sexta-feira, 22 de maio de 2009

Almas deste mundo

Paro num quiosque. Procuro um polícia. Interpelo o transeunte que esteja mais a jeito. Pelo menos uma destas preciosas paragens de orientação guiam os meus passos por esse mundão de ruas que os meus sentidos tantas vezes se revelam incapazes de situar.

Neste meu recorrente esforço de localização, habituei-me a medir os estados das almas que cruzam os meus caminhos. É por isso na qualidade de barómetro espiritual que o assevero: vagueiam por aí muitas almas atormentadas. A de hoje assombrou-me assim:

Eu (depois de um bem disposto boa tarde) - Sabe dizer-me se a Av. Defensores de Chaves é sempre a descer ou se tenho de virar aqui?

Alma atormentada (sem a menor das intenções de dissimular a má vontade) - Acho que é a descer, mas pergunte a alguém.

Como não se vislumbrava 'alguém', ficou claro para mim que aquela era a melhor indicação que a alma me poderia dar. Não sobre a direcção que me baralhava os sentidos, mas sim sobre si própria: pensava eu que estava a falar com alguém quando, de repente, apercebi-me que estava apenas a chatear ninguém.

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