terça-feira, 18 de novembro de 2008

Casual




Estava para ser na segunda-feira, mas passou para terça. Éramos quatro visitas, passámos a duas. Íamos ao final da tarde, antecipámos para a hora de almoço. Absolutamente nada corria como planeado. Quando finalmente chegámos às ‘artérias’ do nosso destino - depois da compra extravagante de uma caixa de bombons por 15€ -, deparamo-nos com um tal carrossel de manobras que ficámos a léguas do ponto de encontro. Primeiro a subir, depois a descer, demos aos passos o rumo das indicações que nos iam assinalando.


Já desconfiadas de tanto andar, avistámos o bem parecido edifício que nos servia de referência. O ‘nosso’ prédio ficava do outro lado da rua . Tocámos a campainha no sítio errado (modernices de prédios à Lapa), entrámos no sítio certo, e acabámos por ficar mais do que o previsto. Conversa vai, conversa vem, a hora de almoço passava das 15h30. Lembra-se o trabalho, que a visita era à casa da chefe, e apressam-se despedidas.



Ainda a ganhar forças para a longa caminhada de regresso às quatro rodas, vemos abrir o portão do bem parecido edifício. Do outro lado, topa-se um daqueles carros que só combinam com motorista. Seguimos a nossa marcha, até que o pendura decide perguntar para onde vamos. «Para o carro», respondo eu, enquanto tento perceber de onde conheço aquela cara. A cara insiste: «Onde é que têm o carro?». Como tínhamos «lá ao fundo», sem maiores indicações, o pendura despede-se. «Até à próxima».



Íamos nós a comentar o insólito e a tentar perceber que político estaria naquele carro, quando o carro reaparece do nada. «O homem tá doido! Foi dar a volta à embaixada para voltar a apanhar-nos!». Assumidamente ousado, mais ainda pela fartura dos seus cabelos grisalhos, o homem lá se saiu com uns galanteios, bem recebidos entre agradecimentos e sorrisos de estupefacção. Nós a pé, ele de carro, acabámos por parar o trânsito para trocar números de telemóvel. Será por acaso?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Salto e Cunha



Entrei sobretudo pelo prazer. Despida de pretensões românticas, pós-licenciatura estraçalhadas, segui a minha velha paixão. Alheia às vozes que me tentavam barrar o que dizia o coração, prossegui de peito aberto, sem, contudo, deixar-me cegar por pretensas vocações. Por muito certa que estivesse do muito que havia para dar certo, tinha de me preparar para o que pudesse dar errado.



Imaginava eu, nesse longínquo 2002, que o único dos meus pesadelos seria não encontrar alguém que me reconhecesse valor. Constato eu, neste presente 2008, que igualmente, ou ainda mais aflitivo, é encontrar quem nos atribua valor, sem que daí resulte um real reconhecimento desse valor. Constato eu que, à falta de uma cunha ou de uma ascensão de propriedade horizontal, só mesmo algum mérito para me conservar na corrida deste campeonato, embora nem todo o mérito do mundo me valha o acesso à Liga milionária.


É então que revejo boa parte da classe num recém-divulgado estudo do ISCTE. O trabalho, assinado por José Rebelo, conclui que «a cunha é a forma de acesso mais frequente à profissão de jornalista». Olho para os lados e vejo a tese ultrapassar-me a prática: tantas vezes rodeada de meros ‘encarteirados’, tenho dificuldade em escrutinar-lhes simples competências ou elementares aptidões. Muitos, nem sequer se dão ao trabalho de completar o primeiro dos trabalhos diários, que passa por ver o que se pode ver nos jornais. É então que não me revejo no circuito de uma profissão, a saltos-cunha espezinhada.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Mais gente sem perspectiva





Bem sei que o tipo gosta de atrito. Que é sinistro e que adora contrariar. Bem sei que o tipo é arrogante. Que se acha mais especial que o próprio special one e que só sabe desconversar.
Mas por maior que seja o meu conhecimento sobre o pior do tipo, o tipo acaba sempre por superar as suas próprias marcas de putrefacção. A mais recente, surgida a pretexto da eleição de terça-feira, acentuou-lhe os preconceitos, o ressaibo e a incapacidade de ouvir e de ver o que o rodeia.


Qual autista do século, senão mesmo do milénio, o tipo - que para meu calvário até já foi meu chefe - optou por destacar o mau legado de um George Bush em vez de reconhecer o bom presságio que a escolha de Barack Obama introduz. Qual fascista repugnante, o tipo - que para meu gáudio deixou de ser meu chefe - preferiu descontar do crédito mundialmente atribuído a Obama (ou a qualquer recém-eleito) as já longas quedas bolsitas, ou a já habitual estratégia russa de exibição de força. Faltou atribuir a Obama as culpas do aquecimento global, e de tantas outras maleitas da Humanidade.


Afinal, observa o tipo, Obama foi eleito e o mundo continua assoberbado de problemas. Pior do que estar sentada de frente para o tipo, é saber que há quem lhe pague para escrever barbaridades, assinando a vergonha de uma edição historicamente manchada.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Inspirador




Ouvia e chorava, chorava e ouvia. Entre lágrimas, assaltaram-me à memória os horrores da escravatura e o silenciar violento de lendários activistas civis. Sem nunca me desligar daquele discurso arrebatador, ia ouvindo e chorando. Entre lágrimas, reafirmei a convicção de que o mundo está melhor simplesmente pelo facto de Obama ter sido eleito o 44.º Presidente dos Estados Unidos da América. E só quem nunca sentiu na pele a diferença pode duvidar da importância excepcional deste momento. Yes We Can!

A minha família americana


Obama family: Michelle, Sasha, Malia & Barack

TUDO ISTO É HISTÓRIA


Ainda nem ouvi o discurso de vitória, e as emoções já me escorreram pelo rosto.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Estar de esperanças




Ignoro a origem da expressão 'estar de esperanças', mas conheço o seu significado. Sei por isso que, à letra da definição, não estando eu grávida não posso 'estar de esperanças'. Mas a verdade é que estou. Há mais de nove meses que 'estou de esperanças' de algo melhor, e há mais de nove meses que deposito essas esperanças em Barack Obama. Assim é desde o primeiro momento em que o ouvi discursar, num dos inúmeros vídeos que me custaram madrugadas de sono no youtube, e depressa me arquivaram enviesadas leituras preparatórias. 'Estou de esperanças' quanto mais não seja porque finalmente encontrei a minha 'cara-política'. Alguém capaz de me fazer acreditar nas suas palavras e de, assim, restaurar a minha esperança numa verdadeira mudança.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Confissões de adolescente




Acabei por rasgar um deles, furiosa com a invasão de privacidade da minha irmã, à época também parceira de quarto. Como sequela, deixei de escrever por uns tempos, mas não aguentei muitas linhas sem a terapia da prosa. Foi então que parti para outros dois, deixando a ambos inacabados e nem por isso incompletos. Num registo que, pela sua dilatada frequência, nunca se aproximou de um diário, fui narrando para o papel as histórias de uma adolescência tantas vezes indefinida. Umas vezes por um único amor torrencial, outras pelas amizades nebulosas, outras ainda pelas tempestades familiares. Fico-me por alguns excertos de 1995 e 1996, lidos no meu último fim-de-semana, prolongado à medida de um fecho antecipado.


Apetece-me fazer algo diferente, algo que me dê ainda mais prazer do que ver o Benfica ganhar.


Hoje fiz a minha primeira prova global. Tanto se falou nas famosas globais, mas pelo que vi não me parecem assim tão monstruosas.


Um repugnante acontecimento marcou a madrugada de 10 de Junho no Bairro Alto. Um grupo de 50 jovens, denominados skinheads, invadiu as ruas do já citado bairro com o intuito de agredir todas as pessoas que fossem encontrando, desde que tivessem um tom de pele diferente do deles.


O Artur Jorge já foi dispensado. Graças a Deus!


Outra vez o Emanuel...


Férias! Yupi!


Já sou uma trabalhadora. Isso de distribuir publicidade tem muito que se lhe diga!


Perdi o 1.º jogo do Campeonato. Não tinha companhia e faltavam-me 200$ para o bilhete.