sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ele e ela





Ele fazia o género bad boy, aligeirado por um fashion look desfilado entre o casual e o radical. Ela dedicava-se ao disfarce, mascarando qualquer acesso de timidez inconveniente. Ele era vizinho de uma ex-colega dela e andava sempre acoplado de gajas, à época tratadas por miúdas. Ela subia às nuvens de cada vez que o via.



Ele chumbou, ela passou, e, de repente, a diferença de um ano que lhes distanciava os nascimentos começou a esbater-se. Nunca mais acabavam as férias…Ela esperou, desesperou e até rezou. Rezou, desesperou, esperou. Valeu-lhe nada porque continuavam separados. Inconformada, ela explorou ziguezagues de possibilidades até conquistar o destino deles. Juntos, perceberam afinidades improváveis e descodificaram sentimentos indecifráveis.



Num momento corria ele, noutros ‘sprintava’ ela, e, lado a lado, construíam uma insubstituível caixa de velocidades. Sem acidentes graves, desviaram-se por anos que não passaram de momentos, e, consumaram, em sucessivos reencontros, acertos cada vez mais afinados. Quarta-feira, 17 anos vividos desde o primeiro acto, ele apareceu-lhe empenhado em repetir a história, ela desapareceu-lhe interessada em estrear novas histórias. Mas ele confia no telemóvel para dar a volta ao texto.

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