sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Modernices #3

Incrível como o Facebook insiste em demonstrar-me que o mundo não é apenas pequeno. É mini, é micro, é nano.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Bem jogado

Ideal para contrariar as más ideias que teimam em se anunciar, este vale muito a pena.

As lágrimas continuam

Dizia a Inês que eu não iria chorar. Dizia eu que ela estava a subestimar a minha sensibilidade. Agora, revistas as deixas, é espaço de escrever que as minhas emoções estavam sequinhas até a Bailey aparecer com a cena da cola. 'Raisparta'!

Dose dupla




Estou prontinha para recebê-los mais logo com honras de sofá.
Voltem sempre.

Interrupção de morte

Via sms, a mensagem começou a circular, vinda dos que saíram, dirigida aos que ainda estavam para sair. Com a linha verde interrompida, era certo que os planos de metro teriam de mudar de cor e quase certo que a paralisação metia assuntos de morte. Suicídio, apostávamos nós. Tentativa de homicídio, revelaram as notícias. Palpites à parte, numa coisa acertámos: foi uma interrupção com contornos de morte, no caso imposta a partir de uma discussão. Assim abreviada: dois motivaram a intervenção de um terceiro e, no calor dos insultos, alguém sacou de uma arma e abriu fogo de consequências críticas. Tudo isto numa carruagem de metro demasiado perto de mim.

À mesa

O último almoço que partilhámos, não no sentido do derradeiro, antes no do mais recente, começou por me desassossegar o coração. Mas o tempo da refeição acabou por me servir a prova conclusiva das minhas emoções: aqui já não jaz nem uma faísca do velho fogo.

Modernices #2



Primeiro foi o vestido da miúda. Uma criança nuns inocentes seis, talvez sete anos. Voltei a olhar para a imagem na expectativa de sentir a indignação que me estava a ser transmitida e nada. Continuei a ver apenas uma criança nuns inocentes seis, talvez sete anos. Mas e as pernas a descoberto? Assim, mal cruzadas, a revelarem uma nesga de cuequinha? E eu que só conseguia ver uma criança nuns inocentes seis, talvez sete anos. Nada de tarados pedófilos à espreita no meu horizonte. Mas, ok, concordei. Há gente capaz de fantasiar perversões perante uns inocentes seis, talvez sete anos. Mas isso deixa de fazer da imagem uma foto de família? Os tarados pedófilos deixarão de ver na criança uma presa se ela aparecer de pernas bem cruzadas? Ou será que os pedófilos só cobiçam crianças com nesgas de cuequinhas à mostra?

Agora é a campanha animada do Facebook. Comecei apenas por achar tudo uma grande parvoíce, mas, depois, ao percorrer as imagens de mudança dos perfis à minha volta, senti-me inundada por uma onda tão boa que também quis navegar um pouco mais pela minhas desenhadas memórias. Mesmo sem saber como tudo começou. Mesmo sem que pareça haver nisto uma qualquer nobreza de causa. A mim basta-me a onda cool e quem não a sente que não a apanhe, da mesma forma que nunca me deixei arrastar pelas ondas sexistas que ligavam cores à lingerie, locais da casa ao pouso das malas, e valores de multas a experiências sexuais.

É uma opção. Adere e rejeita quem quer. Mas associar isto a uma campanha ao serviço de taras pedófilas? Sob a argumentação de que os putos desatam a aceitar convites de amizade enviados por gente de feições animadas? E eu, aqui, tão orgulhosa da minha turma que continuo incapaz de carregar de negro um movimento tão colorido. Será ‘loirice’ minha, ou a preocupação não deveria estar na hipótese de os putos aceitarem convites de gente estranha? Manipular a imagem que serve de apresentação a um perfil é tão fácil, mas tão, tão, fácil que não vejo o interesse de embonecar tudo e todos. Até porque, digo eu, desta forma torna-se um bocado mais complicado para os predadores seleccionarem as suas presas. Mas isto sou eu, na inocência dos meus 31 anos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Aos 70 e poucos minutos...

...de duelo ibérico, tenho de postar isto: Há ESTÁDIOS FELIZES.

Toda a verdade sobre uma grande obra


O tempo que passou desde a publicação do texto até me chegar a mensagem dava pelo menos para mais uma leitura. Talvez tenha sido assim: a senhora Franco viu naquela legenda uma sugestão literária e decidiu segui-la. Uns belos dias depois não resistiu a fotocopiar a página do artigo que continha a fracturante legenda, devolvendo-me, pelo correio não electrónico, o que ela terá recebido como uma recomendação de leitura. «Leia o livro», ordena-me a senhora Franco, ignorando tratar-se de uma das minhas obras de eleição de sempre. E eu, que li e reli os Maias, que amo Eça de paixão e que cresci convencida de que o Carlos da Maia e a Maria Eduarda eram irmãos, que aí morava o dramalhão do Ramalhete, eu, logo eu, parece que afinal tenho de ler o livro como manda a senhora Franco para perceber que ambos não eram irmãos. Sim, é falso, escreve-me a senhora Franco antes de me mandar ler o livro. «Carlos e Maria Eduarda não são irmãos. Maria Eduarda é a mãe».

E o próximo maluquinho, quem vai ser?

Ainda Angola?

A coisa tem-se manifestado com a devida solenidade de época. Eu, que andava há anos sem saber o que é uma verdadeira constipação, eu, que andava há anos sem bater o dente à primeira descida mais acentuada dos termómetros, eu, que só em dias de avisos meteorológicos especiais rogava pelo aquecimento de serviço, eu, que com o tempo me fui desfazendo dos agasalhos mais pesados, eu, que no fundo já estava perfeitamente climatizada à temporada de chuva e frio europeias, só tenho suportado este Outono com a ajuda de mantas, chás e mais mantas Serão efeitos de um último Inverno sem Inverno? Enquanto discorro sobre isto, a grande molha de sábado, carinhosamente aconchegada nas bancadas de domingo, continua a congestionar-me a respiração. Saúde!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Antena emocional

É uma segurança inexplicável. Bato o olho na parelha e pimba. Sempre que capto uma ligação, mais tarde ou mais cedo a bendita confirma-se. Por isso vai não vai, não resisto em depositar algum crédito na convicção que tive em tempos que não foram os mais recentes.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ora, digam lá...

E depois das manifestações de júbilo da noite de ontem, do dia e da tarde de hoje, eis que o silêncio voltou a imperar na zona balnear da segunda circular. Hã? O quê? Não ouço!

Modernices #1

No café de todos os dias a caminho do trabalho:


Cliente: «Se faz favor, pode-me indicar o preço de…»
Empregada: «Precisa de um cartão. Tem de pedir um cartão à entrada»
Cliente: «Importa-se de me dizer quanto custa?»
Empregada. «Vai precisar do cartão».
Cliente: «Só se tiver dinheiro para pagar, mas se não me disser o preço continuarei sem saber».

Moral do diálogo: quanto mais canais temos menos comunicamos. E infelizmente não estou a falar de televisão.

domingo, 7 de novembro de 2010

Para lá da imagem

No jantar de uma das quintas-feiras que se fizeram de culto, ele, fotógrafo, pergunta se eles, marido e mulher, continuam casados. Estranha-se a dúvida, mas antes de maiores especulações, a explicação dele ouve-se sem demora. «Vi uma foto da festa e fiquei com a sensação de que alguma coisa não estava bem». Confesso-me impressionada com a sensibilidade, dou o devido crédito aos cliques de profissão, distraio-me dias e dias do assunto e agora, ao olhar para a imagem, vejo nas ondas, nas nuvens e na areia um estranho presente.

Má evidência

Estou feita num 8 + 2.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Palpitações

Assim do nada, com os ouvidos musicalmente entretidos e os pensamentos esvoaçantes pelo pé das letras, a imagem desestabiliza-me o ritmo cardíaco, deixando um passado que em tantos momentos assumo arrumado esgueirar-se pelo presente, e instalar-se incomodamente, sobressaltando o futuro.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Hein?

Os pais, encostados às suas máquinas de condução, esperam pelo filhos, ainda crianças, à porta da escola. Ouve-se o toque que assumo ser o de saída, começa a correria ao encontro dos abraços e, já no remate da feliz acção, quando sobra apenas um miúdo que, lado a lado com o que deve ser uma professora ou auxiliar, encaminha-se para um homem de barba feita. Todos sorriem, sorriem e sorriem, até que nos chega a grande cena: o pirralho pira-se e a sua acompanhante, de cabecinha loira, aconchega-se nos braços do meio barbudo perante uma plateia de olhares que, de repente, perdem a felicidade do momento familiar e ganham uma expressão de inveja. Afinal, que adulto, para usar a linguagem da coisa, é que no seu perfeito juízo prefere os filhos a uma loirinha acoplada a um carro novinho em folha? E a frase? «O bom de ser adulto é que podemos fazer as nossas próprias escolhas». E depois? Uns sentem-se miseráveis porque optaram pela descendência e o outro exultante por se ficar pelo carro e a loira? Mas quem é que compra mensagens publicitárias destas?

Ventos de Novembro


Sopra-me que um mês que começa assim, começa bem.

Hoje

Chegou mais uma cunhada. Que é como quem diz alguém com cunha para a entrada.