quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Telefonema de partida




Tenho bem presente o dia já bem passado em que a boa notícia quase me fez enlouquecer. Vinda por telemóvel, chamava-me de um número que não consegui identificar. Atendi meio esgazeada, enquanto tentava desacelerar o meu já habitual passo de corrida, naquele início de tarde desencaminhado para as confusões da Baixa lisboeta. «Estou?»


Do outro lado, uma voz feminina confirmava a minha identidade segundos antes de revelar a sua própria identidade. «Ah!», reconheci por fim, colando um cordial «Olá, tudo bem?» à interjeição. Num tom menos formal do que aquele que, tempos atrás, eu havia percebido nela, a voz feminina perguntava-me pelo que andava a fazer, e espantava-se pelo nada que eu tinha para conceber.


«Nenhuma proposta?» Repetia eu que nada. Nadica de nada. Num tom que me soava cada vez mais informal, a voz quis saber da minha disponibilidade para maiores conversas. «Amanhã?». Assim foi. Já frente-a-frente, num 'aquário' que à distância nunca me parecera tão intimidante, a voz feminina tentava libertar-me dos nervos que nem a muito custo eu conseguia travar.


Nervosa, porém imensamente feliz, aceitei sem pestanejar aquele que ainda hoje ocupa o pódio das minhas pequenas grandes realizações: o trabalho sobre os primeiros 100 anos do Benfica.
Muitas outras empreitadas seguiram-se e espero que muitas outras ainda estejam para vir. Mas, venha o que vier e haja o que houver, o 7 de Janeiro de 2004 terá sempre uma importância única. Por isso, ao sétimo dia de cada ano faço questão de reviver o que senti com o telefonema e a proposta da Cláudia.

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