sábado, 19 de dezembro de 2009

A mensagem

Conheci-o ainda nas minhas curtas férias de Verão (tão curtas que o soleil ainda me deve três semanitas na boa vai ela). Recém-chegada dos excessos excessivos de Ibiza (jamais trocarei um approach de sedução por manobras explícitas de engate), retomo a tradição das ladies nights, ainda que em companhia inesperada.

Amiga Paulinha de férias, euzinha de volta ao circuito lisboeta, novidades de parte a parte na troca das nossas bagagens, aquela caipirinha de arranque no Bairro dos nossos bons costumes, et voilà. W para começar, Plateau para continuar e, algures na noite, um José para me tentar. Sem disposição para coboiadas, mas sempre animada para uns passos de dança e de conversa, lembro-me de não ter registado quase nada da conversa. Mais do mesmo, mais do mesmo, muito diferente daquele tal que me fez elevar a fasquia e disparar o coração.

Já de saída, nada faço para me desviar de um selinho de momento, mas recuso digitar o meu número no telemóvel dele. Pouco depois via-me a promover os instantes que me deveriam ter distanciado em definitivo dele, mas que acabaram por me fazer guardar o meu cruzamento com ele. O José não desarmou quando o desafiei a decorar o meu 96. Pelo contrário, olhou fundo nos meus olhos e um ou dois dias depois enviava-me a mensagem daquela desconcertante memorização. Respondi sem hesitar e sem esconder o meu espanto, mas como nunca obtive retorno convenci-me de que havia ali mais qualquer coisa. Uma namorada recuperada, uma não-namorada desencantada, um distúrbio comportamental, alguma coisa havia de ser.

Passaram-se os meses, aqui há tempos tropecei no número dele e decidi mandar-lhe uma sms, livre de segundas ou terceiras intenções. Mas, de novo, vi os meus impulsos de comunicação serem travados por um estranho silêncio, ontem por fim quebrado. Através de uma mensagem de um número entretanto extraviado, ele pede desculpas pelo desaparecimento, justifica-se com uma mudança para França, e comunica-me a vontade de estar comigo no regresso a Lisboa. E eu mais e mais convencida de que o José nasceu mesmo para me surpreender.

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