segunda-feira, 29 de março de 2010

A sintonia do amor

Segundos depois de postar a declaração anterior, ouço o meu TMN disparar com a precisão dos melhores passes do Di María. Remetente: SLBENFICA, mensagem: “Subscreva já Obrigações Benfica SAD 2013 e ganhe 6% (TANB). Aplique o seu dinheiro até 20 de Abril. Prospecto disponível em slbenfica.pt e cmvm.pt”.

Contentamento descontente

Era ali que eu deveria estar. De cachecóis em bandeira, os cânticos exaltados e os batimentos euforicamente acelerados. Era ali que eu deveria estar. Não era aqui.

terça-feira, 16 de março de 2010

Desencontros

Garanto que não ando especialmente obcecada com o prontuário ortográfico, com o dicionário, nem com qualquer outra ferramenta de utilidade linguística. O problema é que “há coisas” que vêm ter comigo e depois não resisto a comentá-las. Escrito isto, eis que chegou o momento de falarmos de pessoas desencontradas, que é como quem diz aquelas que seguem em direcções contrárias.

E se as pessoas desencontradas são aquelas que seguem em direcções opostas, basta uma não seguir para lado algum para não se poder desencontrar da outra, certo? Por isso digam-me que não quiseram sair, digam-me que têm mais o que dormir, digam-me o que quiserem e bem entenderem, mas não me venham com a treta de que andamos desencontradas.

Personalidades múltiplas

O Paolo pelo menos trazia foto e partilhava comigo o meu último apelido. Nada mais, mas pelo menos isso. Agora quem raio é esta Kristina Linikate? E este (esta?) Vaatjie Andre? Já agora, haverá por aí alguma ou algum Mariem Marega que eu conheça? Credo! Como se não bastasse ter de lidar com um hotmail virulento, parece que ainda tenho de aturar um facebook taralhoco.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Resumo da matéria dada

Regra básica de uma instrução primária, ou, para os mais contemporâneos, de um primeiro ciclo do ensino básico: ce e ci dispensam cedilha. Logo: escrever voçê em vez de você é erro desculpável em fase pré-preparatória, ou, para os mais contemporâneos, em fase pré-segundo ciclo do ensino básico. Logo: ler voçê em vez de você escrito por gente adulta, e muito além da quarta classe instruída, causa-me urticária da brava. Aliás, já começa a dar-me a comichão só de pensar na quantidade de pessoal que tenho apanhado a reincidir nessa falha.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Perfume de estupidez

A miúda está com o seu miúdo. Saída a dois, aparente interesse de parte a parte e…corta! De súbito, a miúda revela-se aborrecida. Por alguma coisa que ele fez? Talvez por algo que tenha deixado de fazer? Quiçá terá sido por aquilo que ele disse? Nada disso! O miúdo muda de visual e ela volta a esbanjar contentamento. Sorriso para cá, sorriso para lá. Ooooppps! Outra vez com cara de enjoadinha? O que foi agora? Alguma coisa que ele fez? Algo que tenha deixado de fazer? Talvez aquilo que ele disse? Nada disso! Basta ele mudar outra vez de visual para voltar a ser a companhia perfeita! Passa-se uma nulidade de um anúncio nisto porque, e aqui mora a grande mensagem, as mulheres aborrecem-se fácil, fácil. Não com eles, claro, antes com o aspecto deles. Então, nada como convencê-los a apostar na compra de um perfumezinho básico para prolongar o encanto junto da menina. A sério que houve alguém a pensar isto?

terça-feira, 9 de março de 2010

O Grito

Ai, que ainda dá mais um bocado. Ai, que bem esticadas as forças, daqui a pouco é hora de levantar. Ai isto, ai aquilo! Ai tanto e tanto protelar, para, invariavelmente, assistir impávida e nada serena à vitória da pressão da bexiga sobre a ronha na cama. Sem liberdade de acção para prolongamentos, noite após noite, sobretudo nas de Inverno aconchegadas a chá, vejo-me forçada a levantar, meio cambaleante, meio contrariada. E não fosse eu uma super heroína dotada do super poder de conseguir deambular pela madrugada doméstica – quase sempre sem ser pontapeada por móveis ou rasteirada por objectos fora do lugar (tipo mala de viagem que permanece vazia no centro da kitchnet há mais de uma semana) – ainda teria de andar à caça de interruptores, antes de aliviar a aflição urinária. Nunca é esse o caso, embora às 3 horas e qualquer coisa deste 9 de Março o caso tenha agravado a sua figura, com o detectar, pela minha entreaberta visão, de dois objectos não voadores e não identificados, cuja apresentação reservo para o final destas linhas.

Siga a escrita…

Ainda sem os mínimos do raciocínio ligado, lembrei-me de ter deixado a janela da sala aberta – como quem liga a banda sonora da chuva para melhor adormecer – e pus-me a tentar imaginar o que raio poderia ter sido arrastado pelas águas. Nesta busca atrapalhada dos meus pensamentos por algum sentido, avanço para acender uma das lâmpadas de proximidade quando um movimento junto às minhas pernas me arranca o grito: AAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Acendo as luzes, confirmo a natureza animal do intruso e corro para abrir a porta, confiante de que o veria sair disparado. Mas não. Depois de o sacana (sim, com estes comportamentos tem tudo para ser um ele) ter soltado o seu miado de vitória, recusou o meu convite para sair e preferiu agarrar-se à minha japonesice de estor. BRANCA! Era uma japonesice branca! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Raio do bicho! Saiu-se com uma tentativa de escalada, saiu-se com a segunda, e eu ali especada a assistir à derrocada do meu cortinado nipónico, até que o sacana acertou na brecha de saída, deixando-me entregue a um pesadelo de limpeza. De jornal ainda por ler em sentido, balde, esfregona, esfregão, água a ferver e Cillit Bang a postos, sustive a respiração, e embrenhei-me na missão de libertar o meu refúgio de todo e qualquer vestígio daquela indevida pernoita, alongada pelo tempo de um aninhamento nas minhas mantinhas de sofá, dois cocós e um xixi. Mijo de gato. AAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIII!

segunda-feira, 8 de março de 2010

De regresso

Trouxe uma promoção na bagagem. É minha e, que se lixe a modéstia, é merecida. Também trouxe um prémio. Simbólico, de atribuição interna, e, para mal das minhas virtudes, ao mesmo tempo demasiado prematuro para me parecer inteiramente justo. Trouxe ainda poupança. Deu para pagar a viagem a Moçambique do papá, está a dar para oferecer uns almoços à família, desfrutar de uns bons copos entre amigos, e, acompanha-me a esperança, espero que ainda venha a dar para actualizar as modas, à primeira vista demasiado desencontradas com os meus bons gostos. Não dá para tudo, eu sei. Está longe de ser tudo, sei também. Justamente por isso repito: «Se estou a gostar de Luanda? Ó, minha gente, acima de tudo estou a aproveitar». E já não era sem tempo.

Cidade Luz

Adoro a forma como a cidade se encaixa à medida dos meus devaneios enamorados. Adoro a ponto de a ter bisado a solo e de ainda sonhar com uma nova paragem, romanceada pelas majestosas avenidas iluminadas. Sim. Adoro Paris. Mas, sem qualquer ponta de acesso metafórico de inspiração futebolística, garanto que não é entre os bateaux-mouches que mora a minha Luz.

Porque por mais suspiros que Paris já me tenha arrancado, está a milhas de ser a minha cidade luz. Porque três meses de separação depois, constato que, nesta Europa por mim vivida, só Lisboa parece cartografada para me tirar o fôlego e, ainda assim, me devolver a respiração.

domingo, 7 de março de 2010

Orgasmos múltiplos

Bênção molhada dos céus na recepção. O negro de uma madrugada fria. Um clarão de luzes numa Lisboa cuja beleza a minha memória revela incapacidade de dignificar. A conversa de ocasião com o taxista. O rodar das minhas chaves na minha porta. Cá dentro o cheiro a mofo e outros vestígios de rigor invernoso. O regresso às comunicações 96 sem roaming. A confiança na tesoura da cabeleireira de eleição. O reencontro com a mana, a sobrinha, os papás e o cunhado. Os primeiros intercâmbios luso-angolanos. A primeira saída nocturna no regresso aos abraços das doncellas. Os almoços na Baixa-Chiado. O regresso às míticas quartas-feiras de ladies nights. Uma reunião que anuncia mais e novos desafios profissionais. As emoções ao rubro em mais uma festa de arromba na Comuna. E, qual cerejal em cima do bolo (porque uma cereja não chega), o trio de golos festejados no vermelho da Luz. Mais dias, menos horas, assim se completou uma boa primeira semana de volta aos meus prazeres.

Escrita retroactiva


Não foi falta de tempo. Não foi falta de assunto. Também não foi falta de vontade. E por não ter sido nada disso não sei o que possa ter sido. Agora que já passou, vejo-me de volta ao teclado. E em força.