terça-feira, 24 de junho de 2008

Cemitério de letras






Os erros de português irritam-me. Sobretudo por se multiplicarem em Portugal e por serem transmitidos pelos próprios portugueses. Ainda vou dando uns descontos à oralidade (inclusive a mim própria), mas custa-me aceitar que a escrita circule com tantos abatimentos ortográficos. Gigas deles nos meus emails: o ‘HÁ’ amputado do H, os cedilhados a obstruírem as sílabas CE e CI, os E’s carregados de I´s, os X’s substituídos por S’s.



Todos erros de português de gente que, se não nasceu, cresceu e vive em Portugal. Gente escolarizada que se assume familiarizada com as novas tecnologias, mas que desconhece a existência de um corrector ortográfico. Talvez por ignorar sequer a noção de ortografia.
Não me espanta. Afinal, no 12.º ano cheguei a ter uma colega (entretanto mais uma licenciada) que confundia o verbo crescer com o substantivo creche!!! Não me espanta, mas irrita-me. Sobretudo porque os sucessivos e abundantes erros da minha ex-colega nem sequer lhe valiam o chumbo a língua portuguesa. E isto numa altura em que os testes de português ainda eram testes. O que esperar agora?



Enquanto se prolongam as discussões sobre os facilitismos dos exames de Português e de Matemática do 12.º ano, só me vem à cabeça a última prova de aferição de Língua Portuguesa do 6.º ano.
Para quem não ainda não leu, segue-se o anúncio que serviu de arranque àquele exame: «Venho cachorro épagneul-breton puro, nascido a 07MAR07, branco e castanho. Linha francesa. Excelente para caça ou companhia. Entregue com vacinas e desparatisações actualizadas. Contactar Canil Municipal de Évora».



Perguntaram os avaliadores: «Qual a intenção de quem colocou o anúncio?». Não fosse a questão baralhar miúdos que têm pelo menos 11 anos, o enunciado ofereceu as seguintes hipóteses:
Apresentar-se como criador de raça;
Conseguir comprador para um cachorro;
Elogiar as qualidades do cachorro;
Divulgar o trabalho do Canil Municipal de Évora.

Palavras para quê? Façam-se cruzes e mande-se o português para a cova!

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