quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Observação

Quase ao virar do calendário, volta a dar-se uma ressurreição ao estilo da que me apanhou em Luanda no ano passado. Agora é o meu desembrulho de aniversário que renasce das fitas, como que a integrar-me num balanço (dos bons, claro) da época.

Modernices #7

A minha sobrinha do meio, Leonor de seu principado, pede para falar com a titi, que no caso sou eu, e toca-me o coração pelo telemóvel.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Apontamento com atraso de época

Enchem a boca para se congratularem com a boa decisão de terem despachado as compras de Natal antes do seu mês oficial. Eu, sem querer desvalorizar a sapiência dos que anteciparam a anunciada tempestade consumista da época, lembrei-me de um pequeno pormenor. Será que a maioria dos que nos últimos dias se acotovelaram em direcção às prateleiras de todas as lojas e mais algumas andaram por aí a asnar, ou apenas ocupados a rogar pela chegada do subsídio de Natal? Não sei, mas desconfio que o comum do português médio (chapa ganha, chapa gasta) precisa de um reforço de orçamento antes de tentar encher o sapatinho.

Ainda o amor

Assina assim sobre o tema um dos nomes mais comerciais desta lusitana praça literária:

«Acredito que o amor em si não existe, o que existe são provas de amor».

Eu, que já fui possuída por essa força (excluo daqui os amores não carnais), declaro com o meu conhecimento da causa que percebo, mas ainda assim objecto o exercício de reflexão. Para mim o amor existe. O que pode não existir são as provas de amor.

Amor aos tamanhos

Ah! Um grande amor!

Ah! O meu grande amor!

Leio os suspiros de amor e pergunto-me: poderá alguém suspirar por um amor pequeno? Será que um enamorado pode fazer o elogio de um amor quando o sente pequeno? Ou amor que é amor só se alardeia se for no mínimo grande?

sábado, 25 de dezembro de 2010

No, No, No

Povo da minha aldeia global,

Reincido uma vez mais na minha maior perdição de época e consumo palavras atrás de frases para vos fazer chegar o melhor de todas as festas: a escrita dos dias. Por isso, com ou sem Natal, os meus postais de felicidades renovam-se: não se deixem ficar em branco.

No, No, No :)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Modernices #6

Em poucos cliques comunicamos em tempo real com alguém que está do outro lado do mundo. Em poucos cliques também reservamos um lugar ao sol a milhares de praias daqui. Estamos tão automaticamente mal habituados que é preciso cancelarem voos e fecharem aeroportos para nos voltarmos a lembrar da nossa avançada, porém ainda humana e por isso limitada condição. Sim é lixado ficar em terra quando há um Natal de viagem; sim, desconfio que houvesse maneira de minimizar os efeitos; mas não, não acredito que possamos nem que devamos programar o mundo segundo as nossas egoístas conveniências. Se a chuva, os ventos, os nevões, as tempestades têm a força de nos travar o passo de corrida, só temos é de viver com isso. Viver é o verbo, não correr.

Comprado


Já tinha dado por ele na televisão e numa ou noutra incursão de farmácia. Um dia insistiram em despachá-lo para mim, gesto que comecei por desdenhar porque ele estava longe de ter o charme das outras ofertas. Mas, à falta de melhor, lá acabei por me conformar com a minha ‘rifa’ , e confortar-me na ideia de que mais dia menos dia a necessidade acabaria por me bater à boca. Domingo foi o dia e, dois anos depois da aquisição, tenho a declarar que os meus herpecúleos lábios não querem outra coisa. Um pensinho aqui, outro ali, mais um e mais outro… e a erupção gigante que rebentou no domingo está aqui está a secar.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mé-mé

O que distingue gajos e gajas num primeiro contacto (não sexual, leia-se) com o mesmo sexo? Opção U (de única): elas ainda estão no momento das apresentações e, de um só olhar, daqueles de cima a baixo, não só tiram todas as medidas umas às outras como todas a ilações. E quem nunca o fez (sim, as ex e actuais namoradas deles também contam) que receba daqui a primeira pedra.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Fugas*

Percebo, enquanto um exercício de cidadania responsável, a divulgação de documentos classificados que revelam incongruências, incompetências, perversidades e falsidades de Estado. Não percebo, por entender que não passa de exibicionismo irresponsável, a divulgação de documentos classificados que se limitam a expor influências, desconfianças, rivalidades, e proximidades entre Estados. Porque o direito de não ser enganada pelos poderes públicos (ou por um chefe em gestão danosa), não me deve eximir da obrigação de perceber que há domínios que devem permanecer classificados (assumindo que a origem é legal, não me diz respeito saber de onde veio o dinheiro para o aumento de capital da empresa). Aliás, da mesma forma que num jogo de sedução o nosso poder depende em parte do que sabemos do outro, também num jogo político o poder vem em grande parte do conhecimento dos adversários. Por isso não entendo o bruaá sobre os segredos diplomáticos revelados pelas fugas wiki, da mesma forma que não entendo por que só a informação incriminatória ou condenável vem a público. Terá a wiki uma conveniência privada em esconder algumas cenas?

*a história da prisão é outra conversa

Bons sonhos

Hoje vou dormir lindamente. Duplamente.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Limites da loucura

Aquela musiquinha deprimente a servir de fundo, a frieza das paredes hospitalares, o discurso distorcido por interferências que assumo serem da medicação. Tudo ali pesava-me demasiado para acompanhar a ocasião, por isso estava determinada em pressionar o botão e fazer zapping dali para bem longe. Mas deixei-me estar, e, quando dei por mim já andava perdida em reflexões, embalada por aquela musiquinha deprimente, acomodada naquelas paredes hospitalares e especialista na descodificação dos medicamente assistidos discursos. De repente detenho-me num homem. Pessoa com um passado regrado de aparências e um quarto de hospital entupido de lembranças. Como terá ele ido ali parar? O que fez resvalar uma existência de lucidez socialmente comprovada para uma ruptura com a dimensão de um internamento clinicamente forçado?


A inquietação daquela reportagem, gravada nos corredores do Miguel Bombarda, mais conhecido por Júlio de Matos, voltou-me há dias. Agora já não através da distância de um ecrã mas antes pela proximidade da porta de trabalho. Ele que costumava brincar e confraternizar passou a calar e rezingar. Ele que era tão aberto fechou-se. Notámos, comentámos, perguntámos, confrontámos, preocupamo-nos e, umas semanas depois dos primeiros sinais de estranheza ele desaparece dali para bem longe. Como terá ele ido ali parar? O que fez resvalar aquela existência de lucidez socialmente comprovada para uma ruptura com a dimensão de um internamento clinicamente forçado?

Plágios a post aberto

É leitura minha, ou anda por aí muita gente preguiçosa de pensamentos que, sem qualquer constrangimento de aspas, assina como seus os pensamentos de outra gente?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Modernices #5

Até pode haver quem ligue para fazer conversa. Mas eu, interesseira que só ouvido, cumpro o hábito de ligar apenas quando preciso de uma informação ou de uma resposta a uma reclamação. Então por que raio tenho de levar com aquele débito automático?

Um, dois, três, quatro, cinco……a lista de opções até chegar à hipótese de atendimento humanizado é de tal forma prolongada e exaustiva que, às tantas, sinto que liguei não para resolver o que pode ser uma complicação, não para fazer conversa. Apenas para fazer tempo.

Votos de silêncio


Por vezes apetece explodir e libertar as frases que sufocam. Mas quanto mais experimento as preferências humanas, menos acredito em explosões de pacificação. Por isso, quando por vezes me apetece explodir e libertar as frases que sufocam, prefiro conter-me asfixiada. Por isso, quando por vezes me apetece partilhar verdades que sinto, prefiro censurá-las a revelá-las. Tudo porque a maioria dos mortais que conheço privilegia um consentimento falso a uma discussão verdadeira. Tudo porque mesmo entre amigos comprovadamente amigos a verdade de uma opinião chega demasiadas vezes como um ataque da oposição.

Por isso, apesar de acreditar, com a devida sensibilidade para as sensibilidades, que as opiniões dos amigos comprovadamente amigos nunca deveriam gerar afastamentos, a realidade é que os receios dos distanciamentos falam muitas vezes mais alto e calam a frontalidade. Porque no fundo, no fundo, quando não logo à superfície, sabemos que quando as pessoas não querem ver aquilo que está escandalosamente à vista também não querem ouvir.

Porque no fundo, no fundo, quando não logo à superfície, sabemos que ninguém lida pacificamente com a má crítica, o julgamento e a reprovação. Por isso, quando por vezes não deveria ser condescendente com um amigo comprovadamente amigo acabo por sê-lo e, em vez de o contrariar, muitas vezes opto pelo silêncio. Não como quem consente num erro, mas como alguém que cala porque pressente na frontalidade a chegada da hostilidade. Por isso repito: nem aos amigos comprovadamente amigos (a seu tempo postarei sobre o meu entendimento disto) é-nos permitido dizer tudo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

25 mil euros?! A sério?!

Dou por certa a versão que leio num dos jornais do dia e acho-me boquiaberta. Com que então o Supremo Tribunal de Justiça condenou a SIC a pagar 25 mil euros a uma ex-concorrente do programa Ídolos? Por lhe ter prometido um sucesso que ela nunca alcançou? Estarei a ler mal?
Tudo bem que a miúda diz que começou a deprimir, que esteve um ano incapaz de marrar nos livros, que isto, que aquilo. Mas por maior que seja a minha capacidade de compreensão escapa ao meu entendimento como é que um tribunal responsabiliza a SIC por isto. 25 mil euros porque o CD que a miúda lançou, mesmo sem ter ganho o concurso, foi um fracasso quando supostamente tinha garantias de se transformar num hit?

A sério???!!!!

Se a sentença à americana pega, qualquer dia temos exércitos de trabalhadores a acusarem as empresas de os empurrarem para um abismo de desmotivação por nunca cumprirem a promessa de aumentos. Se a sentença à americana pega, qualquer dia temos universidades condenadas pelo crime de formarem alunos para o desemprego. Como se o sofrimento, as desilusões, as frustrações e as privações da vida devessem ser compensadas nos tribunais.

Incrível

Supera o suportável. É, estranhamente, mais do que isso. As deixas abandonaram o costumeiro registo do inacreditável, os actores parecem ser mesmo actores, e as vidas que ali se representam encaixam mesmo na vida. Daí a pergunta: será que estou mesmo a ver uma novela portuguesa? Ah! Não, espera! Diz que as cenas têm a marca verde e amarela que garante a qualidade de algumas das melhores produções do género. Ah! Aguinaldo! Está explicado.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Já sei!

Ou melhor: já tenho uma explicação. Vale o que vale.

Trinta por uma linha.

Mais forte do que eu

Bem sei que as pessoas não se medem pelos erros ortográficos. Bem sei que eu própria os dou, mais ainda na baralhação dos acordos que comem cês e engolem acentos. Mas quando tenho dúvidas pergunto, vou ao dicionário: há uns quantos aqui mesmo, à mão de clicar, entre espreitares de facebook e teclares de messenger. Quando tenho dúvidas faço trinta por uma linha (já agora gostava de saber de onde vem esta expressão), tudo e tudo e tudo, menos errar para não me dar ao trabalho de acertar. Talvez por ser um bocado, a resvalar para o muito, obcecada pela ortografia, não consigo deixar de ser este tipo de gente: mudo ligeiramente a forma de olhar para uma pessoa consoante a leio. Chego mesmo a ficar desiludida. Do género: «Ah! Tinha tão boa ideia dele! Ah! Ela parecia-me tão letrada.» Bem sei que as pessoas não se medem pelos erros ortográficos e o grande Jorge Amado é disso exemplo, embora os génios não sejam para aqui chamados. Mas, descançado? Esqueçemos? Discução? Despreso? À muito?
Tento na língua, por favor!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Por falar em anuidades...

Acrescento um tópico à discussão: depois de apanhar a fase de alguns remake novelísticos que para mim ficavam-se pelo make Mulheres de Areia, Pecado Capital etc e tal , entro agora na fase dos remake novelísticos que são mesmo Re. Ti-ti-ti?!

O verificador etário

Comecei criança, pela mão paterna, no inesquecível templo betanizado. Eu e eles andávamos separados por uns quase 20 anos. Depois entrei naquela idade famosa pelas interrogações, com a mesma certeza de sempre: eu e eles. Aí ficámos mais perto: entre nós esbatia-se uma década, entretanto consumida até à fase do encontro. Aqui estivemos finalmente ela por ela, qual casalinho perfeito. Agora invertemos os papéis: eu avanço para a idade futebolística de pendurar as chuteiras e eles, ainda que com a ajuda do truque da renovação de plantéis, correm a todo o fôlego. Amadurecer também é isto.

Dúvida



O que nasceu primeiro? A justiça ou a injustiça?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A temperatura desceu, esta morada refrescou-se.

Então é isto?

Percebi há dias que estas coisas arrumam-se numa prateleira muito concorrida onde se pode ler a palavra tablets que, passe o meu simplismo, só me faz lembrar bandeletes ou bandoletes. Na realidade é indiferente porque a grafia vai dar ao mesmo acessório que, tal como estas coisas, nunca fez furor na minha cabecinha. Ainda assim, reconheço que  isto é bonito de se ver.

Modernices #4

Antes sabia de tudo o que era suposto saber por email, por sms, também através de telefonemas e muitas vezes ainda num animado tête-à-tête. Agora as novidades daquela vida chegam-me aos posts, partilhados com um mundo indiferenciado no Facebook.

Atraso de greve

  1. É no mínimo ingénuo desfilar a bandeira do direito à greve pelos corredores do sector privado, porque, por mais que o dito esteja constitucionalmente consagrado, não consegue fazer frente à pressão de um despedimento. E quando há empresas a organizar boleias entre funcionários que não se conhecem apenas para garantir que TODOS têm forma de chegar ao trabalho, está implicitamente a dizer que NINGUÉM tem o direito de recusar uma boleia ou uma condução. Isto, claro, se não quiser perder o lugar nas próximas viagens da empresa.
  2. Se tivesse mesmo, mesmo, mesmo de ir trabalhar, iria. Mas, sendo a quarta-feira um dia que não é carne nem é peixe, não fazia qualquer sentido sair de casa para enfrentar uma desgastante corrida de obstáculos. Primeiro a rodoviária que se calhar andaria, depois a carris que talvez circulasse. Volta daqui e dali, as melhores previsões antecipavam-me cerca de quatro horas de viagens. Por isso, ainda que não tenha feito greve não fui trabalhar.

Dezembro

Chego a este mês e nunca é a Natal que me cheira. Cheira-me sempre a Ano Novo, sinónimo de mais um velho que se esfuma do meu calendário.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Modernices #3

Incrível como o Facebook insiste em demonstrar-me que o mundo não é apenas pequeno. É mini, é micro, é nano.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Bem jogado

Ideal para contrariar as más ideias que teimam em se anunciar, este vale muito a pena.

As lágrimas continuam

Dizia a Inês que eu não iria chorar. Dizia eu que ela estava a subestimar a minha sensibilidade. Agora, revistas as deixas, é espaço de escrever que as minhas emoções estavam sequinhas até a Bailey aparecer com a cena da cola. 'Raisparta'!

Dose dupla




Estou prontinha para recebê-los mais logo com honras de sofá.
Voltem sempre.

Interrupção de morte

Via sms, a mensagem começou a circular, vinda dos que saíram, dirigida aos que ainda estavam para sair. Com a linha verde interrompida, era certo que os planos de metro teriam de mudar de cor e quase certo que a paralisação metia assuntos de morte. Suicídio, apostávamos nós. Tentativa de homicídio, revelaram as notícias. Palpites à parte, numa coisa acertámos: foi uma interrupção com contornos de morte, no caso imposta a partir de uma discussão. Assim abreviada: dois motivaram a intervenção de um terceiro e, no calor dos insultos, alguém sacou de uma arma e abriu fogo de consequências críticas. Tudo isto numa carruagem de metro demasiado perto de mim.

À mesa

O último almoço que partilhámos, não no sentido do derradeiro, antes no do mais recente, começou por me desassossegar o coração. Mas o tempo da refeição acabou por me servir a prova conclusiva das minhas emoções: aqui já não jaz nem uma faísca do velho fogo.

Modernices #2



Primeiro foi o vestido da miúda. Uma criança nuns inocentes seis, talvez sete anos. Voltei a olhar para a imagem na expectativa de sentir a indignação que me estava a ser transmitida e nada. Continuei a ver apenas uma criança nuns inocentes seis, talvez sete anos. Mas e as pernas a descoberto? Assim, mal cruzadas, a revelarem uma nesga de cuequinha? E eu que só conseguia ver uma criança nuns inocentes seis, talvez sete anos. Nada de tarados pedófilos à espreita no meu horizonte. Mas, ok, concordei. Há gente capaz de fantasiar perversões perante uns inocentes seis, talvez sete anos. Mas isso deixa de fazer da imagem uma foto de família? Os tarados pedófilos deixarão de ver na criança uma presa se ela aparecer de pernas bem cruzadas? Ou será que os pedófilos só cobiçam crianças com nesgas de cuequinhas à mostra?

Agora é a campanha animada do Facebook. Comecei apenas por achar tudo uma grande parvoíce, mas, depois, ao percorrer as imagens de mudança dos perfis à minha volta, senti-me inundada por uma onda tão boa que também quis navegar um pouco mais pela minhas desenhadas memórias. Mesmo sem saber como tudo começou. Mesmo sem que pareça haver nisto uma qualquer nobreza de causa. A mim basta-me a onda cool e quem não a sente que não a apanhe, da mesma forma que nunca me deixei arrastar pelas ondas sexistas que ligavam cores à lingerie, locais da casa ao pouso das malas, e valores de multas a experiências sexuais.

É uma opção. Adere e rejeita quem quer. Mas associar isto a uma campanha ao serviço de taras pedófilas? Sob a argumentação de que os putos desatam a aceitar convites de amizade enviados por gente de feições animadas? E eu, aqui, tão orgulhosa da minha turma que continuo incapaz de carregar de negro um movimento tão colorido. Será ‘loirice’ minha, ou a preocupação não deveria estar na hipótese de os putos aceitarem convites de gente estranha? Manipular a imagem que serve de apresentação a um perfil é tão fácil, mas tão, tão, fácil que não vejo o interesse de embonecar tudo e todos. Até porque, digo eu, desta forma torna-se um bocado mais complicado para os predadores seleccionarem as suas presas. Mas isto sou eu, na inocência dos meus 31 anos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Aos 70 e poucos minutos...

...de duelo ibérico, tenho de postar isto: Há ESTÁDIOS FELIZES.

Toda a verdade sobre uma grande obra


O tempo que passou desde a publicação do texto até me chegar a mensagem dava pelo menos para mais uma leitura. Talvez tenha sido assim: a senhora Franco viu naquela legenda uma sugestão literária e decidiu segui-la. Uns belos dias depois não resistiu a fotocopiar a página do artigo que continha a fracturante legenda, devolvendo-me, pelo correio não electrónico, o que ela terá recebido como uma recomendação de leitura. «Leia o livro», ordena-me a senhora Franco, ignorando tratar-se de uma das minhas obras de eleição de sempre. E eu, que li e reli os Maias, que amo Eça de paixão e que cresci convencida de que o Carlos da Maia e a Maria Eduarda eram irmãos, que aí morava o dramalhão do Ramalhete, eu, logo eu, parece que afinal tenho de ler o livro como manda a senhora Franco para perceber que ambos não eram irmãos. Sim, é falso, escreve-me a senhora Franco antes de me mandar ler o livro. «Carlos e Maria Eduarda não são irmãos. Maria Eduarda é a mãe».

E o próximo maluquinho, quem vai ser?

Ainda Angola?

A coisa tem-se manifestado com a devida solenidade de época. Eu, que andava há anos sem saber o que é uma verdadeira constipação, eu, que andava há anos sem bater o dente à primeira descida mais acentuada dos termómetros, eu, que só em dias de avisos meteorológicos especiais rogava pelo aquecimento de serviço, eu, que com o tempo me fui desfazendo dos agasalhos mais pesados, eu, que no fundo já estava perfeitamente climatizada à temporada de chuva e frio europeias, só tenho suportado este Outono com a ajuda de mantas, chás e mais mantas Serão efeitos de um último Inverno sem Inverno? Enquanto discorro sobre isto, a grande molha de sábado, carinhosamente aconchegada nas bancadas de domingo, continua a congestionar-me a respiração. Saúde!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Antena emocional

É uma segurança inexplicável. Bato o olho na parelha e pimba. Sempre que capto uma ligação, mais tarde ou mais cedo a bendita confirma-se. Por isso vai não vai, não resisto em depositar algum crédito na convicção que tive em tempos que não foram os mais recentes.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ora, digam lá...

E depois das manifestações de júbilo da noite de ontem, do dia e da tarde de hoje, eis que o silêncio voltou a imperar na zona balnear da segunda circular. Hã? O quê? Não ouço!

Modernices #1

No café de todos os dias a caminho do trabalho:


Cliente: «Se faz favor, pode-me indicar o preço de…»
Empregada: «Precisa de um cartão. Tem de pedir um cartão à entrada»
Cliente: «Importa-se de me dizer quanto custa?»
Empregada. «Vai precisar do cartão».
Cliente: «Só se tiver dinheiro para pagar, mas se não me disser o preço continuarei sem saber».

Moral do diálogo: quanto mais canais temos menos comunicamos. E infelizmente não estou a falar de televisão.

domingo, 7 de novembro de 2010

Para lá da imagem

No jantar de uma das quintas-feiras que se fizeram de culto, ele, fotógrafo, pergunta se eles, marido e mulher, continuam casados. Estranha-se a dúvida, mas antes de maiores especulações, a explicação dele ouve-se sem demora. «Vi uma foto da festa e fiquei com a sensação de que alguma coisa não estava bem». Confesso-me impressionada com a sensibilidade, dou o devido crédito aos cliques de profissão, distraio-me dias e dias do assunto e agora, ao olhar para a imagem, vejo nas ondas, nas nuvens e na areia um estranho presente.

Má evidência

Estou feita num 8 + 2.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Palpitações

Assim do nada, com os ouvidos musicalmente entretidos e os pensamentos esvoaçantes pelo pé das letras, a imagem desestabiliza-me o ritmo cardíaco, deixando um passado que em tantos momentos assumo arrumado esgueirar-se pelo presente, e instalar-se incomodamente, sobressaltando o futuro.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Hein?

Os pais, encostados às suas máquinas de condução, esperam pelo filhos, ainda crianças, à porta da escola. Ouve-se o toque que assumo ser o de saída, começa a correria ao encontro dos abraços e, já no remate da feliz acção, quando sobra apenas um miúdo que, lado a lado com o que deve ser uma professora ou auxiliar, encaminha-se para um homem de barba feita. Todos sorriem, sorriem e sorriem, até que nos chega a grande cena: o pirralho pira-se e a sua acompanhante, de cabecinha loira, aconchega-se nos braços do meio barbudo perante uma plateia de olhares que, de repente, perdem a felicidade do momento familiar e ganham uma expressão de inveja. Afinal, que adulto, para usar a linguagem da coisa, é que no seu perfeito juízo prefere os filhos a uma loirinha acoplada a um carro novinho em folha? E a frase? «O bom de ser adulto é que podemos fazer as nossas próprias escolhas». E depois? Uns sentem-se miseráveis porque optaram pela descendência e o outro exultante por se ficar pelo carro e a loira? Mas quem é que compra mensagens publicitárias destas?

Ventos de Novembro


Sopra-me que um mês que começa assim, começa bem.

Hoje

Chegou mais uma cunhada. Que é como quem diz alguém com cunha para a entrada.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A tentação da estação



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades: adeus Magnum Gold, olá Leiteira de caramelo.

Eu sou!

A vontade arrastou-se por anos. Diria que no mínimo quatro. Entre informações cruzadas em conversas e pesquisas de internet, acho mesmo que cheguei a submeter uma inscrição online. Mas nada de momento vampírico. Até ontem, dia do juízo providencial.

Pus-me a caminho do Campo Grande, minha estação de passagem diária, segui o sentido do Lumiar e, mais coisa menos coisa, em 10 minutos estava à porta.

Estranhei a ausência de indicações para o meu destino, agarrei-me à primeira esperança orientadora - que no caso surgiu-me vestida de segurança -, apanhei uma boleia de naveta (ai, que raio de aportuguesamento) e, em menos de 5 minutos sobre rodas, cheguei ao edifício prometido e vazio de esperas. Ainda cheguei a namorar a cafeína que me seduzia de uma máquina, mas acabámos afastadas pela rapidez dos acontecimentos, eficazmente acelerados pelo meu prévio preenchimento daquela importante papelada.

Nem 10 minutos se passaram quando, de sangue já colhido, atravessei a porta que me devolvia à rua. Estava de saída do CHSUL, estava de entrada na lista de dadores de medula óssea.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Felicidade redonda




As melhores notícias carregam-se na barriga. Mesmo não sendo a nossa.

Sopro vital

Todas as perguntas são legítimas. O que é feito da bagagem que trazia de Luanda? Ficou retida na Portela por exceder o peso que a minha vida em Lisboa é capaz de aguentar? Extraviou-se algures, por entre milhas de mistérios atlânticos?

Retida ou perdida, estranho não a ter dado por sofrida. Hoje, quase meio ano depois da aterragem, dou-a ‘simplesmente’ por vivida. Vivida desde o primeiro reencontro via sms, depressa alargado a dezenas delas. Prosseguida mais tarde num, noutro e mais um e mais outro exame ocular, explorado entre suspiros, silêncios, batimentos acelerados e lembranças de partilhas recentes. Em cada momento, o mesmo magnetismo de sempre e no entanto a mesma impossibilidade de antes - A OUTRA - agravada por uma outra impossibilidade - A DISTÂNCIA.

Primeiro a outra. Está presente desde o início, tenho dúvidas sobre se continua a estar, mas, tenha ela ido ou ficado, eu avançar ou recuar nunca poderia depender disso por mais que não pudesse deixar de ser influenciada por isso. Afinal, cada um tem de valer por si, independentemente de princípios, meios e fins.

Agora a distância. Está adiada para já, mas esteve iminente desde a chegada. Se estava no ir não fazia sentido começar a construir. Se estava no ir não fazia sentido insistir. Se estava no ir nada de nada fazia sentido. Mas, um dia após o outro, acabei ficando até achar-me assim. Simultaneamente ligada e desligada da bagagem. Ligada por experiências e afectos inigualáveis, desligada por sentir uma ultrapassagem do tempo.

Sem brusquidão, com muita serenidade. Como quem sente um sopro de vida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um Seu que é Meu



O passaporte para o próximo show da minha felicidade já cá encanta. Até lá, Meu Jorge.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vai, não vai...

…Ando há dias para voltar a esta morada. E não, não é só trabalho. E não, também não é caso para rumor de amor. É a vida. Muita vida.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Matematicamente falando

Três dias trabalhados entre fins-de-semana e um feriado. Duas folgas por cada uma dessas 24 horas. Seis dias úteis para gozar. Cinco em Marselha já na próxima semana, e, afinal, até tenho jeitinho para fazer contas!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sim, Senhor Presidente

«Queremos concluir dizendo que compete aos benfiquistas defender o Benfica e apelando a todos para amanhã*, no nosso estádio, darmos uma grande demonstração da nossa força e da nossa união».


*Continuarei a fazer tudo isto, mas amanhã, mesmo sem caracteres, a noite é de fecho. Hapoel e coisa e tal só pela televisão.

Está na alma

O meu corpo agitava-se na sua vontade própria de se perder em danças, desequilibrando-se no desencontro com um espírito teimoso em remoer a derrota quando ouvi aquela voz. «Não acredito que perdemos por 2-1». Por segundos ainda pensei que pudesse ser o meu teimoso espírito a falar mais alto, mas por muito que a voz me projectasse o fundo era evidente que ela não vinha de mim. Aquela voz que poderia muito bem ser a minha, vinha de um desconhecido que andava p’ra ali a arrumar carros. Um desconhecido que, talvez num excepcional momento de telepatia clubística, captou o sentimento que nos unia as almas. Incrivelmente gémeas no dissabor.

Bucha e estica

Depois de uma semana a digerir milhares e milhares de caracteres, esta dieta editorial está a fazer-me maravilhas. Ai, que delícia de escrita sem medidas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Linhas cruzadas

Depois da ocorrência telefónica de alguém me ligar, tratar-me pelo primeiro e último nome e juntar à conversa o país de morada e o nome do meu cunhado, chegou a vez da ocorrência telefónica de alguém me 'smsar', tratar-me pelo primeiro nome e perguntar-me por uma Ana que poderia bem ser a Ana do jantar da véspera. E ainda há quem diga que não há coincidências!

A herança

96.….

A minha cabeça deu um nó naquele tracejado.

96.…

Nada de pai nem mãe. Nada de irmãs, nada de ligações de consanguinidade. Apenas a certeza de um 96.

96 qualquer coisa.

A haver recuo ele far-se-ia por ali. Naquele tracejado. Simplesmente porque me paralisou muito mais a ocasião de ter de indicar um contacto em caso de acidente do que a ideia de que, de facto, o acidente poderia acontecer. Na tal sexta-feira 13.

Perversão da ordem

Na boa educação que me fez crescer cedo aprendi que um bom guarda-redes é meia vitória. Agora chegou a época de saber até quando se insiste com uma meia derrota

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conhecer-me é...

…saber que os resultados do Sport Lisboa e Benfica afectam-me, para o bem e para o mal. E ele sabe.

Sexta-feira 13

Nunca me passou pela cabeça fazê-lo. Não por receio, mas pura e simplesmente porque nunca me virei para esse lado. Também nunca o faria a pagar. Não por achar que seria um desperdício, mas pura e simplesmente por nunca o ter considerado na minha lista de consumos. Nunca isto, nunca aquilo, e a mesma certeza de sempre: no meu trabalho o nunca de há pouco pode ser o já de agora. Por isso eu que nunca, nunca, nunca, nunca lá me vi a saltar de pára-quedas numa sexta-feira 13.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Expectativas ao rubro

O homem que me vai receber em Évora na sexta-feira, que é como quem diz depois de amanhã, falou-me assim ao telefone:
«Venha preparada para tudo». 

De andar na rua

Rebentaram-me as águas!

Não as da bolsa amniótica que nos valorizam com filhos, mas as da bolsa sudorífera que nos desvalorizam os perfumes.

Ainda a propósito da tolerância

Uma vez retirado de um dia de resguardo de ar condicionado, e exposto ao forno ambiente da noite, o meu cérebro resolve entrar em contradição. Nisto, contabiliza os minutos que separam a chegada do metro do horário do autocarro que mais me aproxima da porta de casa e conclui que 7 minutos não chegam. Como 7 minutos não chegam e a espera pelo autocarro seguinte leva ainda metade de uma hora, ele lembra-se de me fazer apanhar um outro, que me aproxima igualmente da porta de casa. A alternativa, que me deve fazer avançar mais uma estação de metro antes da saída, poupa 15 minutos do meu tempo e deixa o meu cérebro satisfeito. Mas, no exacto momento em que tenho de seguir viagem o sacana faz-me acreditar que os 7 minutos que não chegam podem esticar. Mas, no exacto momento em que não posso sair porta fora, o sacana faz-me debandar. Ó cérebro, amigo, assim não dá!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um quarto de longevidade

Não fosse a turbulência de uns nove meses de má memória – agravados pela notícia de um injusto despedimento e assombrados por ameaços de um definitivo fechar de portas – e domingo teria sido um dia de festa. Não fosse a ressaca do mau resultado de sábado – que me encerrou dentro de quatro paredes, afastando-me de usar a minha fúria para morder vítimas – e domingo teria sido um dia de festa. Não fossem as ocupações dos dias – que me distraem das datas mais importantes, diluídas no consumo das horas – e domingo teria sido um dia de festa. Como não foi um dia de festa, acabou por ser um dia esquecido, poucos dias depois de eu o ter lembrado como um dia a recordar. Domingo foi dia 8 de Agosto. No domingo cumpri quatro anos de casa. Não houve festa mas pelo menos não me tem faltado animação.

Peço tolerância

Ao segundo dia de atrofia dos meus pensamentos, na maioria derretidos antes sequer de se assumirem no formato de ideias, deixo ao mundo a minha proposta para todas as estações. Ora então vamos a ela: cada país, de acordo com o clima que lhe aquece ou arrefece as tradições, deveria integrar no plano nacional de saúde uma orientação de tolerância colectiva, aplicável perante desacertos de termómetro. Assim, seria decretada a previdente tolerância de cada vez que as temperaturas escalassem ou descessem os valores máximo e mínimo definidos como aceitáveis para a articulação de raciocínios – na avaliação de especialistas sem ligação comprovada às práticas cegas de Lagoa, tipo eu, eu e eu. Assim, de cada vez que os dias de trabalho exigissem ficar condicionados de ar para se salvarem da nulidade – já agora relembro o quanto essa aparelhagem ventiladora sufoca a pura respiração – lá entraríamos nós em tolerância. Tolerância por não conseguirmos andar mais do que um minuto sem suspirar, isto segundo o cronómetro das pessoas resistentes como eu. Tolerância por não conseguirmos adormecer devidamente as noites, isto a pensar nas reclamações que recolhi hoje, porque o meu dormir ecológico continua a embalar-me que é uma maravilha. Tolerância por não conseguirmos falar com a tagarelice desejada, asfixiando os acessos de verborreia que nos são tão característicos (não, não sou a única). Tolerância por não conseguirmos refrescar o corpo, por mais insistentes e gelados que sejam os banhos.


Tolerância.
Simplesmente tolerância.
À minha, à tua, e à nossa preguiça.
Pela saúde de todos.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Blogando

Sempre que me apanho em blogues que se apresentam com as palavras dos outros invade-me uma simples pergunta: pode alguém promover um espaço de escrita que se presume de autor abdicando à partida da própria autoria?

Confissões de rua

Amo de paixão o trabalho lá fora. A oferta de um mundo novo a cada encontro. Detesto a impertinência dos efeitos colaterais. Como os de hoje, que me deixaram grávida de curvas.

Peço justiça

Ele empurrou-me e puxou-me com toda a sua fúria. Como dei luta ele lembrou-se de me atirar pedrinhas. Pedrinhas e outras armas que os meus olhos semicerrados em modo defensivo não conseguiram identificar. Ele agrediu-me, mas como não posso apresentar queixa apenas me queixo. Contra esse impostor do vento, que, criminosamente, tirou a noite de hoje para me soprar correntes de violência. Bandido!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

1,2, 3…interferência

Emite-se o alerta em jeito de SOS, em jeito de quem luta por uma evolução, em jeito de quem recusa o deixa andar. Recebe-se o alerta em jeito de queixume, em jeito de quem vê na crítica um sinal de destruição, em jeito de quem se entrega à resignação. Entre o emissor e o receptor solta-se então o chavão da praxe: «Não sabia que a nossa relação era assim tão frágil». Eu, Suíça nesta comunicação, encerro assim e apenas por mim, uma tantas vezes reeditada discussão: todas as relações são frágeis por definição porque a força delas depende sempre da nossa construção.

Então, vamos a isto!

À falta de uma Benfica TV – que esta empresa insiste em não ser perfeita – e na ausência de uma ordem de soltura – que hoje a noite é de fecho – decidi aproveitar este raro desafogo de escrita – ai, que as três últimas semanas foram arrasadoras – e investir aqui os meus próximos caracteres. Ora então vamos lá.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

À minha maneira

Agarro o ditado pelos nervos e refaço-o à medida do meu defeso: «foram-se as unhas, ficaram os dedos».

A provocação da época

Há os colegas que vão, também os colegas que foram, e ainda os colegas que vêm. E eu aqui, sem uma nesga de férias para descansar as perspectivas.

Pára-raios

Era uma consumidora de todos os dias de Verão. Daquelas que, sem enjeitar um minuto que fosse de uma paragem por ele, programava encontros com um entusiasmo adolescente e, deitada sob o seu calor, gozava o prazer de um esquecimento inconsequente do tempo.

Era, de facto, uma consumidora de todos os dias de Verão. Talvez por isso, acuse hoje os gastos de todos esses dias e veja esgotada a minha paciência para repetir os gestos preguiçosos que me fizeram tão feliz debaixo dele. Talvez por isso, fuja agora de demoras com ele, e dê por mim a preferir usá-lo como acompanhante de passeios e conversas de rua sem ocasião, em vez de esgotá-lo na areia, num indolente exercício de papos para o ar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Queria...

...actualizar-me na minha escrita, mas as linhas do trabalho insistem em sugar-me os dias e as horas das palavras úteis. Fico-me, por isso, pela menção babada ao nascimento do ano: bem-vinda princesa Lara.

domingo, 11 de julho de 2010

De coração

A razão apoiava o lado holandês que a nossa derrota despertou em mim (sim, fomos eliminados mas podemos dizer que foi com os campeões do mundo), mas, nesta final Mundial, ganhou a minha perdição pelos espanhóis (sim, sopram dali muitos bons ventos), combinada com uma incerta fome de vingança (oh, azeda laranja que espremeu o meu amado escrete e expulsou um Forlán Diego tão jeitoso). Hoy estoy roja. Mañana intentarei escribir acerca de otras cosas que no sean tan redondas.

terça-feira, 6 de julho de 2010

E esta, hein?

O tempo apressa-se para me envelhecer. Eu sei. Mas espero ainda estar longe daquela fase de passar ao lado da data do meu próprio nascimento. Declarado isto, a que propósito o Windows, esse colosso que me alberga o Hotmail, se terá lembrado de me mandar um alerta, avisando-me de que amanhã é dia de festa?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Declaração de honra

Juro, sob compromisso de honra, que tenho feito mais pela vida do que acompanhar a trajectória da Jabulani. Sobretudo por isso continuo sem perceber por que raio está este sítio convertido em bancada de estádio.

Bola ao Post #8

O meu coração sobreviveu a Durban e, a partir do primeiro golo de hoje, portou-se que nem uma máquina das boas. Pena é que as minhas roídas unhas não se possam gabar do mesmo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Bola ao Post #7

Durante os primeiros 45 minutos o meu coração saltou tanto, tanto, mas tanto, que desconfio que neste momento já chegou a Durban.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bola ao Post #6

O atraso destas linhas confirma-me a suspeita de que há vida além do Mundial. Vida, ou, na menor das hipóteses, intervalo, entretanto esgotado para que eu possa escrever isto:


  • Desde domingo que os oitavos já cá cantam.
  • A expulsão do Kaká transportou-me a mente para uma cena de teatro das más.
  • De repente os portugueses que já não eram portugueses voltaram a ser portugueses.
  • Antes de os portugueses que já não eram portugueses voltarem a ser portugueses, decidiram demonizar um nacional português que naturalmente nunca será português. Porque manda o espírito tuga da não responsabilização e crónica desculpabilização que se atribua a outrem todos os males de uma má classificação. Porque, agora que o Deco já não está para tantas curvas, talvez tenha sido um erro naturalizá-lo. Porque, agora que o Deco está mais para lá do futebol do que para cá, talvez seja um perigoso factor de divisão. Porque a tradição da intolerância ainda é o que era.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bola ao Post #5

Ao quarto escrito ‘bolado’ em menos de 24 horas por acção dos golos que escasseiam na África do Sul, assumo o risco de ver esta morada transferir-se para um campo mono temático.

Assumo o risco, mas não resisto a comentar estas imagens. Com que então dizem-me umas quantas que isto é fofinho? Fofinho?! É verdade que os homens querem-se capazes de uma certa comoção e coisa e tal, mas, no cenário desta causa, chorar a ponto de soluçar e fungar parece-me um tanto ou quanto excessivo.

Ainda o mesmo filme

A última crítica que li, de mais uma ilustre cronista e desiludida, confirma a minha pia convicção: gostei do filme porque não pertenço ao séquito de fiéis da série. Porque parece que quem gosta mesmo mesmo da coisa, por aquilo que a coisa é ou tem fama de ser, avalia a coisa pelo guarda-roupa e admira as personagens pelas frivolidades. SIM. Porque não cabe na cabeça dos adeptos da coisa que gente tão sofisticada, como têm a obrigação de ser a Carrie, a Charlotte, a Miranda e a Samantha, tenham momentos de menor sofisticação. Porque, imagino eu, isso é demasiado campónio. E, como se sabe, a coisa mete cidade.

Bola ao Post #4

Olho para o título «Música e Droga» e a primeira leitura que me assalta os neurónios é «Música e Drogba». Sigo então embalada para o texto, mas ao virar das primeiras linhas percebo que, afinal, não há ali qualquer cruzamento futebolístico. E continuo sem perceber a táctica. Afinal, todo o Mundial sabe que o futebol do Didier é um concerto de boas jogadas. Ou não fosse ele um génio dos acordes com bola.

Com o perdão das más palavras

Hoje acordei com o pior dos vernáculos na ponta da língua: FODA-SE, CARALHO! Ainda tenho um jogo de futebol para dormir e estas PUTAS destas obras não se calam?

terça-feira, 15 de junho de 2010

Bola ao Post #3

Declaração:

Da mesma forma que há dias festejei a oportunidade que a lesão do Nani ofereceu ao Amorim, hoje, enquanto assistia ao Portugal-Costa do Marfim, celebrei as jogadas do Coentrão, primeiro, e a entrada do Ruben, depois, como se de golos de tratassem. Porque EU AMO O BENFICA!

Bola ao Post #2

Tremido, contido, a espaços perdido, menos bom ou menos mau, o nosso jogo finalmente chegou. E com ele veio a tentação de comentar os comentários. Eu por cá, não resisto a dois:

- Ó Paulo Catarro, o homem chama-se Robinho. R-O-B-I-N-H-O, percebeste? Então, por favor, não insistas em chamá-lo de Rubinho!!!

- Ó José Manuel Freitas, és o maior. A sério, pá. Essa de colocares o BENFICA em campo em pleno Mundial merece no mínimo uma Luz de aplausos. A sério, pá.

Ao segundo dia...

….de caminhada no regresso a casa, nesta semana de sol que me faz despir as pernas de collants e de leggings, cumpre-me observar: este vento anda impróprio para vestidos. Oh-la-la!

E tudo o vento recuperou

Nunca chegou a ser um sonho de longa duração, mas, volta não volta, sobretudo quando a curiosidade de espreitar acontecimentos e a pressa de chegar falavam mais alto, dava por mim a imaginar-me a bater os bracinhos e voar. Da mesma forma, nunca cheguei a ter uma fobia de longa duração, mas, volta não volta, sobretudo quando o episódio metia assobios e lixo esvoaçante, dava por mim a recear ser arrastada para bem longe sem ter sequer tempo de bater os bracinhos e voar. E como a criança que tenho em mim gosta de fazer das suas, ontem, num regresso a casa contra uma ventania inesperada, as velhas histórias de criancinhas desaparecidas no dissabor do vento voltaram a toldar-me o pensamento. Apenas pelo tempo de uma caminhada, é certo, mas o suficiente para me agarrar ao vestido como quem segura uma bóia de salvação. Quanto mais não seja pelo recato das minhas formas.

Mistura explosiva

A fórmula que se segue vale ouro, ou, melhor escrevendo, vale Gold. E, da mesma forma que não resisto a saboreá-la, também não resisto a esmiuçar-lhe os ingredientes. Feito isto, a pergunta que se impõe é: qual será a necessidade de se juntar ao xarope de glucose e ao xarope de frutose um xarope de glucose e frutose? Querem ver que misturar o primeiro com o segundo não dá o mesmo resultado do que o terceiro?

Leite magro reconstituído+açúcar+gordura vegetal+manteiga de cacau+leite magro em pó+xarope de glucose e frutose+manteiga concentrada+lactose e proteínas lácteas+pasta de cacau+xarope de açúcar caramelizado+xarope de glucose+xarope de frutose+emulsionantes (E442, E471, E476, lecitina de soja)+corantes (E171, E172)+espessantes (E410, E412, E407)+sal+aromatizantes+extracto de baunilha de Madagáscar.




 

sábado, 12 de junho de 2010

Este sim!

Estou apaixonadíssima pela mais recente novidade das novidades deste tecto que me abriga a-real-idade: de tão sedutora conquistou os meus cliques só pelo nome (design, eta coisa chique), e de tão ganhadora ofereceu-me, entre mil e uma opções de cores, fundos e modelos, um campo vibrante de papoilas saltitantes.

Bola ao Post #1


Fiquei de escrever alguma coisa ontem, mas como o dia não esteve futebolisticamente direccionado para os meus lados, resta-me assinalar que, uma jornada depois da estreia, estou a zeros em matéria de Mundial.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Eu e o João...

...o João e eu…

Temos tudo para ser felizes. Além de benfiquista crente e dono e senhor de uma presença que me deixou KO à passagem dele por Luanda, ele desperta-me super poderes. Deste género: ligo-me à internet domiciliária; esbarro numa home page que celebra a fotografia que se apresenta no post abaixo; lembro o quanto achei o miúdo da taça apetitoso quando o vi ao vivo; ocorre-me que é chegado o momento de saber-lhe o nome: acciono a ligação de apresentação do plantel de bicampeões; fixo-me numa lista que exibe os nomes dos jogadores mas omite as fotos; aposto que ele é o João Santos e, por fim, fico impressionada com a minha pontaria. Et voilà! Assim nasceu a LUZidia conclusão de eu e o João temos tudo  para ser felizes.

Até ao berlinde


Sim. É verdade que não acompanho os cestos, os lançamentos livres e menos ainda os descontos de tempo. Mas GLORIOSO é GLORIOSO e, como pessoa fiel à boa educação que me faz torcer pela vitória do BENFICA até mesmo quando jogamos ao berlinde, faço questão de escrevê-lo: BICAMPEÕES, BICAMPEÕES, NÓS SOMOS BICAMPEÕES!

Modo festa

Sigo o basquetebol com a mesma devoção que dedico às insistências de zapping: já topei que não há ali nada que me prenda a audiência, mas não desisto da esperança de ser invadida por uma emoção capaz de repor o meu interesse na acção. Precisamente como esta.

Alerta redondo

Pela frequência e intensidade com que a minha mente tem sido visitada por pensamentos e imagens do rei dos desportos, sinto-me pressionada a rematar que jogarei neste campo alguns posts de inspiração Mundial. Para conferir a partir de amanhã com a estreia da rubrica Bola ao Post.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Serviço público

Mandaram os meus ouvidos – que esta manhã travaram um estrondoso conflito para conseguirem captar o som de um directo ‘sicnoticiado’ da África do Sul – que as minhas mãos tivessem o bom tacto de conduzir o teclado neste sentido.

E também voto neste*


Para um escrutínio íntimo, entenda-se.


*Max Ryan, o melhor de masculino que descobri na sessão de ontem (ainda que o Chris Noth se conserve como o grande achado da coisa)

Voto neste

Sou daquelas que ia vendo. Uns episódios aqui, outros ali, fui apanhando peças soltas das personagens e, mesmo sem a sequência desejada da acção, nunca tive grandes dificuldades para compor o puzzle. Mas, repito, sou daquelas que apenas ia vendo. Uns episódios aqui, outros ali, sem qualquer intenção de me prender a horários e datas de transmissão. Ia vendo. Apenas isso. Mas, mesmo sem praticar o culto que globalmente lhe era dedicado percebo-o na perfeição. Não pelo festival de roupas, sapatos, malas e outros consumíveis femininos, antes pelas tempestades e bonanças de emoções. A alegria, a tristeza, a frustração, a negação, a ilusão, o desespero, a ansiedade…tantos e tantos estados de alma retratados nas típicas agitações do género feminino, que, mesmo com todos os excessos de generalização, parece-me impossível que não se crie um qualquer elo de identificação com a série. Pode ser ténue, pode durar menos do que uma cena, mas, num e noutro momento, num e noutro diálogo, há ali qualquer coisa que fala directamente ao coração mulheril.

Também pode ser da idade, sensibilidade e, talvez de alguma maturidade, mas, desta vez, a comunicação do meu coração com a acção foi mais forte. Talvez por ser daquelas que apenas ia vendo. Uns episódios aqui, outros ali. Talvez por nunca ter acompanhado devotamente a história da Carrie e do Big e, por isso, nunca ter depositado no Sexo e a Cidade filme a esperança de um final feliz para seis temporadas de série. Talvez por não ter o mau hábito de projectar catástrofes sentimentais, como a do casamento que marcou o primeiro filme e, por isso, não ter alimentado para o segundo uma única expectativa de divórcio, separação ou qualquer outra hecatombe passional. Talvez por ter assistido à dupla de filmes livre da influência de saudades de série para matar. Talvez por sentir que há neste Sexo e a Cidade mais de mim e do que quero para mim. Por tudo isso e um pouco mais, contrario, sem réstia de hesitação, a opinião unânime do mulherio que me rodeia: gostei mais do Sexo e a Cidade II do que do I.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O duplo factor C, segundo Cristiano Ronaldo*

A coisa até estava a correr bem. O miúdo pobre da aldeia remota que virou craque milionário do futebol global prendia-me ao ecrã com os seus passes de solidariedade. Ali, entre brincadeiras e risos em recantos hospitalares, emocionei-me ao vê-lo correr pela vitória dos mais novos contra o cancro. Estava eu assim encantadíssima da vida com ele, quando, de repente, o vejo regressar ao seu mundinho mundano do costume. Ora então vamos lá a saber do que uma gaja precisa para chamar a atenção do grande Cristiano Ronaldo…Preparados para a big revelação? Diz que um palminho de cara e um portento de corpo chegam para fazer a festa. A sério, Cristiano? É que a coisa até estava a correr bem...
 
*escrita de inspiração incrível

Achas que sabes dançar?

Atenção que as profissas não são para aqui chamadas. Nem os profissas, que isto é pelouro de exclusividade feminina. Assim sendo, a pergunta dirige-se apenas às bailarinas sem palco, àquelas que por simples prazer dançam as pistas dessas cidades e aldeias povoadas de estabelecimentos de diversão nocturna. Pois bem, minhas companheiras de acção, diz a conversa dos gajos que as meninas bem coordenadas de ritmos prometem os melhores movimentos de cama. Qual é a lógica? Ah, e tal. Diz que é conversa de gajo...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Bom petisco

Bem sei que ainda não vale, mas isso agora não interessa nada. O importante é que um dos meus Gloriosos de assinalar pela Copa marcou dois golos. Vai buscar!

Protesto

Tantas palavras de irmandade, tantas promessas de apoio de parte a parte, tantas e tantas declarações de afecto e simpatia, e agora isto? A canarinha em plena disputa do derradeiro amigável antes do Mundial, e eu aqui sem uma única Sport TV em directo, nem qualquer aditivo informático que me permita assistir ao gingado de bola contra a Tanzânia. Resta-me, por isso, abusar da pressão sobre a tecla F5 para tentar acompanhar as jogadas minuto-a-minuto. Torcedor sofre!

É isso mesmo!



Teddy: Mark Sloan just asked me out.
Arizona: Huh. Cool.
Teddy: No, no, not "cool". Mark Sloan!
Arizona: Exactly. Why not have a little fun? I mean, Mark is like, uh... candy. Eat it and forget about it.

Lembra-me mais um diálogo dos meus, que há momentos que se consomem como doces: por muitos avisos que se emitam sobre o seu excesso de peso sobre o nosso corpo, e por mais que se especule sobre as imperfeições que ajudam a pele a libertar, eles conseguem instigar-nos de tal forma a gula que, quando damos por nós, não resistimos a dar-lhes uma trinca, e mais outra, e mais uma, até devorarmos a tentação por inteiro. Sexta-feira tive um desses momentos. Não pela fun ainda que little. Não para eat it e depois forget about it. Apenas porque tinha de testar com um doce (ainda que não tão apetitoso como o da imagem) a certeza de que tudo o que mais quero neste momento é salgado. Por muito mal que isso me faça ao coração.

domingo, 6 de junho de 2010

Chamem a Polícia!

A minha cabeça está prestes a transformar-me em kamikaze, os meus tímpanos sentem-se prisioneiros de Guantánamo e, como quem não quer a coisa, sinto despertar em mim uma improvável simpatia por aqueles senhores que inspiram tantas e tantas séries policiais. Haverá por aí algum disponível para silenciar o baile lá de cima? A minha liberdade agradece.

sábado, 5 de junho de 2010

Santos por casa


Quatro horas de sono depois de uma aterragem cambaleante na cama (ai, o bacardi), os meus ouvidos despertaram-me para um pesadelo de som que, desde ontem, e sabe-se lá até quando, me atormenta o sossego, já de si demasiado sumido desde que o bate-bate e o fura-fura das obras do apartamento aqui de cima se uniram para atazanar as minhas manhãs. Bem sei que gosto de festa, música e coisa e tal, mas é um pouco demais acordar na frequência de kisombas em versão pimba e de pimbas em ritmo de banda de casório da aldeia. O que se passa com esta terra? Será que Odivelas se transformou em Alfama e ninguém me avisou? Já agora, quem é que se lembra de começar um bailarico às 9 horas de um sábado? Quem?! Mais um bocado e ia para lá brincar aos afters, não?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Surpresa!

Tem muito mais piada assim. Não ameaçar, não anunciar e…zás. Num ajuste de definições, a-real-idade mudou.

Probabilidades

Qual a probabilidade de avistar, em duas saídas seguidas, um dos melhores amigos de um ex-tudo, num bairro sempre alto de cheio? À falta de uma resposta exacta, não consigo deixar de pensar nas mensagens subliminares que se escondem por trás desta coincidência. Será que à terceira é a vez de esbarrar no ex-tudo?

A diferença que um Google faz numa vida

Corri a comprar uma das últimas novidades do mercado, segui as instruções e nada. Nem um tímido movimento. Lembrei-me então do velho truque da casa de uma vida e…abracadabra! Experimentei mais uma solução e nada. Zero de movimentação. Foi assim que, qual dona de casa desesperada, me vi a uma descarga de submergir as minhas devidamente enluvadas mãos num vaso sanitário criticamente entupido. Aliás, confesso que não fosse ter-se dado o milagre do Google e ainda agora estaria pr'aqui a tentar recuperar do nojo, em vez de partilhar a descoberta da esfregona como o melhor método de sempre para desentupir sanitas. Pois é. Garanto que é fácil, é barato e, mesmo sem dar milhões, pelo menos contribui para que os malditos não sejam gastos: mais cêntimo, menos cêntimo, diz quem ouviu de mim a receita que a dica já valeu 100 dólares de poupança em Luanda. 

terça-feira, 1 de junho de 2010

Já agora...

...que estou de volta e em força – e logo em dia de fecho mas sem nada para fechar e portanto apenas com páginas alheias para bisbilhotar e o prosaico da vida para dissecar –, finalmente percebo o que tantas e tantas vezes me tem feito abandonar a escrita pós-laboral. É isso! Faltava-me uma máquina informática completa! Porque isto de passar seis meses a teclar apenas em portáteis é coisa para arruinar qualquer resistência bloguista ao meu diagnóstico de pitosguice aguda.

É tão bom estar de volta às minhas cores!



Mesmo quando o chefe decreta que o feriado de quinta-feira afinal é dia de trabalho, que no final não vai produzir trabalho algum, porque manda o calendário das boas festas que a ‘raparigada’ substitua as dormidas pelas saídas na programação das quartas-feiras. Mesmo assim, é tão bom estar de volta!

O passaporte em 3 momentos e 1 aviso

I. A dúvida razoável

O espanto perseguiu-me por mais de uma vez no meu último embarque. Passaporte em mãos, olho no papel, olho em mim, uma repetição teimosa de movimentos e a expressão da incredulidade: “De certeza que são a mesma pessoa?”. Bom, se até a mim me custa a acreditar que aquela era eu há cinco anos, o que diria daqui a mais cinco anos, data marcada para a renovação da minha imagem de acesso ao espaço aéreo?

II. O roubo

Andei por lá duas vezes. Uma por causa da ‘chica-espertice’ crónica da adolescência (foge-me aqui a lembrança para o chamado passe do pongue’); a outra por força de uma simulação de cunho profissional. Calculo acima de uns dez anos de folga entre as duas experiências, mas guardo de ambas a mesma marca: o pessoal das esquadras tem a mania que possui um talento e tanto para a comédia e um charme e peras para entreter legiões de vítimas. Vai daí é ouvi-los a ‘fazer’ piadas atrás de piadas e a exibir gargalhadas atrás de sorrisos. Vai daí procuro manter deles a mesma salutar distância que mantenho daqueles malucos televisivos. Por isso, em vez de me dirigir à esquadra mais próxima para inventar que o meu passaporte, ainda válido mas já caducado de actualização, foi roubado, preferi seguir logo para o Governo Civil e contar a velha história do documento perdido. Resultado? Aos 60 euros de furto tabelado – perdão, preço – os serviços queriam agravar outros 30 por ter perdido o dito cujo. O quê? Pois. Diz que 30 euros é a diferença entre ser roubada ou apenas despistada. O que vale é que sou uma despistada simpática (tem momentos) e cheia de sangue na guelra para pedinchar. 90 euros? Oh, senhor, tende piedade de mim! E o senhor lá atendeu as minhas preces. Abençoado seja!

III. A modernice

Sem dentes à mostra e com as orelhas à vista. Assim se quer o passageiro aéreo da era electrónica, e assim se afasta esta passageira aérea daquela que deveria ser a imagem da sua renovação. Aliás, já que escrevo sobre isto, assinalo ainda que, nestes tempos de modernice, esta potencial viajante também se afasta da sua assinatura. De tal forma que só ao fim da enésima tentativa de rabiscar o meu nome, me pude rever, ainda que apenas de perfil, na minha identidade caligráfica.

IV. O aviso

Diz o senhor que teve piedade de mim que nisto do passaporte moderno ao fim de duas perdas (ena, que o homem está cheio de fé em mim), acabaram-se os passeios nas nuvens. Até quando? Para sempre, como diria o Pedrito.

Começar de novo

Seis meses de interregno depois, a perspectiva de regresso ao PC meu de todos os dias (desde o já distante Verão de 2006) perturba-me os nervos, mas conserva-me a paz.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Prenda minha


Feio de estampa, arqueado de pernas e mais magro do que uma folha de papel vista de perfil. Devorador de bolos de arroz, fiel adepto de iogurtes e de tal forma inapto para o social que, pouco depois da meia-noite, vira abóbora num qualquer encosto de estar. De cada vez que eu achava que já tinha ouvido o suficiente, contavam-me mais e mais, e, com os piores requintes de desaprovação, atribuíam-lhe o exclusivo do reino dos atritos. Tantos, que talvez nem houvesse tempo para o conhecer. Talvez ele nem sequer chegasse a embarcar. Talvez se deixasse estar longe de tudo o que, afiançavam-me, o tornava demasiado insuportável. Mas não. Depois de alguns ameaços de datas, finalmente ele chegava. Vinha suado e ‘mastigado’ da viagem, por isso adiou o meu beijo para depois do banho. Uma mariquice pegada, precipitava-me eu na minha apreciação, momentos antes de lhe estranhar a boa disposição e o sentido de humor, surpreendentemente cativantes para tamanha má rés.

E assim vivi o tempo de uma primeira boa impressão, que tinha tudo para morrer má à nascença. Seguiram-se dias. Nunca o achei feio nem magro demais, mas indignei-me em silêncio com a falta de tacto dos comentários dele, com os excessos de linguagem e com as psicoses acumuladas.
Seguiram-se semanas. Permiti-me ir além do óbvio e encantei-me, também em silêncio, com a disponibilidade dele, com a amabilidade, com a lealdade e com a frontalidade. Seguiu-se o último mês. Aproximei-me como nunca dele. Trocámos olhares, gestos e palavras de afecto. Seguiu-se a separação. Sofri as preocupações da distância e em duas semanas senti saudades asfixiantes. Seguiu-se o reencontro. Os abraços apertados, os suspiros, os toques atrapalhados, a cumplicidade de sempre. Pelo meio as sugestivas, por vezes explícitas, mensagens por telemóvel.

Segue-se a vida. A minha talvez entre cá e lá. A dele talvez entre a namorada e o filho da namorada. A minha e a dele que, contra todos os ‘ses’, se faz nossa. Por um presente que seja.

Em sonhos

Estávamos em casa não sei de quem a fazer não sei o quê. Ele tratava-me por um diminutivo e eu sentia-me abençoada pela graça daquele tu-cá-tu-lá com Jesus! Imagine-se! Eu e Jesus em gloriosa cavaqueira.

Há momentos assim...


...Em que sei o que sinto. Em que sei que o quero. Mas não sei por que espero.

Arte impura

A miúda é gira, carrega um apelido de influências, e, certificam os entendidos na sua arte, tem talento.
A senhora fez carreira, construiu nome em tempos de portas não mediáticas, e, confirmam papéis atrás de papéis, dispensa apresentações na sua arte.
A miúda agradece às marcas, às empresas, novamente às marcas, e outra vez às empresas.
A senhora recorda as pessoas, cita nomes, curva-se perante o ‘seu’ público.

Passa a miúda, sai a senhora e ainda há quem se detenha apenas nos vestidos, penteados, acompanhantes, convidados, nomeados e galardoados.

Eu, que nem sequer vi a gala do princípio ao fim (um domingo há-de acontecer), não consigo desligar-me dos discursos da miúda e da senhora. O primeiro fez-me lembrar uma bera acção de marketing, o segundo uma declaração de amor à arte. Por isso, apesar de ambas terem sido premiadas, para mim apenas uma é vencedora. E que falta fazem os vencedores àquela gala.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Encosta-te a mim

Esqueçamos os ouvidos porque as melhores músicas ouvem-se com o coração. E esta, de tão boa de se ouvir consegue ser ainda melhor de se sentir.

E vão dois*


Ou então 48 que o defeito de profissão obriga-me a inflacionar as contas. Pois bem! 48 meses e 335 posts depois, a-real-idade avança para o terceiro ano de escritas. Segue, segue, segue…

*ou melhor já foram, no dia 16 de Maio

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Meu querido blogue


Assim que voltar da minha viagem às nuvens e aterrar no meu novo estado (já faltou mais), retomarei as nossas linhas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Diga 33



Se 33 é uma idade ‘marcada’, manda a fé da Catedral que o Jesus da minha devoção cumpra o glorioso ritual de orar connosco o 33.º título. Ámen.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Arrepio

Ai, ai, que assim o meu coração não aguenta!

Depois da plenitude evocada pelo pensamento nele, chegam as mensagens transportadas pelo 96 dele.

Ai, ai, que assim o meu coração não aguenta.

Pleno


Fiz o teste por sugestão de uma amiga das maiores e, independentemente de crenças, pensei nele. Pensei mesmo nele e o exercício resultou em PLENITUDE. Resultou na transcrição das próximas linhas e na certeza de que umas estão bem mais evidenciadas do que outras.


«Plenitude é a arte de vagar pelos céus. A arte de deixar vazar a densidade e subir. É uma arte, talvez a mais sublime de todas as artes. Talvez os artistas a devessem praticar mais vezes…ou talvez não.

Sempre a escolha, sempre a própria escolha.

Plenitude é a capacidade que cada um cria em si próprio para aprender a voar. Voar para onde a vida o levar. Plenitude é o ser que se completa, alquimia de vida a correr a 180 graus. Plenitude é a harmonia entre todas as coisas, entre o ego e o instinto, é quando vence o dual e se harmoniza. É quando se cumpre a missão de mais um dia a somar aos quantos dias de missão cumprida.

Plenitude é ouvires o cão ladrar, a criança que chora e não saíres daí de dentro onde permaneces quem és. Plenitude é cumprir o mundo como Deus fez.

É voar na bóia, rumo ao infinito, para haver notícias frescas ao céu.

'Cá nos aguentamos, a cumprir o que combinámos. Cada um faz a sua parte'.

E nós fazemos. Guardamos para que tudo corra bem, para que venhas a correr ser um dos nossos.

Plenitude é sabermos que algum dia o tempo irá acabar e estarmos preparados para a 5.ª jornada. Tudo a seu tempo. Falta muito por vir. Mas a festa já está a ser preparada».

À solta

Aproximam-se. Fazem-se de amiguinhas. Depois amigas, e, num ápice, amicíssimas.

À falta de cérebro, valem-se da imagem. Somam jogos de sedução em troca de poder e seguem. Para a cama, para o carro, para a posição que estiver mais a jeito.

Observo-as todos os dias e vejo-as inseguras. Por isso temem novas chegadas como quem receia a morte, como quem receia o fim da boa vida. A vida que no fundo, bem lá no fundo, sabem não ser boa. Por isso não assumem. Fingem-se “meninas”, forjam aparências, reflectem as evidências da incoerência.

Ao menor dos enganos afastam-se. Desfazem amizades, destravam inimizades e, de súbito, revelam-se inimicíssimas.

Bandos de putas. À solta.

Será?

...um pássaro? Será um avião?

SIM! É um avião e é nele que vou alegre para Lisboa. Vou. Porque os meus valores não se contam em euros e a minha felicidade não se mede em espécie.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Passem à próxima, sim?

Como uma parvoíce nunca vem só, depois de um pontapé de saída às cores, lembraram-se de organizar um desafio caseirinho. Vai daí, tal como na jogada anterior, as meninas desataram a anunciar as pistas pelas quais vão aterrando as malas a cada chegada domiciliária. No chão. Na cama. Na cozinha. Nas escadas. Onde calhar!


E?? Diz que os meninos ficam excitados de baralhados e atrevidos de curiosos. Ai ficam?

Simbora então espevitar mais e mais o interesse na coisa (sem qualquer sentido genital, leia-se), atraindo as atenções para as zonas do corpo que estejam sinalizadas (sem qualquer sentido sexual, entenda-se).

E?? Diz que os meninos ficam excitados de baralhados e atrevidos de curiosos. Ai ficam?

Desculpem lá a falta de sensibilidade para a brincadeira, mas não contem comigo para carneirismos destes, ok?

A Luz ao fundo da época*


Acabou-se a brincadeira. Se não posso ir ao Estádio, é justo que o Estádio venha até mim.


*jogada referente à felicidade potenciada na sexta-feira passada

Há dúvidas?




Juro, não como os que mais mentem, que nada tenho que ver com esta aparição. Juro, não como os que mais mentem, que a minha inépcia para truques informáticos isenta-me de pretensas responsabilidades. Juro, juro, juro e, de repente, vejo 65 mil lugares de Luz. Crente que só eu, aplaudo, de sorriso aberto, mais uma gloriosa oferenda: então não é que o link para o meu blogue surge-me na pasta dos Favoritos deliciosamente associado ao símbolo do SPORT LISBOA E BENFICA?

Aleluia, irmãos!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Filme de um fim-de-semana

De repente, entre carícias em cenário Watergate e um almoço que só correu bem à segunda, passámos a ter o nosso filme.



“Fomos feitos um para o outro. Não fomos feito para estar juntos”.


(in Vicky Cristina Barcelona)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem me dera não ter razão

Dizia eu que começar o dia com um email que nos remete para isto só poderia ser mau sinal. Infelizmente acertei.

Novas oportunidades

Sol em Lisboa. Expansão em Luanda. Sol em Lisboa. Expansão em Luanda. Um-dó-li-tá, só estou à espera da entrada em campo de um já anunciado terceiro elemento para consumar a minha escolha.

Excerto das emoções de um relato passado, ainda que bem presente

Ao contrário do que imaginava nos meus resquícios de ingenuidade (sim, ainda os tenho) esta segunda temporada está a custar-me mais. Não um pouco, mas muito mais.

Tenho saudades a multiplicar, neuras a multiplicar, stresses a multiplicar e, também a multiplicar, tenho a certeza de que é aí que quero estar. Aí no Estádio da Luz; aí nas quartas-feiras de Plateau que já foram de W; aí a cada 7, 18 e 20 de Fevereiro, a cada 23 de Março, a cada 6, 8 e 16 de Abril e a cada festividade de suma importância no meu calendário. Tenho a certeza de que é aí que quero estar. Aí na infância revivida a cada brincadeira com as minhas adoradas sobrinhas; aí nos mimos gastronómicos da minha mummy; aí com a minha família; aí com as notícias dos meus jornais; aí na minha alegre casinha; aí convosco; aí junto de quem e do que é mais importante.

Queria tanto! Queria, mas por enquanto não posso e tenho de arranjar alento na convicção de que me estou a construir. Pessoal e profissionalmente. Sim, estou a construir-me.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A sintonia do amor

Segundos depois de postar a declaração anterior, ouço o meu TMN disparar com a precisão dos melhores passes do Di María. Remetente: SLBENFICA, mensagem: “Subscreva já Obrigações Benfica SAD 2013 e ganhe 6% (TANB). Aplique o seu dinheiro até 20 de Abril. Prospecto disponível em slbenfica.pt e cmvm.pt”.

Contentamento descontente

Era ali que eu deveria estar. De cachecóis em bandeira, os cânticos exaltados e os batimentos euforicamente acelerados. Era ali que eu deveria estar. Não era aqui.

terça-feira, 16 de março de 2010

Desencontros

Garanto que não ando especialmente obcecada com o prontuário ortográfico, com o dicionário, nem com qualquer outra ferramenta de utilidade linguística. O problema é que “há coisas” que vêm ter comigo e depois não resisto a comentá-las. Escrito isto, eis que chegou o momento de falarmos de pessoas desencontradas, que é como quem diz aquelas que seguem em direcções contrárias.

E se as pessoas desencontradas são aquelas que seguem em direcções opostas, basta uma não seguir para lado algum para não se poder desencontrar da outra, certo? Por isso digam-me que não quiseram sair, digam-me que têm mais o que dormir, digam-me o que quiserem e bem entenderem, mas não me venham com a treta de que andamos desencontradas.

Personalidades múltiplas

O Paolo pelo menos trazia foto e partilhava comigo o meu último apelido. Nada mais, mas pelo menos isso. Agora quem raio é esta Kristina Linikate? E este (esta?) Vaatjie Andre? Já agora, haverá por aí alguma ou algum Mariem Marega que eu conheça? Credo! Como se não bastasse ter de lidar com um hotmail virulento, parece que ainda tenho de aturar um facebook taralhoco.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Resumo da matéria dada

Regra básica de uma instrução primária, ou, para os mais contemporâneos, de um primeiro ciclo do ensino básico: ce e ci dispensam cedilha. Logo: escrever voçê em vez de você é erro desculpável em fase pré-preparatória, ou, para os mais contemporâneos, em fase pré-segundo ciclo do ensino básico. Logo: ler voçê em vez de você escrito por gente adulta, e muito além da quarta classe instruída, causa-me urticária da brava. Aliás, já começa a dar-me a comichão só de pensar na quantidade de pessoal que tenho apanhado a reincidir nessa falha.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Perfume de estupidez

A miúda está com o seu miúdo. Saída a dois, aparente interesse de parte a parte e…corta! De súbito, a miúda revela-se aborrecida. Por alguma coisa que ele fez? Talvez por algo que tenha deixado de fazer? Quiçá terá sido por aquilo que ele disse? Nada disso! O miúdo muda de visual e ela volta a esbanjar contentamento. Sorriso para cá, sorriso para lá. Ooooppps! Outra vez com cara de enjoadinha? O que foi agora? Alguma coisa que ele fez? Algo que tenha deixado de fazer? Talvez aquilo que ele disse? Nada disso! Basta ele mudar outra vez de visual para voltar a ser a companhia perfeita! Passa-se uma nulidade de um anúncio nisto porque, e aqui mora a grande mensagem, as mulheres aborrecem-se fácil, fácil. Não com eles, claro, antes com o aspecto deles. Então, nada como convencê-los a apostar na compra de um perfumezinho básico para prolongar o encanto junto da menina. A sério que houve alguém a pensar isto?

terça-feira, 9 de março de 2010

O Grito

Ai, que ainda dá mais um bocado. Ai, que bem esticadas as forças, daqui a pouco é hora de levantar. Ai isto, ai aquilo! Ai tanto e tanto protelar, para, invariavelmente, assistir impávida e nada serena à vitória da pressão da bexiga sobre a ronha na cama. Sem liberdade de acção para prolongamentos, noite após noite, sobretudo nas de Inverno aconchegadas a chá, vejo-me forçada a levantar, meio cambaleante, meio contrariada. E não fosse eu uma super heroína dotada do super poder de conseguir deambular pela madrugada doméstica – quase sempre sem ser pontapeada por móveis ou rasteirada por objectos fora do lugar (tipo mala de viagem que permanece vazia no centro da kitchnet há mais de uma semana) – ainda teria de andar à caça de interruptores, antes de aliviar a aflição urinária. Nunca é esse o caso, embora às 3 horas e qualquer coisa deste 9 de Março o caso tenha agravado a sua figura, com o detectar, pela minha entreaberta visão, de dois objectos não voadores e não identificados, cuja apresentação reservo para o final destas linhas.

Siga a escrita…

Ainda sem os mínimos do raciocínio ligado, lembrei-me de ter deixado a janela da sala aberta – como quem liga a banda sonora da chuva para melhor adormecer – e pus-me a tentar imaginar o que raio poderia ter sido arrastado pelas águas. Nesta busca atrapalhada dos meus pensamentos por algum sentido, avanço para acender uma das lâmpadas de proximidade quando um movimento junto às minhas pernas me arranca o grito: AAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Acendo as luzes, confirmo a natureza animal do intruso e corro para abrir a porta, confiante de que o veria sair disparado. Mas não. Depois de o sacana (sim, com estes comportamentos tem tudo para ser um ele) ter soltado o seu miado de vitória, recusou o meu convite para sair e preferiu agarrar-se à minha japonesice de estor. BRANCA! Era uma japonesice branca! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Raio do bicho! Saiu-se com uma tentativa de escalada, saiu-se com a segunda, e eu ali especada a assistir à derrocada do meu cortinado nipónico, até que o sacana acertou na brecha de saída, deixando-me entregue a um pesadelo de limpeza. De jornal ainda por ler em sentido, balde, esfregona, esfregão, água a ferver e Cillit Bang a postos, sustive a respiração, e embrenhei-me na missão de libertar o meu refúgio de todo e qualquer vestígio daquela indevida pernoita, alongada pelo tempo de um aninhamento nas minhas mantinhas de sofá, dois cocós e um xixi. Mijo de gato. AAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIII!

segunda-feira, 8 de março de 2010

De regresso

Trouxe uma promoção na bagagem. É minha e, que se lixe a modéstia, é merecida. Também trouxe um prémio. Simbólico, de atribuição interna, e, para mal das minhas virtudes, ao mesmo tempo demasiado prematuro para me parecer inteiramente justo. Trouxe ainda poupança. Deu para pagar a viagem a Moçambique do papá, está a dar para oferecer uns almoços à família, desfrutar de uns bons copos entre amigos, e, acompanha-me a esperança, espero que ainda venha a dar para actualizar as modas, à primeira vista demasiado desencontradas com os meus bons gostos. Não dá para tudo, eu sei. Está longe de ser tudo, sei também. Justamente por isso repito: «Se estou a gostar de Luanda? Ó, minha gente, acima de tudo estou a aproveitar». E já não era sem tempo.

Cidade Luz

Adoro a forma como a cidade se encaixa à medida dos meus devaneios enamorados. Adoro a ponto de a ter bisado a solo e de ainda sonhar com uma nova paragem, romanceada pelas majestosas avenidas iluminadas. Sim. Adoro Paris. Mas, sem qualquer ponta de acesso metafórico de inspiração futebolística, garanto que não é entre os bateaux-mouches que mora a minha Luz.

Porque por mais suspiros que Paris já me tenha arrancado, está a milhas de ser a minha cidade luz. Porque três meses de separação depois, constato que, nesta Europa por mim vivida, só Lisboa parece cartografada para me tirar o fôlego e, ainda assim, me devolver a respiração.

domingo, 7 de março de 2010

Orgasmos múltiplos

Bênção molhada dos céus na recepção. O negro de uma madrugada fria. Um clarão de luzes numa Lisboa cuja beleza a minha memória revela incapacidade de dignificar. A conversa de ocasião com o taxista. O rodar das minhas chaves na minha porta. Cá dentro o cheiro a mofo e outros vestígios de rigor invernoso. O regresso às comunicações 96 sem roaming. A confiança na tesoura da cabeleireira de eleição. O reencontro com a mana, a sobrinha, os papás e o cunhado. Os primeiros intercâmbios luso-angolanos. A primeira saída nocturna no regresso aos abraços das doncellas. Os almoços na Baixa-Chiado. O regresso às míticas quartas-feiras de ladies nights. Uma reunião que anuncia mais e novos desafios profissionais. As emoções ao rubro em mais uma festa de arromba na Comuna. E, qual cerejal em cima do bolo (porque uma cereja não chega), o trio de golos festejados no vermelho da Luz. Mais dias, menos horas, assim se completou uma boa primeira semana de volta aos meus prazeres.

Escrita retroactiva


Não foi falta de tempo. Não foi falta de assunto. Também não foi falta de vontade. E por não ter sido nada disso não sei o que possa ter sido. Agora que já passou, vejo-me de volta ao teclado. E em força.