domingo, 23 de junho de 2013

No metro


Entrou uma estação depois da minha. Rasta loura pelos ombros, pernas atléticas pronunciadas pelos calções azuis, t-shirt branca, barba à moda dos Óscares – que é como quem diz na medida sexy da coisa –, cores de quem acaba de suar as estopinhas, e tudo isto na minha visão frontal de fim de tarde de domingo. Fixo o olhar, não consigo deixar de fixar o olhar, ele repara, devolve a fixação e, a partir do andar dele, fixamente aproximamo-nos.

Ele senta-se num dos quatro lugares da esquerda, eu estou sentada num dos quatro lugares da direita, e, na mesma fila, ficamos os dois com os olhares perfeitamente alinhados.

Mira daqui, gala dali, vergonha de cá, pressão de lá, P.Diddy no iPod e...caramba... mia-miau que o gajo é mesmo gato. Sinto-me despedida com a intensidade visual, mexo na mala, remexo as mãos, brinco com o anel, olho para o lado, mentalmente assobio para cima e...quando estou a um passo de explodir de tanta adrenalina, ele levanta-se, os nossos olhares colam-se perturbadoramente, e...lá vai ele. Saiu uma estação antes da minha.

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