segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Portugal dos pequeninos II




Lisboa está na moda. Mais do que ouvir dizer, leio-o. Mas sempre naquele signo clássico da imprensa escrita que é o do carneiro. Meaning? Basta a primeira publicação de referência lembrar-se de acrescentar à capital da tuga um ‘must go’ para nascer um rebanho empenhado em esgotar o filão do imperdível.

Acho que sim. Continuem a dizer e a escrever que Lisbon deserves a visit. Afinal, it’s a bargain! Uma verdadeira pechincha para as carteiras decentemente remuneradas. Venham de lá os turistas, então. Convém é que tragam a lição bem estudada, porque isto das modas tem tanto de soberbo como de soberba. Venham de lá, mas venham preparados para o soberbo legado de uma história há muito arquivada, sem se deixarem inebriar pelos assombros do passado. É a prudência mínima de quem ao virar da noite arrisca-se a ver a soberba cair-lhe em cima.

Eu que sendo estrangeira estou longe de ser turista, admito a minha total incapacidade para ‘dançar’ o triste fado desta terra. País desenvolvido? Talvez sim, porque os critérios de desenvolvimento da humanidade tendem a nivelar-se por baixo e nunca por cima. Agora país evoluído? Talvez não. Melhor: nope! Eu que já andei por Madrid, Barcelona, Los Angeles, Berlim, Munique, Londres e Paris, garanto que o burgo de cá está a muitos e muitos países da evolução. E a diferença não se mede apenas pelo estilo e qualidade de vida. A diferença evidencia-se nas atitudes, tão bem caricaturadas por essa night adentro.

Só vivendo! Mesmo quando estou convencida que já vivi de tudo - da bela da festa que se privatiza à chegada de personas à vista desarmadas, à indecente exorbitância que se cobra à vontade do porteiro - lá vem a bela da tuguice para me surpreender.Então não é que o Lux, tantas vezes bem referenciado com uma late night disco, só permite entradas até às 5h30?

Perceberia aí alguma lógica se fosse essa a hora de encerramento. Agora chegar ao espaço às 5h40, ver gente a sair, saber que a coisa lá dentro está aliviada de lotação, ter a certeza de que a noite ainda rende pelo menos duas horas, estar disposta a gastar no mínimo os 12 euros da entrada, encontrar mais pessoal disposto ao mesmo, explicar que tenho gente amiga à minha espera, e receber em troca um autocrático: «São as regras da casa!». Please! Depois venham falar-me de crise.

Sem comentários:

Enviar um comentário