
Ele sabia-me bem. Nas conversas de interesses ajustados e inesgotáveis. Nos encontros de afinidades e intimidades. Na partilha de entrosadas esperanças. No fortalecer de inabaláveis confianças.
Até nos desacertos ele sabia-me bem.
Na dureza de um mal-entendido. Nos obstáculos das irreflexões. Na quebra de algumas combinações. Ele sabia-me bem e sabia-me bem sabê-lo bem.
Num saborear sempre intenso de tudo nele, os anos amadureceram as conversas, os interesses, as afinidades e as intimidades, acabando, a seu tempo, por colher-me d’ele.
Hoje, meses depois de um improvável reencontro nocturno que me soube bem mas no qual ele não me soube a nada, vi-me de novo a saboreá-lo. Por telemóvel, tocado ao engano de um primeiro nome tomado por outro de apelido igual, ele entranhou-se na minha manhã.
Conversa pouca, ao jeito da circunstância, mas uma certeza muita: faça a vida o que fizer das nossas vidas ele nunca deixará de saber-me bem. Porque os melhores sabores ficam para sempre.
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