segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

‘Atipicamente’ feminina?







De cada vez que começo a ler um texto engatado sob a premissa «todas as mulheres», ou «não há mulher que», deparo-me com enormes dificuldades em reconhecer o meu espaço no universo feminino. Porque ontem foi um desses dias, segue o meu contributo para contrariar algumas das mais irritantes presunções generalistas.


Malas
Grandes, médias ou pequenas, são incapazes de me despertar paixões. Por isso, uso-as com a mesma devoção com que transporto um guarda-chuva: dão-me jeito.


Sapatos
Três pares apenas, comprados à medida de códigos protocolares. Montras atrás de montras, sapatarias atrás de sapatarias…ainda busco o par que me vai deixar de olho cheio.


Saltos altos
Dos três pares, um só me eleva a altura. Andanças de quem sempre se deixou levar por uns cómodos ténis, entretanto substituídos pela tardiamente intensificada produção de botas rés-do-chão.


Revistas femininas
Totalmente dispensáveis, a menos que tragam um brinde que venha mesmo a calhar. Também me convencem se estiverem nas bancas apetrechadas de vouchers que me aliviem o encargo de certos mimos.


Ginásios
Era do tipo de me baldar às aulas de Educação Física até ficar tapada. Hoje sou do tipo de continuar parada (contexto exclusivamente desportivo, sublinhe-se), a menos que o exercício (exclusivamente desportivo, volte a sublinhar-se) se liberte de portas.


Futebol
Gostar a ponto de, há quase três anos, ter ido à maluca para um Mundial. Ou gostar a ponto de, há 15 anos, me ter feito sócia do Glorioso.


Peso
Umas vezes mais pesada, outras menos, mas sempre sem obsessões com os ponteiros da balança. Pelo menos enquanto a genética não começar a cobrar-me os excessos.


Novelas
O par romântico, a bela da trilha sonora. Diálogos reais, cenas bem esgrimidas. Sim. Adoro uma boa novela Global, sobretudo se criadas pelo Maneco e pelo Gilberto Braga (inesquecível Vale Tudo). Mas estou muito longe de papar todas. Aliás, os esboços noveleiros que por cá se fazem nem no zapping me apanham.


Produção
Gosto de maquilhagem (especialmente útil para contornar a minha ausência de sobrancelhas), perco-me por vestidos, mas há dias e sobretudo noites em que dispenso dar uma incrementada no visual. Agora entrar em guerra com o guarda-vestidos por causa disso? Visto o primeiro trapinho que me caiba em cima e lá vou eu.


Chocolate
Ainda me vejo salivar por uma sombrinha Regina de antigamente (as de agora não me convencem)... Afinal, desde que me conheço por mastigadora que tenho no chocolate uma perdição total. Não por obra de um qualquer ataque de carência afectiva, mas por me saber divinalmente bem. E pronto: ponto final parágrafo.

Sem comentários:

Enviar um comentário