala no calendário penso nos bons fados. Vai uma valsa declaração?

Outubro

O relógio acerta-se para marcar o encurtamento dos dias, que trazem como contrapartida o prolongamento das noites. Também por isso esta é uma boa altura para perdições noctívagas, no compasso das tuas pistas preferidas. Marrabenta por aí.

Novembro

Dez meses dançados e ainda não gingaste aquele get down? Que tal parares com as desculpas? Quem não arrisca não conquista, por isso mesmo que receies fazer má figura e mesmo que tenhas medo de te estatelar de um arranha-céus emocional toca a tua música e solta a tua soul.

Dezembro

O espectáculo já vai longo, só que ainda falta ouvir e dançar tanta coisa….Nada de ansiedades. Por mais passadas que tenhas falhado e por mais movimentos que te tenham escapado o cabeça de cartaz da tua vida és tu. Rock your life e não te percas em orientações ‘algorianas’.

De 2010 para 2011

Deveriam ter seguido todos por email, mas entretanto percebi que os que partiram do Outlook ficaram retidos em 2010. Caixa cheia e coisa e tal.

Blogo, também por isso, os meus votos para 2011, seguidos do tradicional calendário.

Minha banda larga

Orquestra a pauta de um Feliz 2011 que aprumes todos os instrumentos para mais uma temporada do melhor espectáculo: a vida. Por isso, sejam quais forem as notas, com maior ou menor afinação, entre aplausos ou sob apupos, importante-importante é manter a musicalidade. O teu ritmo é que faz o palco!

Anotações da viragem

Éramos sete, o meu número, acompanhados pelo nove, o meu outro número. Orientados por um triângulo simples - disparatar, brindar, dançar - saímos da casa de partida a distribuir um bom ano por toda a boa cidade que se cruzou connosco. Chegámos ao Lux depois de uma queda (não minha que fui direitinha) por uma íngreme caminhada e entre subidas e descidas de escadas aconteceu isto até chegar à cama:


  • fiz a festa ao ver o José Wallenstein (gosto tanto)
  • meti conversa com um televisivo colega (giro e alto)
  • troquei palavras com outro colega, no caso um iscspiano (nunca gostei lá muito do miúdo)
  • o suposto sócio da casa insuflou-me o ego (e por falar nisso tenho uma googlagem para fazer)
  • desfilei com dois balões a tiracolo (um de cada vez), sendo que um não sei bem que destinou levou, o outro foi para as alturas depois da sabotagem de um engraçadinho
  • ganhei um stalker à primeira paragem de bar (a sério, de cada vez que me virava lá estava ele)
  • achei o Granger velhíssimo quando fui buscar o casaco (as rugas sobressaem dos ossos da cara)
  • na espera pelo táxi que nunca mais chegava identifiquei a cunhada de uma colega minha (dispensável)
  • à chegada a casa achei que me foram à mala no bengaleiro, mas depois fiz as contas e lembrei-me das compras de supermercado (ai, ai os euros).
Mais lembrança, menos esquecimento, entrei assim em 2011. E que bem!

O meu ciclo de vida que passou

Houve nascimento, morte e ressurreição. Para o bem e para o não menos bem, 2010 encheu-me de manifestações de vida. Fica a metafórica revisão:


Nascimento

Na resposta a um desafio, daqueles que fazem remoinhos no estômago, nasci para uma aventura num novo país que se revelou um mundo novo. Fui com más ideais, voltei com ideias ainda piores, mas o crescimento da experiência, esse, ninguém mo tira.

Morte

Sem lágrimas, mas com algumas mágoas, enterrei relações. Não daquelas que nos consomem as entranhas de sofrimento, mas ainda assim relações humanas.

Ressurreição

O sol voltou-me a brilhar. Continuo explorada de mal paga, mas encontrei uma nova fonte de motivação e de realização. E posso garantir que isso não tem preço.