terça-feira, 23 de junho de 2009

Frases mal feitas



Desde que me lembro de ouvir que tenho a expressão agarrada aos meus ouvidos. Não num qualquer sentido obsessivo, mas antes numa óptica puramente involuntária: tal como as músicas, também algumas frases feitas conseguem accionar em mim um modo de gravação automática. Acabam então por ficar registadas no meu processador encefálico mesmo sem terem um significado especial para mim e mesmo sem que eu alguma vez tenha pensado demoradamente nelas.

Recordo-me apenas de ouvir a expressão impreterivelmente associada a histórias de infortúnio. Podia ser um namoro enjeitado, um noivado desfeito, uma solteirice crónica ou uma desenchabidice aguda. Basicamente podia ser qualquer desgraceira pegada desde que arrastasse um fracasso pessoal exclusivamente feminino (como se a maioria destes fracassos não fossem conjuntos!).

Podia ser mas não é. Por mais que os namoros não vinguem, por muito que os noivados se rompam, e por mais que as eternas solteiras e desenchabidas se perpetuem, só quem nunca viveu a sorte de ser tio ou tia consegue ver nisso uma ponta que seja de frustração. Como fui tia antes de ser mãe mas já depois de saber que quero ser mãe, garanto - mesmo sem perceber qualquer indício de que realmente posso vir a ser mãe - que a experiência transborda-me de realizações. Tantas que afianço sob compromisso da minha felicidade que se ficar para tia ficarei bem entregue às adoradas sobrinhas* que a vida já me ofereceu.


*a Leonor fez três meses hoje e a Luana faz 10 anos a 25 de Novembro

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