sexta-feira, 20 de junho de 2008

Eu e o Pepe




Portugal eliminado. Intervalo nas discussões. Fim das insistentes convocatórias para encontros de 90 minutos de ‘euroforia’. Sem Brasil por força da geografia, e sem Rio Ferdinand, por força de uma eliminação esteticamente condenável, sobrou-me…o Pepe.


Brazuca enraizado até aos 17 anos, ‘encontrou-se’ em Portugal através do futebol. Entre fintas, chutou para canto os piores prognósticos de sonhos perdidos de sol a sol, e descobriu o caminho milionário de uma das melhores ligas europeias. Agora canta vitória, enquanto agita a bandeira lusitana, ignora o estandarte canarinho, e suscita uma reedição do famoso brado heróico e retumbante, celebrizado nas margens plácidas do Ipiranga. Desta vez, sem «o sol da liberdade em raios fúlgidos», o que brilha «no céu da pátria nesse instante» é o reflexo de seculares vaidades nacionalistas.


Pepe é ingrato e Pepe é traidor. Simplesmente porque Pepe exibe orgulhoso a sua portugalidade adquirida e afasta qualquer ligação ao escrete, afirmando-se indiferente à busca brasileira por um lugar no Mundial de 2010.


Verdade? Conveniência?
Naturalidade é terra, nacionalidade é solo, pátria é afecto. Mas não falta quem insista em exigir uma justificação racional de um intransmissível «sense of belonging together».

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