terça-feira, 7 de julho de 2009

De repente, os 30



O ano 2000 é que era. Influenciada por cenários ficcionados, imaginava-o largamente robotizado. Não um robotizado perverso - que à época imperavam esperanças de infância - mas um robotizado benfeitor, do tipo que permitiria salvar mais vidas nos hospitais ou aliviar mais mulheres de nulidades domésticas.

O ano 2000, calculava eu, iria amadurecer as experiências dos meus 21 anos, idade que aos 7 ou 8 anos apenas conseguia projectar como a um planeta distanciado. Imaginava tudo isto enquanto escalava montes de areia de construções vizinhas, desequilibrava-me de bicicleta ou explorava curvas e sinuosidades no duro assento de um carrinho de rolamentos.

Entre brincadeiras, fui imaginando, experimentando, aprendendo e crescendo. Saltando à corda e ao elástico, treinando pinos e toda a sorte de acrobacias, jogando à macaca e ao berlinde, improvisando casas e refeições com os desperdícios da rua …positivamente vivendo, experimentando, aprendendo e crescendo.

Cumpri a escola primária em dois vilarejos, concluí o ciclo na mesma localidade, dividi o secundário por duas cidades e acabei numa universidade da capital. Na leva das transições fiz e desfiz amizades, despertei para os amores e os desamores, submergi e emergi de tempestades familiares e, entre ilusões, desilusões e realizações, completei o crescimento de uma infância e uma adolescência.

O ano 2000 já era quando chegou a aterradora notícia das Twin Towers, e quando finalmente atingi o final dos primeiros quatro anos de um percurso que insisto em manter aberto a uma pós-graduação ou a um mestrado.

Afinal, o ano 2000 passava muito ao lado de tudo o que a minha infância tinha imaginado, mas continuava a conservar intocáveis as minhas projecções de vida. Nove anos depois do ano tal e 30 anos depois do meu ano zero, orgulho-me de manter bem delineado o principal sentido do meu destino: explorar o amor em todas as suas direcções.

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